domingo, 29 de julho de 2018

ABRAÇAR O MUNDO


Imagem: Dreamstime.com


ABRAÇAR O MUNDO


Hoje quero ser apenas eu,
Escrever o que me apetecer
Querer abraçar o mundo
E abraços receber,

Viver em harmonia
Sentir a paz e a alegria
E ver outro mundo nascer
Um mundo sem fantasia,

Ser feliz quem não queria
Amar a cada momento
Que felicidade seria,
Um amor sem sofrimento,

Quando a verdade aparece
Recorda o amor que não esquece
Pedindo um mundo renascido,
Para que tudo seja vivido
Mas que um passado não esquece!

FOLHAS CAÍDAS…


Imagem: Google


FOLHAS CAÍDAS…


Caíram folhas no meu quintal,
Derrubadas por um vendaval,
Não permitindo que as folhas
Vivessem mais alguns anos,
Causando-lhes sérios danos.

Folhas da minha bela árvore,
Que tem também a minha idade,
Tua tristeza eu compartilho,
Quem te trata mal é meu inimigo.

Não vou deixar que te façam mal,
És o meu viver, o meu sal,
Vou dar-te de beber muita água,
Para não morreres de secura.

Os homens não contentes,
Fizeram-te a poda, desnudaram-te,
Ficaste sem defesa, exposta,
Às intempéries e ao mau tempo.

Despida e a tremer de frio,
Irás recuperar tuas frondosas folhas,
Quando a Primavera chegar,
Para a tua beleza tu vires a mostrar.
E me enriqueceres de brio.

sábado, 28 de julho de 2018

CONFISSÃO LUNÁTICA


Lisboa - Portugal [27-07-2018 às 22:22 horas]


CONFISSÃO LUNÁTICA 


Está no espaço a nobre Lua centenária,
Tanta gente com os seus olhos bem alerta
Mirando-a curiosa, tão vermelha e esperta,
Como que seja uma visão extraordinária… 

É um tal eclipse estranho da face lunária,
Com sol e marte por companhia secreta
E a terra a voltear numa sombra discreta,
Eis a lua de Verão, perdida e solitária.

- Ó Lua, por quem andas perdida, por quem?
- Ando a ver se encontro na terra um poeta
Pois sei que a Poesia está fazendo dieta,
E esse é o meu fado… mas não o digo a ninguém!

- Coitada de ti, Lua… andas nisto há cem anos
E não encontras poetas no reino dos humanos?
- Quem és tu, ó lunático, fazendo versos?
- Sou Eu, faço poemas, ainda que controversos!

- Ai poeta, poeta, livra-te dessa Poesia: 
Não olhes para mim e deixa-te de fantasia!

Frassino Machado

 JANELAS DA ALMA

quarta-feira, 25 de julho de 2018

LIBERTAÇÃO DAS PALAVRAS




DIA NACIONAL DO ESCRITOR


Libertação das palavras


Hoje é o dia do escritor
Um dia de livre expressão
Ninguém aprisiona o autor
Que traz a poesia no coração.

Tenho amor àquilo que escrevo,
Não me chamem de escritor,
Mas, sei o que devo e não devo,
Mas, daquilo que escrevo sou autor.

A sensação de liberdade é especial,
Dizer em poesia o que se sente,
Ser livre e dizer abertamente
Tudo o que está bem ou mal.

Não aprisionem a voz do poeta,
É sua arma de liberdade,
Tal como corre livre um atleta
Corre a voz do poeta, gritando
Viva quem escreve - Liberdade, liberdade...

Joana Rodrigues

MAIS-QUE-TEMPO


Arte: Peder Mørk Mønsted


MAIS-QUE-TEMPO
PARA CRIAR LAÇOS NOSSOS


A primavera já se acabou
e o verão mal começou...
e já tem que partir! Fechámos as janelas!
O verão anda num vai-e-vem, 
que nem tem tempo de desfazer as malas.
Verão que não deixará saudade, 
porque é tempo de pouca amizade,
não tem maneira de criar raízes 
que o lembrem noutra hora.
Ainda assim é o verão que temos, por agora,
e o será noutras partes do universo.
Tempos a tempos o temos de volta!
Venha ele com sol para vivermos felizes!
Outra primavera virá
e também outro verão chegará,
com mais-que-tempo 
para criar laços nossos.
A vida que hoje damos por incerta 
amanhã poderá ser certa.
Que venha a primavera e o estio que satisfaz
os desejos do coração!
Verão que nos deixe saudade
porque vem com tempo para amar
e assim viveremos os nossos.
Verão que andas num vai-e-vem
vai e sem demora, para veremos
o outono a seu tempo e o inverno de paz!
Outra primavera virá 
e também outro verão chegará,
com mais-que-tempo
para criar laços nossos.

