domingo, 21 de setembro de 2014

PAZ E FELICIDADE


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PAZ E FELICIDADE


Paz e felicidade são cesta de alfazema 
Recheada a amor, fragrância natureza!
O abraço mestre ao universo, gente d’alma,
Uma caricia de sorriso, beleza!

São atitude, espiga que fortalece 
O mundo, que tão circunscreve ‘esse’
Que todos querem e muitos sonham,
Arco-íris, a todas as estações amam!

No rosto, estampado de sete cores,
O espectro solar, níveo coração,
Habitat de mil emoções, amores!

No regaço, mãos serenas d’uma criança
Que traz pelo olhar verdes, esperança,
Ventos que solfejam vidas, união!

© RÓ MAR


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

PINTO-ME, PINTO-TE E TU TAMBÉM PINTAS!?


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PINTO-ME, PINTO-TE 

E TU TAMBÉM PINTAS!?


Pinto o rio, montanhas e o céu de azul
E pinto-me de verde. Vejo o céu
E beijo a lua pelas mãos que a natureza
Me deu e a terra gira nívea e florida.
Pinto-me e pinto-te com as tintas
Que a natureza deu. Nela nasci,
Cresci e cresço o mundo que conheci.

Pinto vales, colinas e outras quinas!
Minhas vértebras arbustos de vida
E nelas me sento e descanso o breu,
Paz que liberta pombas de beleza
Que são raiz à terra e vida além-mar.
Pinto-me e pinto-te em flores meninas
Que têm singelo brilho a seda azul.

Pinto o que me vai na alma e até que a vida
Tem outra cor, não que tenha verde olho,
Nem tão pouco azul! Tenho certo amor
Em cultivar-me, cativar-te e cuidar
Da terra que me deu a vida, a que olho
Todos os dias até que queira ser flor.
Pinto-me, pinto-te e tu também pintas!?

® RÓ MAR

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

PAZ NO MUNDO

  

PAZ NO MUNDO, 

QUE É O MEU GRANDE LEMA! 


Num mundo que vejo à beira do abismo 
Tenho em mente que a paz é a salvação! 
Que a tua e a minha mão, agora lirismo, 
Um dia serão a alvorada em flor de coração! 

Canto aos quatro ventos um só tema: 
Paz no mundo, que é meu grande lema! 
Que a tua e a minha mão serão verdade, 
Um dia serão gestos de liberdade! 

Que escrevo pelos ventos da humanidade, 
Candura que a olhares distantes prende 
Pelo níveo que transborda humildade! 
Um dia será o cântico que a gente entende! 

Por ora não tenho mui mais que dizer, 
Somente quero desencantar o viver! 
E digo, por último: que laços 
Vejo entre brumas, paz aos pedaços! 

© RÓ MAR

terça-feira, 16 de setembro de 2014

EM PURA HARMONIA COM O UNIVERSO!


EM PURA HARMONIA 

COM O UNIVERSO!


Sinto meus lábios doces, amanhece!
Meu corpo é pena que voa e estremece
Ao abraço que minha alma sonha, sal
Que invade o ventre e eis a efusão colossal!

Quanto olho, quanto sinto, nada penso,
Possuída pelo mundo que é quão imenso
Levito a brandura a sereno mar
E equaciono o poente pelo largo olhar!

Sinto meu corpo ébrio de tal visão,
Mente fixa ao horizonte e eu em rotação!
Plácido vulcão que eclode à imaginação.

Quando olho nem olho, algo sobrepõe,
Quando beijo, nem beijo, algo compõe!
Labareda de um mar sonho, o sol põe.

 © RÓ MAR

A SORTE

 

MOTE


A trabalhar prós outros, os patrões,
Que a ociosidade é ignorância…
Ficando atravessadas as razões…
Que o dinheiro, de mim. Só quer distância…

A SORTE


Se a sorte me ocorresse qualquer dia,
Muito pouco provável, aliás,
Pois que só me acontecem coisas más…
Fico a imaginar como seria,
Saber que me saiu a lotaria,
Ou ainda melhor, o euro milhões !
Arrastando consigo as soluções,
Para os sonhos que a gente idealiza
E nunca, a vida toda, concretiza,
A trabalhar prós outros, os patrões!

