domingo, 31 de agosto de 2014

SETEMBRO DE UM ANO QUALQUER!


 Imagem - Helen Schlegel
Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art


SETEMBRO DE UM ANO QUALQUER! 


Setembro de um ano qualquer 
É sempre o majestoso nono mês; 
Grávido ao luar e repleto de ser, 
Que a bem parecer é mui mais que um mês! 

É o Outono a desfolhar pétalas 
Das demais flores, aos verdes campos 
Segue o rumo ocre e demais aguarelas 
Que pintam o ano em cálices que amamos! 

São as chuvas miúdas que ao ligeiro embate 
Segregam a abençoada essência, veste 
Vitral enraizada à terra a prometer 
Que será primavera um ano qualquer! 

E, somos Setembro pelo ano que quer 
Ser mui mais que um ano, é vida a ser; 
Um mundo a conhecer, o que amamos, 
Setembro de um ano qualquer! 

® RÓ MAR 

sábado, 30 de agosto de 2014

DESALENTO


DESALENTO


Meu frágil coração anda doente!
Minh’alma chora: triste, desalenta...
No revoltado olhar: visão sangrenta,
Que desilude e ofende qualquer mente!

A humanidade hoje é mais violenta!
Fala de paz e amor cinicamente…
Fabrica e fornece armas, consciente,
De que na morte alheia se sustenta…

Compreensão, diálogo, rigor?
Em causa estão interesses materiais
E fundamentalismos sem valor…

Venham mentalidades sãs, iguais!
Que as guerras sejam feitas com amor
E os humanos se tornem fraternais!...

José Manuel Cabrita Neves

A TI ÁRVORE


A ti Árvore


 Que a árvore dê sempre frutos
Numa Aliança inalienável
Almas vagueiam em seu redor... muitos
Espíritos sem cor permanecem de forma indisputável.

Árvore, fonte da vida concebida sem pecado
Destes o fruto à humanidade
Alimento adverso num sonho acordado
Afinal tiras a fome e mostras te a verdade

Árvore Sagrada suspensa entre o tempo
Suavemente te deixas embalar na aragem do vento
A tua beleza e luz ofusca lentamente
E a humanidade acolhe te complacente

Árvore amiga que me aconchegaste com a tua sombra
Com o teu ar compadecido amparaste a minha dor
A agonia suportada cheirava como uma onda
Mas não o aroma do mar... no meu peito agitador

Obrigada
Árvore excelsa por te unires a mim
Naqueles dias em Dezembro, abominável caos
Com os teus ramos amparaste minhas lágrimas de jasmim
A ti, estendo neste momento as minhas mãos!

A ti, ocultamente obstinada
Agradeço o místico encanto por mim sentido
Naqueles dias em Dezembro... alienada
Se não fosses tu... oh, Árvore!... estava perdida!

 Áurea Justo
 

FINAL DE CAMINHADA


FINAL DE CAMINHADA


Onde vives cabeça de vento
De ideias tão fragilizadas
Talvez tenha algum neurónio lento
De cansaço e dores passadas,

É assim que me estou sentindo
De coração e cabeça cansada
Talvez esteja pressentindo ,
Que estou no final da caminhada.

Sentindo cada espinho bem vincado
Na alma e no coração tão marcado
Por esta saudade avassaladora,

Foi meu peito tão esventrado
Por eu sempre, ter muito amado
Que não esqueço, aquela morte traidora,

JOANA RODRIGUES

SABER DESFRUTAR A VIDA


SABER DESFRUTAR A VIDA


Não me preocupo viver pouco ou demasiado.
A vida faz cálculos e tem tempo determinado.
Quero viver sem uma preocupação desmedida.
No entanto interrogo-me quando será a partida?
Por muito que queira nunca estarei preparada
há sempre uma ou outra aresta a ser limada.

Quanto tempo de vida mais me restará?
Não sei !!! nem sequer o tempo me dirá.
Porém sei que algumas falhas eu cometi.
Certamente algumas pessoas eu desiludi.
Quero pedir perdão a quem ainda não pedi.

Quanto tempo de vida mais me sobejará?
Não tenho ideia e o tempo não me informará.
Tantas palavras que ficaram por esclarecer
e tanto que ficou evidentemente por dizer.
Conseguisse eu dizer tudo o que eu sinto
Se disser que agora estou tranquila... minto!