© Ró Mar
 

UNIDOS SEREMOS MAIS FELIZES




Unidos seremos mais felizes


Vem comigo
Caminha ao meu lado 
sempre perto de mim...
guia-me pelos os caminhos onde eu andar 
e afasta com o teu sorriso
as nuvens que escondem o sol
e que ferem a minh’alma.
Vem comigo 
Afaga o meu rosto com carinho
diz-me palavras de amor devagarinho
preciso sentir o teu olhar no meu
em mil caricias sem fim.
Vem comigo 
Vamos viver um sonho teu e meu 
devolve-me a magia perdida
e faz-me nascer de novo
para a poesia da vida.
Vem comigo 
Entrelaça as tuas mãos nas minhas 
e aperta-as com força 
para eu sentir 
que estás ao meu lado.
Vem comigo
Prende-me no teu abraço
para que eu possa descansar
e sentir a esperança 
renascer em mim e voltar a sonhar
Vem comigo
Ilumina os meus pensamentos 
prende-me nos teus braços
leva-me para o mundo magico 
de emoções sentidas pelos dois.
Vem comigo
Segura-me nos teus braços 
e dança comigo 
uma dança de amar
fala-me ao ouvido
da melodia de amor da canção
que afaga com palavras o meu coração.
Vem comigo
E ajuda-me a levitar
no caminho dos sentidos 
cheios de lembranças 
e sentimentos só nossos.
________Vem comigo ________
Unidos seremos mais felizes

Mila Lopes

sábado, 21 de julho de 2018

CAMPEÕES DA ESPERANÇA




CAMPEÕES DA ESPERANÇA
“O drama da Tailândia»


Doze, mais um, aonde é que já vimos isto?
Doze discípulos mais um mestre Redentor
Que na Tailândia, num singelo drama, soou 
À semelhança do testemunho de Cristo,
Aquela prova de uma vida feita d´ Amor,
Daquele Amor que aos seres humanos resgatou… 

Doze, mais um, a própria vida regenerou, 
O que a mesma Natureza parecia renegar
Pela inclemência das circunstâncias adversas,
E eis que todo o drama, em si, já sublimou
Tudo o que tinha humanamente a sublimar
Pelas medidas, quem o sabe, controversas? 

Doze, mais um, aquilo que fora uma aventura
Tornou-se todavia um milagre no perigo
Revelando, nos corações, aquela ternura
Que na alma humana é bálsamo e abrigo.

Se há dois mil anos foram adultos-confiança
No tempero dos labirintos da discórdia
Hoje foram crianças – campeões-da-esperança – 
No negro ventre da ingénua concórdia! 

Frassino Machado
OS FILHOS DA ESPERANÇA

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O MUNDO NO SÉCULO XXI




O MUNDO NO SÉCULO XXI


Hoje não foi dia vulgar, foi absorto.
Talvez porque o Sol nasceu morto;
Que enorme desconforto eu senti!
Mas foi o Sol ou fui eu que não vivi?

Rouxinol: ensina-me lá o teu canto,
Quero viver, quero cantar apenas;
Viver a vida sem angústia, e penas,
Num mundo mais perfeito e santo.

Passa-se neste mundo um temporal,
Uma tempestade apocalítica imoral;
A minha alma no meio da tormenta,

Não anda calma, iludida, mas infeliz,
Pois o vento quer arrancar pela raiz
Os princípios de justiça que sustenta!

Alfredo Costa Pereira

QUANDO O MAR BATE NAS ROCHAS...!!!




 QUANDO O MAR BATE NAS ROCHAS...!!! 