Fecho os olhos e faço esta viagem,
Embarcando no sonho da riqueza!
Pensando eliminar toda a pobreza,
Já que tinha o dinheiro e a coragem,
Essa intenção não era mais miragem!
Criava ocupação para a infância,
Com desportos de inteira relevância,
Bibliotecas e espaços de lazer,
Para ocupar o tempo e aprender,
Que a ociosidade é ignorância…

Vou mandar construir por todo o lado,
Lares com o conforto e a dignidade,
Que tragam alegria e felicidade,
A quem merece ser recompensado,
Por ter a vida inteira trabalhado,
A contar dia-a-dia os tostões
E a engolir as reles agressões,
Duma sociedade mal formada,
Onde era a liberdade sonegada,
Ficando atravessadas as razões…

Mas agora que a mente me desperta,
Tudo se desmorona à minha volta!
Toda a raiva e tristeza em mim se solta,
Numa constatação que desconcerta
E me faz acordar, ficar alerta,
Quando estava a sentir uma fragância,
Saída da suposta importância!... 
Com boas intenções enfim me fico,
A sorte só bafeja quem é rico…
Que o dinheiro, de mim, só quer distância!...

José Manuel Cabrita Neves
 

O BURRINHO DA MOLEIRA


“HÁ 30 ANOS NA ALDEIA DE SOUTELO:

O BURRINHO DA MOLEIRA”


Ao burrinho de olhar doce encostada, 
Magrinho sem já poder com a fornada,
Ia a moleira, subindo para as alturas
Já velhinha, passo triste e alquebrada.

Fui-lhe falar das canseiras desta vida
Que é tão cheia de fadigas e agruras
Mas que, lá no céu azul uma guarida
Nos esperava com paz, e só venturas.

Olhou para mim com olhos de tristeza,
Em que havia ainda restos de beleza,
E respondeu resignada e com carinho:

Vou deste mundo em que vivi sozinha,
Sem mão amiga que apertasse a minha.
Por amparo, só tenho o meu burrinho! 

Alfredo Costa Pereira 

O PODER DE DEUS


O PODER DE DEUS


Se Deus é tão humano e tão bondoso,
Dêem-me então de Deus o seu poder!
Porque eu, vejo aqui muito por fazer,
Neste mundo cruel e odioso!…

Há crianças sem água e sem comer,
Num estado de magreza doloroso…
Gente que dorme ao frio impiedoso!
E doentes cansados de sofrer…

Há, no mundo homens maus, a governar!
Perversos corações, mentes sem par,
Que espezinham e matam inocentes!

Que vivam pois os bons, de alma pura…
Que os povos se alimentem na fartura!
E a saúde renasça nos doentes!...

José Manuel Cabrita Neves

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

AS CRIANÇAS TÊM QUE BRINCAR


AS CRIANÇAS TÊM QUE BRINCAR 

COM A NATUREZA


Ainda fui do tempo das crianças felizes, palreiras,
Que brincavam pelas bouças, nos rios e estradas,
Trepavam às árvores para ver, ouvir as chilreadas 
Dos bandos de pardais a namorar nas laranjeiras!

Essas crianças lembravam as canções dos ninhos
Ao pintar das aguarelas das frescas madrugadas;
Naquele tempo as crianças brincavam com terra,
Brincavam com os animais, trepavam até à serra!

Desciam em grandes risadas através das levadas,
Correndo depressa a saltitar para seus moinhos;

Hoje é diferente! O interior do país está deserto!
As crianças, obrigadas, vieram viver para a cidade;
Já não podem andar à solta, ficam na imobilidade!

E brincam virtualmente, num computador aberto,
Quietas, em espaços fechados, e um pouco mais; 
Deixando de conhecer e brincar com os animais! 

Alfredo Costa Pereira

BORDA EM SEUS DIAS, SONHANDO!


Imagem - Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art


A RENDA QUE BORDA 

EM SEUS DIAS, SONHANDO!


Olhar triste de quem respira a vida
Atrás de uma janela que tem pouco ar!
Uma mocidade que se cresce à pressa,
Perdida entre cortinas de promessa!

Tem um mundo lá fora tão lindo
Para crescer! A vida não é escolha e ter
Um tecto onde morar já é um grande mundo
Que a Deus tem muito que agradecer!