Quanto tempo de vida mais me sobrará?
desconheço! e o tempo não me anunciará.
Carinhos que ficaram camuflados em mim.
Que me interrogo porquê que eu sou assim!
Gostaria de dar aquele abraço que desejei
a quem por timidez ou estupidez não abracei.

Quanto tempo de vida mais para mim ficará?
ignoro a data... e o tempo não me comunicará
Aprendi que tudo na vida tem possível solução
Saber ultrapassar dificuldades eis a questão!
Há que amar as pessoas enquanto estão perto
Só que de facto deixei escapar o momento certo.

Aurora M.F.C. Martins Afonso

JOSÉ - O SEM ABRIGO


JOSÉ - O SEM ABRIGO


Tu José vagueias por entre uma multidão.
Sei que nas ruas sentes o peso da solidão
Perdido tu vagueias envolto em desgraça
Implorando esmola... a quem por ti passa.

Até a tua própria identidade a perdeste.
Se perguntar teu sobrenome...esqueceste.
Teus dados se foram perdendo lentamente
Agora.. chamas-te Jose, José simplesmente.

Finalmente hoje vai ser um dia diferente.
Toda a praça irá ficar repleta de gente.
Hoje... é o dia dos sem abrigo em Portugal.
Para todos vai ser um dia muito especial.

Hoje... a caridade é rainha por uma hora.
Muitos sem abrigo se juntarão sem demora.
Já se vê muita agitação. A festa vai começar.
Todos querem chegar às mesas em 1º lugar.

Pisam-se... e atropelam-se sem cuidados.
Não admira... eles estão todos esfomeados.
José está feliz. Até esqueceu sua condição.
Hoje... não vai ser preciso estender a mão.

A noite chegou. Esfriou, e a festa acabou.
Muito comeram muito beberam, nada sobrou.
Embevecido José não quer do sonho acordar.
Procura então a chave da porta para entrar.

Mas não existe.. só paredes para se encostar.
Mais uma noite ao relento... fica a meditar. 
Olha o firmamento vê as estrelas a cintilar.
Nunca prestara atenção, nem as sabia apreciar.

Está feliz, de noite tem o céu para contemplar
De dia... tem os passeios da rua para passear.
E diz : - sem amarras, que homem livre eu sou
Dentro de mim há uma alma que ainda não secou.

Aurora M. F. C. Martins Afonso

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CAMINHO DE TRÉGUAS É LUZ FUTURA...


Imagem – Bellissime Immagini


CAMINHO DE TRÉGUAS É LUZ FUTURA...



Caminho de tréguas é luz futura...
Pela estrada vêem-se almas e corações
Que lutam pelo mesmo ideal e perdura
Vida salutar pelas demais nações.

Mãos divinas que têm o brilho a olhar
As vidas e suas civilizações,
Ciranda que efloresce ao palmilhar
Trocas de amor a todos os corações.

Momentos que inventam tanta manhã,
Libertam tantos sorrisos quantos
desejos pendentes pelos pensamentos.

Vêem-se ruas cobertas por gente irmã,
As que ousaram estender a mão em tempos
São agora alabastros de todos os tempos.

® RÓ MAR

terça-feira, 26 de agosto de 2014

SAUDADE


“SAUDADE”


Como deve ser longo o caminho
Até à estrela que está lá no céu!
Para a ver cintilar um bocadinho,
Há quantos milénios que nasceu.

Talvez até já se tenha extinguido
Lá no azul longínquo firmamento;
E agora sua luz tenha ressurgido
Nos meus olhos, no pensamento.

Em vida, minha estrela apreciava;
Agora está morta, vejo-a a brilhar,
Nesta hora vejo-a, sem já lá estar!

Tal como pessoas que gostava
E já partiram para a eternidade,
Vejo agora sua luz, é a saudade!

RECANTO DOS SONHOS


RECANTO DOS SONHOS


Feliz recanto encantado de sabedoria a entender
Segundo pensou Homero paciência para fazer
Bem ao pé do Ipê florido onde o olhar marejava
Soavam longos suspiros pobre peito soluçava 
Lá o Viver é gostoso, laços fortes destemidos
Sensatez é bem precioso livre de amor bandido
Na lei da sabedoria uns tem dons outros razão
Discernimento do tudo implica em ter coração
Sepulcro dos candelabros a evaporar tristezas
As almas que o habitavam reverenciaram certezas
E assim é o destino outros caminhos virão
Na cabana dos meus sonhos chaminés fumegarão
Volto trazendo sorrisos porque aqui fui feliz
Sentarei na sua varanda, sossego que sempre quis
Sabedoria de vida é o tempo com fé levar
E na cabana da sorte viver amar e amar.