As ondas das marés vivas;
Destroem duros rochedos...
Quantas aves fugitivas;
Ao voar afastam medos!...
Nas tempestades da vida;
Podem naufragar navios...
Jamais ´ma luta é perdida;
Ao enfrentar desafios!...
Se o Sol brilhar nos Céus;
E no Mar reinar calmaria,
As brumas passam a véus;
Tal como sonho ou magia!...
Quantas ilhas tropicais;
Existem p´lo mundo fora...
Jóias perdidas que jamais;
Voltam a ter fauna e flora!...
Se no Mar existe perigo;
Gaivotas fogem em bando!...
Voam em busca de abrigo;
Podem salvar-se... lutando!...

sábado, 14 de julho de 2018

CADA SER É UM MUNDO


Imagem - J'ad' OR


CADA SER É UM MUNDO


Ser é mais que existir,
o passo importante a seguir.
Devemos agraciar o mundo,
partilhar nosso ser de coração,
pra que vivamos em comunhão
connosco e de bem à natureza
que nos cerca de rara beleza.
Projetar nosso ser aos outros
e viver em sintonia com o universo.
Eis, a fórmula possível pra atingir 
aquele grau de existência eficaz: 
percecionar que existem outros
seres com semelhante eficácia.
Ser é mais que falácia,
a palavra de ordem que concede paz
e harmonia pelo mundo,
o queremos todos conquistar.
Plenos de ideias pra alcançar 
plenitude e repletos de atitude, 
somos certamente mais que virtude,
cultivaremos a raiz do mundo 
em una semelhança a todos 
os que nele coabitam.
Ser é mais que existir,
constante presença no dia a dia 
extensível a tudo e todos,
mormente os seres vivos.
Devemos pautar o ar 
que nos move de poesia
e ser mais que criativos,
pois, pra conquistar o mundo
é necessário consciência e assumir
que cada ser é um mundo.

© Ró Mar

CENAS DA PESCA ARTESANAL


Pintura de Marques de Oliveira


CENAS DA PESCA ARTESANAL


Olha para o mar, vê nas ondas
Barcos a saltitarem na bruma!
Como um bailado das mondas,
Vêm-se lá os batéis na espuma.

E na areia, por entre os barcos
De proa em Terra junto ao mar,
Sobre redes ainda com charcos,
Miúdos molham os pés a saltar.

São de pinho, barcos e lanchas,
E cheiram a pinhões e a resina;
Sobre as ondas, são manchas!

Vão e vêm pescar numa rotina;
Trazem o pão da seara do mar,
Para peixeiras logo o apregoar!

A LENDA DE SÃO BENTINHO




A LENDA DE SÃO BENTINHO 


Quando eu era pequenino
Contava um velho mendigo
Vindo do monte sagrado,
Onde tinha o seu abrigo,
A lenda de São Bentinho
Num vigor entusiasmado.

No alto daquele monte
Entre Vizela e o céu
Vivia um santo eremita,
Com uma alma sem labéu,
Rogando naquele horizonte
Perdão pra toda a desdita.

Para ali do seu convento
Desde cedo se encaminhou
Pois a vida conventual,
A ele mesmo o desencantou,
E longe desse tormento
Ganhou alma angelical.

A razão que o fez partir
Era a vil maledicência 
Que reinava entre os irmãos,
Turvando-lhes a sapiência,
Podendo ali conseguir
Erguer pra Deus suas mãos.

Se bem pensou melhor o fez,
Contava o velho Aranhão,
Cada manhã vinha um corvo
Acompanhá-lo na oração
Que os dois faziam à vez
Com toda a fé e sem estorvo.

O Santo o pão repartia
Com a ave companheira
Que apesar de ser estranha
Não saía da sua beira
Durante as horas do dia
Passadas naquela montanha.

Mas um certo dia, porém,
Um ruim frade traiçoeiro
Ali chegou co´ uma saca
E dentro um queijo rafeiro
Com veneno - sabendo bem -
Mas era maldade velhaca. 

Ao corvo o Santo o deu
Dizendo-lhe duma assentada:
- Leva-o lá para bem longe
E volta cá de madrugada.
Mas, o que é que sucedeu?
O corvo grasnou pro monge…

Ao queijo nem lhe tocou,
Parecendo desconfiado,
Mas o Santo insistiu
E a ave lá voou, voou…
Voltando, mais confortado,
Um pão fresco digeriu.