E, nem por isso é árvore menor, cresce
No sonho que um dia alguém a vem salvar
Levando-a em seu ar engraçado a passear
Pelos jardins da cidade e quiçá a lá morar!

As gentes andam muito ocupadas
Com seus afazeres, nem querem saber!
E, a menina de outrora é agora mulher
Que respira a solidão do sótão e nadas!

Olhar triste de quem respira a vida
Atrás de uma janela que tem pouco ar!
Uma vida que quer viver e amanhece
A renda que borda em seus dias, sonhando!

® RÓ MAR

MINHA CASA... É PORTUGAL!


Minha casa… É Portugal!


Vivo nesta bela varanda
Que está virada pró mar
Mas a vida anda e desanda
Por quem não a sabe amar

Habitei-a desde sempre
Neste Jardim plantado
E jamais a tirei da mente
Meu país foi abençoado

Os homens são o que são
E nem sempre a respeitam
Pela Pátria toda a paixão
Neste mar alguns se deitam

Não queria que fosse assim
Queria que fosse diferente
Há homens que não estão afim
São tão fracos… Não são gente!

Armindo Loureiro

NO SILÊNCIO DA NOITE


NO SILÊNCIO DA NOITE


No silêncio da noite, em que me escuto
E ouço da minh’alma os seus lamentos,
Liberto minhas dores e sofrimentos,
D’onde a minha existência é o reduto!

Ouço o choro da falta de alimentos…
Ouço a bala que mata e traz o luto…
Ouço a voz da violência do ser bruto…
Ouço vítimas de actos violentos…

Com lágrimas escrevo este diário,
Sobre este mundo mau e ordinário,
Que se auto destrói e abomina!

E nesta escuridão que me conduz,
Vislumbro ao longe a chama duma luz,
Que sai raiando atrás de uma colina!...

José Manuel Cabrita Neves

domingo, 14 de setembro de 2014

A VIDA QUE HÁ EM TI É UM OLHAR DIFERENTE!


Imagem - Nature


A VIDA QUE HÁ EM TI 

É UM OLHAR DIFERENTE!


A vida que há em ti é sândalo divino!
As pétalas de um rosa infindável
Que perfumam minha alma insaciável
E levam-me até ao jardim de menino.

Perfeita a natureza que colocas
No meu regaço! Quanto desejo
De penetrar a tua áurea e unir bocas,
Que botões! Pergaminhos que beijo.

A vida que há em ti é meu desejo,
Que sonho! Ainda assim escreve-me 
As letras singelas, tamanhas que vejo!
Tua beleza que é perfeita: lembra-me.

Tenho em ti a esperança que a vida é flor!
Que nada nem ninguém destroem o amor,
Que sonho! São as tuas faces rosáceas
Que me dão alento para tais entranhas.

A vida que há em ti é olhar diferente!
Contigo vejo o mundo com outros
Olhos, os que não mentem e são gente
Que vivem outro dia! Escreve-me versos.

® RÓ MAR

sábado, 13 de setembro de 2014

O MUNDO QUE EU SONHAVA

 

O MUNDO QUE EU SONHAVA


Desmoronou-se o mundo que eu sonhava,
Que era feito de afecto e de sorriso…
Que a Terra era ainda um Paraíso,
Onde a paz era plena, onde se amava!

Pra ser feliz, tem tudo o que é preciso,
O Homem, esse ser d’índole brava,
Que em lutas de poder se envolve e trava,
Revelando loucura e pouco siso!...

O mundo que eu sonhava era um jardim!
Mas a humanidade apodreceu,
O perfume das rosas e jasmim…

Foi aquela maçã que Adão roeu,
Também aquela luta Abel/Caim…
E a Evolução deu no que deu!...

José Manuel Cabrita Neves

NO UNIVERSO DA LUZ E DA ÁGUA


NO UNIVERSO DA LUZ 

E DA ÁGUA


No universo da luz e da água
suavemente
o olhar desenha
a transparência floral
do amanhecer...

E a oeste nada de novo
as mulheres consertam as redes
e os homens fumam, desgarrados
no universo líquido
revolto
de um mar enraivecido...
A oeste não há velas enfunadas
por ventos heróicos...
só barcos  que pairam na lembrança
pescarias de peixes voadores...
não sei se se comem
peixes com asas luminiscentes...