Elair Cabral

TERRA DE NINGUÉM


TERRA DE NINGUÉM


Na terra chamada de ninguém
de onde toda a discórdia provém
Os belos sorrisos se bloquearam,
As lágrimas nos rostos secaram,
Os olhos esses perderam a cor
os abraços perderam o sabor
Só porque a paz um dia se sumiu.
Partiu...e ninguém mais a viu...

Grandes vagas de temporais
e aqueles fortes vendavais
entupiram o coração humano.
Provocando-lhe sério dano.
Parte das feridas ficaram abertas
com pensos de tristeza cobertas.
A alegria de luto toda se vestiu,
e a felicidade se extinguiu.

Mas eis que a paz de novo voltou.
E o cenário daquela terra mudou.
A terra foi para a posse do amor
Que passou a ser seu benfeitor.
Os rostos ganharam mais cor
Os sorrisos se desbloquearam
as mãos unidas se apertaram
As lágrimas não mais se verteram
porque os olhos as prenderam.

Agora só lágrimas de alegria em quantidade.
A alegria despiu o luto e se vestiu de felicidade.

Aurora M.F.C. Martins Afonso

domingo, 24 de agosto de 2014

HUMANAS ÁRVORES


HUMANAS ÁRVORES


Deixe que me apresente! Meu nome é Lalá! Sou estudiosa, geniosa, inteligente, amiga e amo brincar! Tenho um amigo... amigo de verdade que me defende, cuida de mim e faz-me feliz! Esse amigo se chama Pedrinho. Ele gosta muito de jogar Vídeo game e tem muitos amiguinhos! Um dia desses encilhamos os cavalos e saímos a cavalgar pelo sítio do meu pai, galopando pelas estradas, recebendo o carinho do vento e respirando cheiro de mato até chegarmos ao pé de uma enorme colina coberta pela mão prendada de Dona Flora! Apeamos e nos dirigimos para a sombra de uma gigantesca árvore. Era uma árvore centenária e, apesar das intempéries, muito verde e viçosa! Ficava ali ao pé da colina... Um arco de pedra que fora construído pela sabedoria do construtor do universo enfeitava aquela magnífica árvore. Aquele arco era, sem dúvidas, uma obra prima da mãe Natureza! Não era uma caverna, apenas um arco de pedras ornando aquela enorme maravilha. Via-se o tronco ao fundo. Pedrinho e eu encontramos esse tesouro e nos encantamos. Hipnotizados pela admiração, sentamos na grama verde, à sombra daquela lindeza e ficamos a observar e sonhar! Foram poucos segundos, pois criança não fica muito tempo quieta. Vi Pedrinho dirigindo-se para o arco de pedras e estendendo a mão em direção ao tronco da árvore que se abriu e o engoliu num relance! Apavorada joguei as tranças numa corrida louca atrás do amigo e vi-me num lugar inexplicável ao entendimento humano. Pedrinho estava ali com olhos esbugalhados e os meus quase saltaram das órbitas também! Nunca, por mais que eu viva, esquecerei aquele momento! Palavras não definirão, por isso, caro leitor, peço-te que sua imaginação aflore em fantástica criação, para o inexplicável, o jamais imaginado, enfim, a própria fantasia em cena! Vimo-nos entre o apoteótico e a incredulidade diante de um rio... Um rio que nascia da árvore, corria por alguns metros e subia em forma de véu! Uma estonteante e brilhante cachoeira toda salpicada de gotas de diamantes e fios de sol que, ao invés de cair, subia e não parava de subir... Perdia-se de vista no infinito e pudemos ver os anjos brincando na água lá em cima. Entendemos que a cachoeira levava o néctar da vida da mãe terra para o pai céu e seus divinos! Não conseguíamos acreditar e acreditando... ríamos... Um riso desconcertante e colorido pelos pincéis da emoção! Os olhares estenderam-se para os lados da cachoeira e nos deparamos com um espelho enorme de cara feia que nos chamava para si. Chegamos receosos, bem devagarinho, olhando-nos com medo, mas ao chegar pertinho do espelho tudo mudou. Nossa imagem se refletiu nele, enorme. Gigantes, sim, éramos