Disse o Santo ao corvo esperto:
- Negro por fora, branco por dentro,
Salvaste-me desta traição
Quero que saibas, no convento
Esteja ao longe ou ao perto
Jamais me enganarão!

O corvo e o Santo s´ irmanam
E às almas dos peregrinos
Vão concedendo mil graças,
Cantando louvores e hinos,
E todos os anos imploram
A cura para as desgraças… 

Frassino Machado 
ODISSEIA DA ALMA

SEMENTES "DA ALMA" !!!...




SEMENTES "DA ALMA" !!!...


Semente que germina na alma;
Tem raízes e ramos de Amor!...
Dá flores cujo odor nos acalma,
Se alma esconde uma dor!...
Se o vento uma haste balança;
E o pólen faz voar pelo espaço,
As folhas ensaiam uma dança...
As sementes ao cair se enlaçam!...
O Sol quando acorda a sorrir;
As sementes unidas florescem...
E se a Lua adormece a seguir;
A dor que existia se esquece!...
Quantas sementes de vidas;
Quanta alma a viver torturada...
Flores que vegetam perdidas;
Em ramos de haste quebrada!...
Mas um dia novo Sol vai raiar;
E as sementes voltarão a florir!...
O Sol de novo estará a brilhar;
A alma feliz ficará então a sorrir!...

António J. A. Cláudio

quarta-feira, 11 de julho de 2018

DESARMONIA


Pintura de Dórdio Gomes


DESARMONIA


Anoiteceu! Os ruídos da terra foram-se. A última formiga encolheu-se, mais escura, mais humilde, na prega onde vai dormir. Despregou-se lentamente a folha que tremia. As aves mais novas, as mais turbulentas cruzaram os braços. Calou-se o chilreio dos pardais e fecharam-se as gargantas alegres das rosas. As últimas claridades, mesmo as mais teimosas, resignaram-se, e lá se foram. As veias das águas pulsam mais baixinho. Dobram-se as ervas altas. Nos regatos das montanhas param os lobos. Arrumaram-se as borboletas imóveis. As andorinhas interrompem o seu trilhar. Tudo o que vive respira e larga o seu perfume. Tudo o que rasteja imobiliza-se. Tudo o que canta e voa, pára. 

Os vales claros são colcheias, as montanhas são os sustenidos, os ribeiros são bemóis. Os pinheiros acompanham em surdina, e os plátanos trazem as suas notas. As colinas sentam-se. O silêncio, hino de todas as notas, sobe, alastra, cresce, toma todo o espaço… e fica no coração de cada lírio, fica na onda de carinho que paira sobre a escuridão, fica nos olhos das gazelas, em tudo o que é graça, em tudo o que é branco, simples, puro. Na serra, o pastor põe-se à espera das estrelas e mais acima um casal de apaixonados sente-se inundado de um maravilhoso enternecimento. 

Mas na febre das cidades, as criaturas fecham as janelas, descem os estores, fecham os cortinados e recorrem à iluminação elétrica… Não podem ver, não podem ouvir o silêncio prodigioso da Natureza. Ninguém olha as estrelas! Só podem ver e ouvir televisão!

Alfredo Costa Pereira

... LIVRE-ARBÍTRIO DO MUNDO


Imagem - SAi$ONS 


... LIVRE-ARBÍTRIO DO MUNDO


Como pode o céu ser nublado
Pra uma alma, repleta a primavera,
Que tem o coração azul doirado
Espelhado p´las asas de quimera!?

Em sua melodia a rosa dos ventos
Que norteia o planeta p´lo sonho
D´uma açucena, todos os momentos,
Iluminando o dia p´lo seu olhar risonho.

Como pode o céu ser nublado
Pra uma criatura, pura e bela,
Que tem a natureza d´uma aguarela
Projetada p´lo livre-arbítrio do mundo!?