E as salinas brancas
reflectem um sol adormecido
pairando sobre as gentes descrentes...

r.r. - Rosa Ralo

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A PROTAGONISTA


A PROTAGONISTA


Deusa Afrodite, ao esbanjar beleza,
amor, sedução despertou o monstro do ciúme...
Nem sentiu o perfume das raras rosas... 
Surgiu das entranhas genitais de um mar
em desavenças instigando desejos...
A beleza da carne impulsionou-a
ao leito indesejado, arranjado,
de amor desfigurado...
Fronhas bordadas em domínio...
Agora, não olha a cortina de vidro do passado...
Apenas vive o presente colecionando cacos,
e mesmo sendo peça quebrada no jogo de xadrez,
é pérola única...
O teatro da vida entra em cena
até que as cortinas se fechem
com, ou sem aplausos,
na certeza de que não há vencedores,
nem vencidos..., apenas a luta para
assegurar-se de que será protagonista
da própria história...

Elair Cabral

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A JUSTIÇA


A JUSTIÇA


Se a justiça fosse justa
Muita coisa mudaria
Praticar o bem não custa
E outro galo cantaria
Se a justiça fosse justa
Mas que justiça seria!

Há sempre os justos que pagam
Pela injustiça de alguns.
São os injustos que a estragam
E a culpa nunca é de nenhuns.
Mas são os justos que lavam
As mãos de muitos injustos comuns.

Vamos todos clamar a nossa justiça
Porque a Divina está certa
Que o homem não tenha a preguiça
De olhar com toda a justiça
Por uma porta ou janela aberta
A justiça de Deus, virá na hora certa.

Joana Rodrigues 

A ROSA AZUL


A ROSA AZUL


O canário cantou triste, perdeu-se em sua canção.
Eu voltei a escutá-lo e lembrei-me da declaração,
que fiz dizendo: - Te amo, sincero, profundo!

Ficou inerte, calado, o descaso feriu meu mundo...
Canarinho foi embora e me deixou a pensar,
chega, cansei..., não quero mais me humilhar...
Viajarei em quimeras, minha rosa azul buscar!

Sentindo-me Afrodite nos braços de um mortal,
meu príncipe Anquises em seu cavalo sem igual,
leva-me por vales a fugir da destruição de Troia,
o novo conquistar ser sua mais cara joia!

A mergulhar fundo nos rios de águas renovadas, 
chegar à margem mais bela que foi por Deus preparada,
para quem só quer amar, só te amar e mais nada!

O sol bronzeou meu corpo, as flores me perfumaram,
as borboletas em meu jardim com alegria voaram...
Novos rumos...porque a vida segue de fé aflorada,
sorrindo para as essências de amar e ser amada!

Elair Cabral

OS ANJOS SÃO MENSAGEIROS DIVINOS


Os anjos são mensageiros divinos


Os anjos são mensageiros divinos
Cuja missão é guiar a humanidade no bom caminho
Contudo constante dor e sofrimento assola o mundo
Porquê???
Perguntamo-nos constantemente aninhados no conforto
Quando acontece aos outros, vemos as noticias e sentimos a tão comum pena e lástima... Mas dali a pouco está esquecido...
A resposta meus queridos leitores é simples:
Existe sobre a Terra uma luta contínua entre forças negativas e forças positivas...
Estas forças positivas às quais chamamos Anjos de Luz, infelizmente nem sempre ganham as batalhas.
Quando esta batalha está perdida causa dor e sofrimento...muitas vezes tragédia!
A energia positiva é importante!
Não esqueçamos que todas as acções e pensamentos humanos afectam o equilíbrio de energias de interacção cósmica.
Por outro lado temos o livre arbítrio que Deus seu ao ser humano e dentro do qual não pode Ele intervir nas acções humanas.
Temos pois que ter o discernimento moral e tomar as rédeas do nosso destino e prosperar na evolução espiritual renegando e destruindo o mal que se apresentar no nosso caminho.
Através da Meditação, uma arma poderosíssima ao nosso alcance, enviamos pensamentos harmoniosos e curativos ao planeta que tanto precisa pois está a rebentar pelas costuras!!!!
Ainda não repararam?????

Unam-se todos!!!!!
Unamo-nos todos!!!
Unamo-nos com os Anjos de Luz e salvemos a humanidade e o planeta!!!!