gigantes e passamos pelo espelho como quem passa por uma porta qualquer! Dentro dele vimos a maravilha das maravilhas... As pessoas eram gigantes como nós e eram árvores. Não está acreditando, não é? Pois é isso mesmo! Eram árvores e as árvores eram pessoas... E nós... Viramos árvores também. O pior que lá vinha uma “Pessoa Árvore” para nos cortar e fazer lenha... Como correr? Não dava porque ficamos plantados sem sair do lugar sentindo a morte chegando no fio daquela moto serra destruidora! Pessoas árvores estavam devolvendo aos humanos tudo o que de mal fizeram a elas... Foi um sufoco, mas pensamos rápido e pedimos um alto falante para falarmos a todas as árvores que naquele momento eram as pessoas! Pedrinho falou de maneira emocionada e seu grito fez-se ouvir até nas Terras do Sem Fim - Humanos... Até quando no seio desta terra gestará a intimidade com a beleza, suportando em suas entranhas a mão do homem remexendo com fúria, sem respeito à natureza? Até quando reinará essa imobilidade, essa economia de ação, sem olhar o infinito, essa inércia diante do belo, essa gagueira em exprimir a preservação do que é infinitamente bonito? Até quando permanecerá essa comunhão com os sons de uma fauna em extinção? Em quanto tempo nos depararemos, diante da angústia de uma flora devastada em sua natural composição? O até quando é agora e para não nos refletirmos em olhares sem curiosidade e sem memória, busquemos o equilíbrio com as armas da coragem para vivermos o intrínseco momento com alma e mente sã e possamos dizer que nossos filhos terão amanhã... – Foi um discurso emocionado e muitas pessoas sentiram os olhos marejados... Na verdade, não conseguiam nem secar as próprias lágrimas pela condição em que se encontravam. Os aplausos soaram e a alegria voltou, mas nos fizeram prometer que não mais se cortaria uma árvore sequer, reflorestaríamos sempre e a fumaça, juntamente com a poluição de qualquer forma, seria eliminada do planeta! Foi aí que o fantástico aconteceu! Em meio àquele mundo encantado e assombroso ao mesmo tempo, uma nuvem branca desceu levemente, envolveu todo aquele lugar e ao som do coro dos anjos subiu levando tudo, deixando-nos incrédulos e extasiados ao lado de nossos cavalos que nos levaram para casa! Chegamos em silêncio, tentando absorver o surreal, real!

Elair Cabral

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

EIS A BOLA DA CONFRARIA!


Imagem - Aimer la Nature (Love the Nature)


EIS A BOLA DA CONFRARIA! 


O mundo que aparenta ser a bola 
De cristal…! A cidade iluminada 
Pelas luzes da ribalta é tanto e nada, 
Enfeites à natureza que é bela! 

As gentes que se dignam têm luz própria, 
São escassas e contam-se pelos dedos 
Os sentidos de tais riquezas!... Ledos 
Vivem as águas-furtadas, outra cria! 

O céu é um tesouro que não é diamante, 
Rico é em beleza que tal não há igual 
Sua natureza é pura estalagmite 
Que não há no mercado, surpreendente! 

Que fácil opinar sobre a matéria 
Até parece que basta fazer 
O pino e prontos!... Ó ’Santa Quitéria’ 
Livrai-nos de qualquer coisa por ser! 

O mundo que vemos é maquilhagem, 
Produto do que não queremos ver 
E de tanto que temos para fazer, 
Basta de viver em tal engrenagem! 

Que fácil opinar sobre a matéria, 
Até parece que ao estalar os dedos 
O mundo se consigna a tais segredos! 
Que Planeta!... Eis a bola da confraria! 

® RÓ MAR 

TROVAS A SÃO SEBASTIÃO


TROVAS A SÃO SEBASTIÃO 


 Tu, mártir dos tempos idos,
 Conturbados e belicosos,
 Tu, pioneiro dos decididos
 Cristãos outrora generosos…

Da Narbonense desceste
 Envolvido em mistério
 Em Milão te inscreveste
 Como cidadão do Império.