© Ró Mar

sábado, 7 de julho de 2018

CULTIVAR O BEM




CULTIVAR O BEM


Deixar de acreditar no bem é habitar no inóspito,
doar concessão para o disparate em nós hospedar
é preciso crer que tudo vai passar, 
porque passa!
A terra é rajada de vento, abrida pela chuva, 
sofrida pela ausência...
Mas pensa, o universo se faz amoldar pra ajustar
e quantas estações faz repetir o afloramento!?...
Fazendo o coração palpitar?
de repente tudo muda de lugar
e quem chorou pode sorrir
é o desejo que faz ir e vir...
Perder ou ganhar...
Lutar contra os desperdícios
por aquilo ou por isso
tantos sinistros
passar o tempo...
e reflorir também 
por dentro
CULTIVAR O BEM.

Sónia Gonçalves

Son Dos Poemas |100% SMG

NA ROÇA ERA ASSIM


Imagem - Google


Na roça era assim


Amanhece chovendo...
No coração da vida da roça o sol brilha...
Só vendo!
Alegria exuberante... Bela trilha!

Com uma capa e botina alguém vai o leite tirar,
Tratar da bicharada depois o café tomar.
Que delícia, as guloseimas que lá tem.
Pão de milho, nata, o melado, queijo fresquinho também.

Salame ali fabricado, o doce feito de abóbora e as frutas do pomar.
Depois de arrumar a casa, a mulherada a inventar.
A mãe a remenda roupas pra usar lá no pesado. 
Cose, cirze o par de meias, deixa o tempo alinhavado.

Trança a palha, faz chapéu pra livrar do sol medonho,
A filha borda e tricota e alimenta cada sonho.
Escreve carta pra família e também ao namorado
Naquele lugar distante, faz seu Rei o seu amado. 

O almoço uma delícia! Coisa simples, caprichada...
Galinha caipira ao molho, feijão arroz e salada.
Os homens vão pro paiol descascar o milho da palha,
Que logo vira fubá e assim segue a batalha.

Na hora que a chuva cessa, o filho pega o cavalo,
Vai à Vila fazer compras e logo no mesmo embalo,
Dá um jeito de encontrar a querida namorada.
E assim a noite chega junto da mulher amada.

Dia de chuva na roça é pra adoçar a essência,
Porque viver é uma arte vivida com sapiência.
Da simplicidade ao luxo viva a feliz existência!

Elair Cabral

segunda-feira, 2 de julho de 2018

GIRA A BOLA, GIRA A BOLA




GIRA A BOLA, GIRA A BOLA
“Mundial de 2018”


Gira a bola, sim, gira a bola,
Gira a bola e torna a girar,
Seja pelo pé ou pela tola
O que interessa é ela entrar.

Onze contra onze e a rodar,
Com seus galões, sua bitola,
Num relvado rectangular
Gira a bola, sim, gira a bola.

Artista da bola que se preze
Gosta das emoções puxar
E odiando a quem o despreze
Gira a bola e torna a girar.

Para mostrar habilidade
Todo o bom artista se esfola
E ama o golo de qualidade
Seja pelo pé ou pela tola.

Às vezes torna-se impaciente,
De bola parada ou a rodar,
Dominá-la, sempre pra frente,
O que interessa é ela entrar.

Entrar pela baliza dentro,
Derrotando qualquer goleiro
É o melhor contentamento
Que se sente p´ lo mundo inteiro.

E então se for penalidade…
É um ver se te avias de paixão,
Joga-se ali toda a verdade
Seja ela em que condição.

Gira a bola ou baila a bola – 
- Alto lá, ó senhor juiz,
Estou suando a camisola
Não ligue à falta que eu fiz!

- E, se porventura ligar
E entender que sou o culpado,
Faça o favor de ir ao VAR
Pois eu não sou mal-educado…

Futebol, qualidade e “massas”
Se ele é ou não compatível,
Malgrado ocorrerem desgraças,
Continua sendo apetecível.

Gira a bola das sensações,
Gira a bola e giram os ócios,
Gira um universo de milhões
E gira o mundo dos negócios.

Girando a bola, gira o mundo,
Gira sempre de rua em rua,
Ópio do povo, ópio profundo
Entre a alegria e a amargura,

É tal e qual um carrocel,
Ganhar ou perder é banal,
Gosto de mel igual ao de fel
Gira a bola já é habitual…

Cada dia, cada mês, cada ano
Gira a bola em força acrescida,
Gira o sonho sacro ou humano
No Estádio tremendo da Vida! 

Frassino Machado
In A MUSA DOS ESTÁDIOS