Áurea Justo 

O TERRAÇO DO OUTONO É AZUL (A) MAR!


Imagem - Autumn Effect at Argenteuil - Claude Oscar Monet 



O TERRAÇO DO OUTONO 

É AZUL (A) MAR!


O terraço do Outono tem portões
Alados, mundo que espreita beleza;
Nuvens singelas que pelo céu beijam
Acrescem ao mar uma outra natureza, 
Passeiam-se pelos espelhos a pasmar!

A vida, uma longevidade inigualável;
Árvores sobreiam passerelles de oceanos
E pelas pregas salgadas de tantas ondas
Pisam o céu, (o mar) o azul inatingível,
Irrigam-se as almas de todo o universo!

Tais enseadas, vistas largas de humanos
Que dignificam a vida, flutuando
Real e concreto atingem o espaço não pensado;
A Imaginação aos meandros da estação
Germina ventilações que arejam corações!

O terraço do Outono tem uno vento,
Galáxias onde abundam tantas vidas;
Fisiologias mescladas de tons terra e pigmentadas
A azul celeste desenhando orbitas sem conto,
Tais as causas da poesia que verso!

O terraço do Outono é azul a (mar)!


® RÓ MAR

https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

domingo, 7 de setembro de 2014

PESADELOS


PESADELOS


Ouço o seu apelo, tal como um murmuro ao vento..
Os desalentos incessantes, vejo-me em avenidas
rasgadas, asfixiada com pó de concretos, desfragmentados
aos meus pés....
O peso do mundo apropria-se do meu sonhar, a insónia abraça
corpos pequenos, cegos...Sem vidas...
Quisera seguir os seus passos, esquecer o fogo que me transmove
com destino a terras conhecidas.... Hoje roubam meus sorrisos...
As rosas negras ofertarei aos jardins sem vidas, as almas esquecidas..
As sobrevidas dos vivos, minhas angústias, pesares, lágrimas....
Inviável falar-te de amor, desmancho-me em dores, pelos homens despatriados, 
Disseminados, abortados, esquecidos...
Quando a paz voltar e minha alma serenar, exibirei o mais belo
sorriso, desfolharei rosas vermelhas na sua presença....
Adornarei meus sonhos para a sua morada, recitarei um poema
declamando a vida... Nossas vidas...
Quisera ter os olhos cegos para os homens sem leis, agonias e insensatez
Que calam minhas palavras, adoecem minha alma...

Rosely Andreassa 

O REINO DO REGABOFE


O REINO DO REGABOFE 


“Em jeito de Catilinária”
Se existe Rei Fantoche não é por acaso,
Nem é só ele, pois há por cá bastantes mais
Que a cada hora e cada dia vêm ao cais
Neste famigerado Reino feito a prazo.
O que há pra fazer é sempre com atraso,
Mas o tempo até dá para as coisas triviais
Como, por exemplo, jantaradas e arraiais
De tal sorte que há quem fale no seu ocaso.
O trabalho, a cultura e a própria educação,
A segurança, a lei, a justiça e a saúde
Tudo isto, tudo pode ser, menos virtude…
Há quem admire o Rei Fantoche, pois então,
E até é bom haver por cá quem filosofe
Ou não fosse este país o Reino do Regabofe…
Posto que há regabofe, antes que haja mais cacos
Que se tapem de vez os costumeiros buracos
E que acabe para sempre a crise do deboche!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

ROSA BRANCA


ROSA BRANCA


Que seria de ti, rosa branca desfolhada
Não fosses tu flor no chão da morte?
Quem pode ler na página assombrada
do livro do destino ... a misteriosa sorte…

Ninguém; e quantas vezes fascinados
sorrimos ao que é núncio de desdita
Quando na esperança já não se acredita
Vemos brilho nos tons acinzentados?

Desencantados sorrimos à solidão…
Rosa branca que renasces em botão
e ornas vestidos brancos de cetim?!...

Rosa branca que decoras gabinetes
que ornas sepulturas e revestes
toucados de noivas … em marfim…

Maria José Saraiva Gonçalves Gaspar

.......EM SILÊNCIO.......