 A educação refinada
 Com sucesso extraordinário
 Deu-te uma vida folgada
 De exímio legionário.

 Diocleciano te aceitou
 Como chefe destacado
 Mas depois te rejeitou
 Por seres cristianizado.

 Grande era a perseguição
 Naquela data ocorrente
 Arguido, qualquer cristão
 Corria risco eminente.

 Tu não sentiste o temor
 Da grosseira fealdade,
 Agiste com destemor
 P´ la justiça e liberdade.

 Passaste o fel da traição
 E o ferrete da vingança
 De um Império sem razão,
 Sem cultura nem esperança.

 Teu exemplo, luz fugaz
 Mas de grande intensidade,
 Gerou sementes de paz,
 De ousadia e de verdade.

 Esse Império insensível
 Que de início te exaltou 
 De uma forma inadmissível
 Tua conduta renegou.

 Foste cravado de setas
 Resistindo intemerato
 E afrontaste noutras metas
 Aquele Poder caricato.

 Ceifaram-te a vida cedo
 Com selvagem inclemência
 Porque o Império tinha medo
 De uma onda de resistência…

Tua coragem iluminada
 De solidez meritória
 É semente abençoada
 Que renasce e faz história.

 Neste tempo, estigmatizado
 Por maldade e perdição,
 Restas tu bem-aventurado
 E Mártir São Sebastião! 

 Frassino Machado

 In ODISSEIA DA ALMA

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ESTRELAS DE AMOR


ESTRELAS DE AMOR


A luz sublime do amor docemente deu o brilho
Em folhas de verdes matas prateadas de sereno
Orvalho que sussurrou o encantador estribilho
De uma canção de ninar murmurada em tom ameno.

E o sol nasceu sorridente em ouro dourando o chão,
Pintou as gotas de orvalho com os pincéis d'alegria,
Enviou raios ardentes à mentes e corações
Na dança dos sete véus coreografou sinfonias.

A noite trouxe as estrelas para brilhar no evento
A tecer lindas cascatas de um céu em movimento,
Toque da mãe natureza acalentando os amantes,
Por fim os noivos sonharam a compor a primavera
Costurada na esperança, pontilhada de quimeras
Ornada de poesia em seus versos mais brilhantes.

Elair Cabral

À ATMOSFERA QUE VIVO E AMO AINDA


À ATMOSFERA QUE VIVO 

E AMO AINDA


Labareda de tantos universos
Cujo suas folhas, embora outonais,
Metamorfoseiam-se em tais pergaminhos
Em que ensaio escrever uns quantos versos,
À primavera de quais vendavais!

Tenho em mim todos os que são sonhos,
Quantos os joviais e ternos rebentos
Que a natureza traz em seus ventos;
Asas utópicas que voam letras que têm vida
À atmosfera que vivo e amo ainda.

® RÓ MAR

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

BRISA LÍRICA


BRISA LÍRICA

 
Pedi ao vento que levasse minha voz ao universo
Com suavidade e o encanto que ela emana chegar
e acariciar o ser humano num perfumado verso
Com entusiasmo viver e sem restrições sonhar
 
O vento levou meu canto numa sonata encantada
Eram tantas as nuances do lirismo em profusão
Que a voz ecoou nos montes ressoou pelas estradas
Chegou a matas fechadas, no fascínio da emoção
 
Foi o eco mais marcante dessa jornada empreendida
E o mundo respondeu, ao clamor da poetisa
Tolhida pelas mordaças ao seu encanto e talento
 
E em raios de sol ardentes recebeu raro troféu
O carinho de seus leitores, dádiva que vem dos céus
A poetar segue o rumo com Deus seu ameno vento...
 
Elair Cabral

domingo, 17 de agosto de 2014

QUE A PAZ E O AMOR SEJA O NOSSO NINHO


QUE A PAZ E O AMOR 

SEJAM O NOSSO NINHO


Que a paz e o amor sejam o nosso ninho;
Que tudo o que é gente seja esperança
De uma vida de silêncio e sonho
Em que o abraço à natureza é pujança.

Que o mar seja níveo e completo à areia;
Que tudo o que o coração ouse sonhar
Seja vida pela terra, ao céu lua cheia
E elo às almas que têm o dom de amar.

