BRUXAS, MAS
NÃO AS DO HALLOWEEN
Vêm de longe
E dessa lonjura vejo acontecer!
Tecem sem brandura e deixam morrer.
No perto da sua maldade,
No meu longe do perceber,
Vêm com pezinhos de lã
- eu tu cá, tu lá -
Fazem-se p'la amizade aconchegar.
Tudo o que precisam é sugar!
Não são como a Maga e a Madame Min,
Que não fazem mal nem a mim nem a ti!
Nem como as d' anglofonia,
Pra essas o dia é d' alegria,
E têm mote prás brincadeiras:
Fatos pra ludibriar os mortos,
(Fugir deles a quatro pernas!),
Diabruras, doces e lanternas
Abóboras e fogueiras.
Missas e diversões de div'rsas maneiras.
Nas primeiras a patologia é outra,
Ganham força!
Dessas, bato com os dedos na porta:
Vade retro Satanás;
Têm em comum os mesmos crachás!
Ai ai... eu acredito em bruxas;
Acredito piamente que as há!
© RAADOMINGOS | 2020
HALLOWEEN
Na vassourinha ia a bruxinha
marota, de casa em casa,
assustar toda a vizinha
e o caldeirão em brasa
engendrava a poção mágica,
numa dose de alegria
que suprimia a trágica
rotina do dia-a-dia.
Era noite de fantasmar,
brincar, encher a barriga
de doces para acalmar
e de estar com gente amiga.
Tempo certo de viver
e deixar fluir o sonho,
num gesto de agradecer!
Abóboras de olhar risonho
rebolavam pelo chão,
num passo mágico
e voavam até ao coração!
Encenando o sarcástico
surtiam desabafos,
que mais pareciam
serpentinas de abafos,
todos abraçavam e riam!
Via-se que riam de boa fé
e as travessuras reuniam
amizades em maré
de Halloween, curtiam
a vida! Doce capilé
e pitada de imaginação,
em toda a casa reinava
a boa disposição!
Ninguém imaginava
vir a romper a tradição
do Halloween, que animava,
pela porção de solidão
que a todos escava!
© Ró Mar | 2020
AD RETRO HALLOWEEN
“Halloween 2020”
Ad retro Halloween, ad retro!
Ó estranho dia enfatuado
Que, em si, fingindo de afecto,
Consegue ser endiabrado.
Se a alma se torna frágil
Porque ela se pôs a jeito ,
Logo surge negócio ágil:
Ad retro Halloween, ad retro!
Quando os humanos são fracos
Num horizonte falhado
Toda a vida fica em cacos…
Ó estranho dia enfatuado.
Negócio é sempre negócio
Qualquer humano é discreto
Enche-se o espírito de ócio
Que, em si, se finge de afecto.
Mas se ele se torna refém
Vendo-se mais explorado
Fingindo que é alguém
Consegue ser endiabrado.
Não há ficção que resista
A esta comédia medonha
Até a bruxa perde a crista
Se a Festa fica enfadonha.
Gato preto, cruzes canhoto,
Com ruídos e gritos fatais,
O negócio, esse, ficará roto
Se não há patacos a mais!
Cuidado, qu´ anda na rua
Outro Halloween fingido,
Mascarado de Covid, flutua,
Com suas mãos de bandido…
E há tanto bandido perverso
Nas bancas de praça em praça,
Põem as máscaras do avesso
E não se descobre a desgraça…
A história tem comprovado
Que, num palco de doença,
Logo alguém fica instalado
A lucrar co´ a malquerença.
Num torpe ambiente de medo
Não vale a pena carpir,
Fazer de conta é o segredo
Vamos, destarte, a fingir.
Ad retro Halloween, ad retro!
Livrem-me deste embaraço,
Quero farra, metro a metro,
Mas sem fantoche ou palhaço!
© Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA
Sonetos Do Universo | 2020