MENINO PASTOR
Menino do alto da serra,
Pastoreia rebanho com muitos nomes
Mas, porém, todos conhece…
Como se da sua família fosse
Joga com ele a sua meninice
Azougada com balidos saltitantes
Entre ervas daninhas que bailam ao vento
Num sustento que dá vida à vida
Menino que cresce sem escola
Mas é o primeiro a chegar ao seu ensino
Sem livros cadernos sem bola
Mas ele tudo aprende para ser mestre
Olhos atentos ao que se passa em redor
Ajudado pelos pássaros que o desafiam
E o ajudam nos perigos
Que não vêm nos livros
Nem são precisos artigos
Que aprende na escola da vida
Menino que vai crescendo
Faz-se homem por vezes rude
Mas com coração meigo e doce
Que abraça um cordeiro nascido
E o transporta como se fosse um filho
Pelo seu amor parido
Menino homem cheio de rugas
De cajado feito bengala
Curvado pelos anos da vida
Mas atento aos seus meninos
Que em balidos o embala
Compreendem a sua linguagem
E o rodeiam meigamente
Para que não se sinta sozinho
No seu caminho… traçado cruelmente.
© ARIEH NATSAC