Que a vida seja uma magna flor de amor;
Que todos sejam sempre bem-amados;
Que a natureza seja o primeiro amor
E a beleza a riqueza de olhos brados.

Que a paz e o amor sejam o nosso ninho;
Que a vida siga pelo lago de cisnes
Em que o limiar verde-azul de vitrines
Seja olhar ao universo em que caminho.

® RÓ MAR

"NA NATUREZA ... TUDO SE TRANSFORMA"


“Na Natureza nada se cria, nada se perde:

Tudo se transforma”. 


Quando for velho e, como toda a gente,
Hei-de morrer, finar. Vão tocar os sinos…
Há-de ficar escura a hora mais luzente…
Porque é o destino de todos os destinos!

Como nada se perde, tudo se transforma,
Porventura o meu olhar deixe de ter cor,
Eventualmente minha cara perca a forma
Se calhar deixa de me doer a minha dor!

As noites caem, sobre o dia mais claro;
Ao Verão, segue o Inverno, e eu o encaro.
Quando morre uma flor, logo outra brota,

E não há princípio nem fim, é giro eterno!
Talvez um dia eu seja flor, ou algo moderno,
Raio de sol, ou até a alma de uma gaivota!

Alfredo Costa Pereira

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A VIAGEM


Imagem - Artist Lyse Marion - OpenArtGroup 



A VIAGEM


Pela busca de outro mundo viajei o ser…
Pelo infinito olhar que o absorve não há estação
Definida, nem tempo limitado! Há o contento
À natureza e têm folículos que escarpem vento.

Senti o perigo ente… o arrepio pelo ser…
Pelo infinito abraço em que o beijei
Ele sussurrou que a vida é uma passagem…
Tacteei-o num pávido silêncio magnetizando a mensagem.

Senti ao viajá-lo experiências lavradas…
Uma aventura que tem mui histórias
E tão recônditas… vidas passadas
E que a vida é o presente e outras histórias.

Senti o profundo eu que é ser e lacrimejei
Uns momentos, porém, voltei a saber
Que a vida é tudo e não vale os lamentos,
Senti que viver é todos os momentos.

Pela busca de outro mundo viajei o ser…
Que mais poderia acontecer a não ser
Recordar outras vidas!? Aconteceu e não
Só, conquistei o meu caminho enquanto ser.

® RÓ MAR

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

E, A VIDA É ISTO!


E, A VIDA É ISTO!


Uns morrem… outros nascem;
Uns festejam o nascimento,
Outros seguem rituais fúnebres;
Uns vivem a felicidade,
Alguns perdem-se pela felicidade
E há os que vivem em sua busca permanentemente.

Há risos, gargalhadas,
Lágrimas espalhadas pelo universo
No mesmo e preciso segundo, são vidas…
Vidas que vivem, que amam, que sofrem, que partem.

Vidas que são nadas e outras célebres
E, é um segundo apenas e ‘puf’…
Foi uma vida que deixou saudades!
Saudades que consolam e resta o sentido da vida!

O sentido da vida é comum a todos,
Um abraço, um carinho que faz a diferença,
E, quiçá atenua a saudade enquanto vida.

A vida é tanto, pouco ou nada…
Rios de felicidade, tochas de esperança,
E, é um segundo apenas e ‘puf’...

E, não há tempo
À última palavra, a mão esfria-se num sentimento
Que arrefece o tempo.
É tarde, resta a saudade
Que deixa a pele pela vida
E leva o abraço pela alma serena,
A paz na hora da partida…
O sorriso eterno.

O que se sabe, o que se espera, o que se leva da vida!?
Sabe-se que é vida e que é de todos,
Que nasce de nadas e termina no nada
E quiçá seja vida!?

Tenho em mente
Que vida é também este meu verso
Que é nada e tão profundo…
Quiçá reflexivo ao mundo!

E, é um segundo apenas e ‘puf’…
E, a vida é isto!

® RÓ MAR

domingo, 10 de agosto de 2014

AMAR SIMPLESMENTE


AMAR SIMPLESMENTE


Lá no alto da montanha
Entre palmeiras e jardins
Existe uma fé tamanha,
Uma fé dentro de mim.

Lá o sol nasce mais belo,
As águas são mais clarinhas;
Lá o viver é singelo
E faz-me sentir Rainha.