............em silêncio.........n.43.........


há silêncios ensanguentados
que não deixam chorar em voz alta.............
para os ouvir
os encontrar...
em silêncio
e dizer-lhes
que estão a matar..............
que os procuraram
p'ra descansar
e não
p'ra ensanguentar
rasgando a paz
com "gritos"
de remorsos..................
e cansam
cansam esses "ruídos"
que lentamente
destroem o suor dos olhos
em noites de más recordações
em silêncios procurados
sem se ter 
......................silêncio !

Carlos Lacerda

É FOLHA DIFERENTE AO MUNDO MEDRA


Imagem - Tutt'ART@ di Maria Laterza 


É FOLHA DIFERENTE 

AO MUNDO MEDRA


Despem-se as árvores porque é Outono,
Veem-se multidões de folhas tão iguais
Ao vento e por terra vestindo a pedra
Das ruas desertas dos campos iguais.

É Outono em toda a terra e no céu
Há azul a repolhar uma diferente,
Tão igual a tantas outras, diferente
No seu brilhar, pois é astro d’um ilhéu.

O coração d’uma árvore que é gente
Aqui e em qualquer lugar é a viva cor
D’um mundo diferente que há amor
Até ao seu cair desfolha sentimento.

Despem-se as árvores porque é Outono,
Veem-se multidões de folhas tão iguais,
Mas, há sempre a que luz pela terra mais,
É folha divina que aviva o momento.

A vida feliz porque é sentimento,
Tem asas de condor à superfície
E veem-se, pois é singela artificie,
É folha diferente ao mundo medra.

® RÓ MAR


sábado, 6 de setembro de 2014

COMPANHEIROS


COMPANHEIROS


quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho

e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados

deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros

mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça

por ora
basta-me o arco-íris

em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço

companheiros

Mia Couto

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

SONHO COM UM MUNDO TÃO DIFERENTE!


Imagem - Bellissime Immagini


SONHO COM UM MUNDO 

TÃO DIFERENTE!


Sonho com um mundo tão diferente!
Não sei descrever o que sinto em mim;
Não sou diferente de outros, parente
Aos que sonham com arbustos jasmim!

Gostava que tais fossem também reais;
Não sei descrever, alguém saberia!
Seríamos tão iguais quanto os pedestais
Que passeiem minha alma de fantasia!

Sonho com um mundo tão diferente!
Gostava de acordar e sentir mãos
Em torno da terra que me é tão gente!

Gostava de saber dizer de coração
Que amar não é tão-somente tais versos;
Acordar vendo que a vida é multidão!

® RÓ MAR

HÁ MAIS ERVAS DANINHAS DO QUE TRIGO


HÁ MAIS ERVAS DANINHAS 

DO QUE TRIGO


Há mais ervas daninhas do que trigo!
Há mais gente maldosa que sincera!
Há mais realidade que quimera!
Há mais quem seja falso do que amigo!

Há mais quem haja a quente e não pondera…
Há mais quem não calcula ou mede o perigo!
Há mais quem faça crimes sem castigo!
Há mais quem não converse, vocifera…

Não se constrói a paz sobre a contenda…
Não se fazem jardins em terra agreste…
Não se faz a verdade sobre a lenda…

Quem não tem sentimentos, quem não preste,
Quem só pratique o mal e não entenda,
É como erva daninha, é uma peste!...

José Manuel Cabrita Neves

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

AO VENTRE DO VENTO


AO VENTRE DO VENTO


Quando as letras se prendem na memória
E o olhar persiste em escrever uma página
Respira fundo e conta outra história,
A que é a viver sem linhas de rotina!

Quando não houver lapiseira a agendar
Vira a página da memória e escreve
O que observas, não tens outra história
Tão igual e que mais possas recordar!

Encerra o capítulo com teus lábios
E alada ao vento escreve novas páginas,
Pelas sílabas do olhar há verbos sábios!

Quando os olhos lacrimejarem segue
Ao ventre do vento e leva as meninas
A passear pela natureza que ergue!

® RÓ MAR

O LAGO


O Lago


Sentada à beira de um lago
Contemplava o outro lado
Olhando sem ver
Deixei uma lágrima escorrer

Pelos meus olhos rolou
E no lago caiu
E então vi o reflexo Daquele que sempre me amou
O maior amor que jamais existiu!