Meu amor e eu vivemos
Numa eterna aventura,
Tristezas nós não sofremos
Livres de conjecturas.

Bem cedinho caminhamos
Pelas gramas do arrebol,
Mar de carinho, sonhamos
Nos fios dourados de sol.

Entre sorrisos e beijos,
Fluir do amor vibrante,
Florimos nosso aconchego,
Somos felizes amantes.

Extasiados de paixão
 No Fascínio do olhar,
Felizes eternamente
Na plenitude do amar.

Elair Cabral

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NIRVANA


NIRVANA


"Vos, Águas que reconfortais,
Trazei-nos a força,
A grandeza, a alegria, a visão!
...Soberanas das maravilhas,

Regentes dos povos, as Águas!

....Vós, Águas, dai a sua plenitude
Ao remédio,
A fim de que seja uma couraça para
O meu corpo,
Que assim eu veja por muito tempo
O sol!
...Vós Águas levai daqui isto,
Este pecado, qualquer que ele seja que eu cometi,
Esta injustiça que fiz, a quem quer que seja,
Este falso juramento que proferi!"


A muitos quilómetros dali, na ribeirinha Portuense o bar Saara, encontra-se cheio aquela hora do dia.
Luana e Nuno Carlos encontraram um cantinho onde se sentaram nas almofadas marroquinas, absorvendo o aroma do Arguile.
A barriga de Luana, proeminente anuncia a vinda da filha que tanto anseiam.
...........
Uma bola de fogo incandescente agigantava-se de forma insofismável.
Instintivamente baixaram-se e Nuno tentou proteger Luana com o seu corpo.
A bola de fogo explodiu, caindo milhões de pedaços fumegantes sobre a humanidade que se encontrava de olhos postos no céu.
A explosão de fogo deu lugar a uma estranha aurora boreal que cobriu todo o espaço visível.
Nuno observou como o metro ficava estático, mesmo a meio da ponte D. Luís.
...............
Luana levantou-se devagarinho, mas a dor que sentiu foi tão forte que a obrigou a voltar à posição anterior.
........…....
Luana retorceu o rosto ao receber outra contracção.
Levou a mão ao fundo da barriga, numa tentativa de aplacar a dor...
...........
Nuno pegou em Luana ao colo e gritou no meio da multidão:
-Deixem passar, tenho uma grávida em trabalho de parto!
............
Tocou à campainha, insistentemente.
Uma idosa senhora veio abrir a porta e olhou boquiaberta para o casal que ali se deparava.
-O Félix está? - Perguntou Nuno sem demora.
-Não... O meu filho está de serviço no hospital... - começou a idosa senhora.
-Deixe-nos passar, por favor!- Interrompeu-a Nuno desesperado.- Somos amigos do Felix, e a minha esposa precisa de... usar a sua banheira!!!! Podemos???? -Perguntou Nuno aflito.
..................
Nuno encheu a banheira de água a uma temperatura de 37°c.
Quando o Saturniano acabou de despir Luana, ajudou-a a entrar na banheira.
Olhou-a sedutoramente, tentando amenizar o ambiente, embora estivesse tenso.
-Não me olhes assim!-Pediu ela sorrindo, ainda que por breves segundos.
-Não te preocupes meu amor, vai correr tudo bem, eu estou aqui! - Murmurou-lhe ao ouvido, beijando-a docemente.
A água tingiu-se de vermelho, ao primeiro contacto com o corpo de Luana.
................
De seguida despiu-se e introduziu-se na banheira ao lado da mulher que amava.
Iria ajudá-la a ter aquela criança... A sua filha Neia.
...............
O rosto da jovem estava branco em desapego total.
O que Nuno vislumbrou a seguir toldou-lhe a visão abominável.
Neia queria nascer numa posição invertida.
.............
- Não! Luana não deixes de lutar! Olha para mim! - Berrou fora de si.
..............
Luana deu um grito lancinante.
Neia saiu para a água envolta num banho de sangue.
Roxa era a cor que trazia consigo, mensageira do seu estado.
...........
O olhar parado de Luana deu a Nuno a certeza de que estava prestes a perdê-la... A sensação de ouvir uma música triste atingiu Nuno como uma força cósmica invisível, formando o absinto acanalhado da situação que se afigurava.
....
Nuno abraçou-a e sentiu-a fria como o gelo...

Áurea Justo

In Nirvana