Ah! 
Olho da Terra por onde os habitantes do mundo subterrâneo
Nos vêem... Os animais.... as plantas... o instantâneo!
Ah!
Rituais antigos aqui celebrados em comunhão
Com as forças permanentes da criação!

Vinde até mim fadas do lago
Fazei desaparecer esta dor e esta lágrima
Feiticeiras... Ninfas... e sereias cujo significado
De paraísos ilusórios e muita chama

Criaturas imaginárias... seres viventes em palácios
Povoai a Terra e Trazei alguma Fé e destruí os estilhaços
De um mundo cimério... agitador... combativo...
Criaturas cuja existência simboliza a fecundidade 
Voai sobre a humanidade, procurai abrigo e espalhai felicidade!

Áurea Justo

POBRES PEDRAS DA RUA

 

POBRES PEDRAS DA RUA


Ai!!... pobres e inertes pedras das ruas
Desgastadas pelo tempo e semi-nuas.
Testemunhas do presente e do passado
Pedras discretas com segredo guardado

Observadoras serenas pacificas e mudas.
Pisadas, maltratadas não pedem ajudas
Memorizam cada geração por si a passar
Ai!!... se elas conseguissem connosco falar!

Que lendas fantásticas teriam para contar.
Histórias de vidas humanas para relatar.
Reis, rainhas, príncipes ou princesas
Fidalgos, Aristocratas, Altas Nobrezas.

Pedras que outrora já foram acariciadas
pelas damas com as suas saias rodadas.
Pedras pelas pegadas do tempo marcadas
Hoje são pouco estimadas e até ignoradas.

Pés apressados sem cuidado nelas deslizam
E se escorregam, reclamam e se martirizam
Com indiferença não reconhecem sua história.
Pedras!. quantas gerações guardam na memória.

Aurora M.F.C. Martins Afonso

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A ESPADA VANDALIZADA


A ESPADA VANDALIZADA  


Por entre as brumas trágicas da madrugada
Um bando de acéfalos embriagados,
Com sua alma e seu espírito embaciados,
Ousaram estilhaçar a Excalibur sagrada…

De São Mamede até Ourique ditou a Lei
Pela força indómita do Rei Conquistador
E, fermentada na coragem e no fervor,
Plantou de norte a sul o Poder e a Grei…

Com ela Portugal nasceu, cresceu e venceu,
Com ela Portugal fez glória e impôs respeito
E, agora, a indigno sacrilégio a submeteram.

Onde estão esses loucos “Vândalos”, de breu
E de fel numa vida sem moral nem preito?
Onde está o meu País e o Poder? Já o partiram?

Ninguém sabe… pois não! Já ninguém sente a História,
Que esvaziada está, sem alma e sem memória!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

PONTEIROS DO TEMPO


PONTEIROS DO TEMPO


Olho para as crateras do tempo...
Indago ao céu, ao mar a natureza enfim:
-Por que o centro da terra não se corrói?
Fica esbelto a voar como a águia, iludido... 
Cego para as bactérias a entranharem-se
em sua degradada prole, devorando,
ao comando dos cruéis ponteiros
que arrancam os dentes da fera ferida
sugando ferozmente as pálidas mandíbulas 
e com fúria transformam em cinzas os ninhos
a revelia da criação..., dissecando corpos,
antes vistosas vaidades, que em palha desfilam 
suas mechas artificiais querendo impor
jovialidade às bengalas...
Esse tempo, algoz das encantadoras vontades,
amarela a casca, mas não reprime a poesia,
eterna jovem das curvas inexprimíveis,
em “versos” repletos de esperanças e glórias!
Mundo das perfeições e encantos fluídos,
por nenhuma lassidão do tempo destruído!

Elair cabral

TEMPOS DE POBREZA NO MEIO DA RIQUEZA

 

“TEMPOS DE POBREZA

NO MEIO DA RIQUEZA”


No fim de um breve sonho,
Senti-me triste e presumo,
Voar, como trapo tristonho,
Floco de neve ou de fumo!

É que esta cidade maldita,
Consegue dançar de prazer
No meio de gente que tirita
E que nada tem para comer!

Ando até perto das cortinas.
Vejo a chuva cair na vidraça,
Em brincos de pedras finas.

Olho, frio, para quem passa;
E quantas vidas de mendigo, 
Vão à chuva, e sem abrigo!

Alfredo Costa Pereira