sábado, 24 de setembro de 2016

PURA AMIZADE




PURA AMIZADE


Caminho sem nenhum destino certo
Pelas belas ruas da cidade de Lisboa
No meu pensamento nada de concreto...
Apenas caminho completamente à toa

Oiço apenas os meus passos na calçada 
O silêncio é tal que parece um filme de terror
Apenas quero caminhar e não pensar em nada
Para esquecer a minha tristeza a minha dor

De repente ouvi um soluço muito profundo
O som vinha de uma ruela escura e estreita
Acendi o isqueiro e vislumbrei um vagabundo
Que chorava ali no chão mesmo à minha direita

Perguntei com suavidade se podia ajudar
Seus olhos cheios de lágrimas fixaram os meus
Tentou com muita dificuldade se levantar
E disse-me sou um pobre abandonado por Deus

Senti no meu coração uma dor nunca sentida
Abracei o mendigo e levei-o na minha caminhada
Disse-lhe amigo nunca mais estarás só na vida
Sem amizade o viver não vale absolutamente nada

Paulo Gomes

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

OUTONO DESFOLHADO





OUTONO DESFOLHADO


Chegou o Outono lindo e ensolarado
Começam as folhas a cair desoladas
Cumpriram sua missão, de proteger
Hoje sentem que vão ser abandonadas
Terminam um ciclo, mas irão renascer,

Quando a Primavera chegar, voltam a surgir
Nessa estação tão linda que é a de florir
Mas tu Outono não te entristeças,
Porque chegou a hora, não de abandono
Mas será do teu sono, para que renovado apareças
Quando acordares, não te vês despido, como vais ficar,
O Inverno te vai lavar te desfolhar,
Para te preparar para que na Primavera fiques bem vestido
Toda a árvore e as plantas virão de cor renascida,
E então como tudo tem seu tempo, chega o verão e te vê florida.

O Verão algumas folhas te irá dizimar, outras nem tanto assim
Porque quer dar lugar aos frutos, são os seus produtos
Mas os jardins esses sim querem mostrar que podem ficar sempre floridos
Têm lindas flores onde as abelhas sugam seus sabores, e não há frutos,
São os jardins que aos namorados, lhes dão os sonhos mais coloridos!!

Joana R. Rodrigues 

QUE LINDO DIA PRIMEIRO DE OUTONO!


Fotografia - Lisboa, Portugal - Ró Mar


QUE LINDO DIA PRIMEIRO DE OUTONO!


Que lindo dia primeiro de Outono!
Pelo nosso Portugal, a despedida em verde trono
Do verão, vê-se o raiar sobre a cidade
De Lisboa, a capital, com Sol de verdade.

Que lindo dia de vinte e três de Setembro!
Pelo nosso Portugal a beleza da natureza
Estampada pela luz do verão, um assombro
O clima que temos, a nossa maior riqueza.

Que lindo dia primeiro de Outono,
Pelo nosso Portugal reina a harmonia
Da natureza em céu aberto, sabe-se que o ano
Está prestes a findar ainda assim há poesia.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

OS CAMINHOS DE SEZIM





 OS CAMINHOS DE SEZIM  


“Velhos tempos, novas gentes”


Vão longe os tempos da conciliação
Entre a identidade do povo e a nobreza
De um lado, o património da singeleza,
Do outro lado, os desígnios da Criação.

Nesta dinâmica de contemplação
A mão de Deus, qual elo de fortaleza
Sustentando a engrenagem, na certeza
De um destino firmado na Razão…

No coração do povo corria a fé
Alimentada pela aura da Nação,
E nas elites da nobilitação
Corria a crença do que o mundo é.

Que reza a Natureza no rescaldo?
Vistas as coisas pelo que interessa
Os dois lados mudaram bem depressa
Fazendo nos primeiros melhor saldo.

No povo, a classe média foi subindo;
Nas elites, os nobres minguaram;
E os velhos pergaminhos que ficaram
Vão-se na história aos poucos esvaindo.

Da Beira até Sezim cumpre-se a regra:
O que era velho vai ficando novo 
E um outro visual reveste o povo
Diminuindo a nobreza de forma cega.

Mas não há povo como antigamente,
E já não há nobreza que se imponha
Apenas um caminho que envergonha
A alma de um País que já não sente.

A selva vai morando em todo o lado:
Já não é pura a água da velha fonte
E as ervas daninhas trepando no horizonte
Engrossam aqui e ali um triste fado.

Nas árvores orgulhosas e centenares 
A pura seiva aos poucos vai perdendo
A razão de um viver que se vai vendo
Serão pasto de um fogo e seus esgares.

Mas ainda há penedias vigilantes 
Que acolhem no seu ventre os verdes limos
Como se fossem filhos de seus mimos
Com saudade das nuvens lacrimantes.

Ainda há velhas paredes desdentadas,
Pedras sonhando o descansar de alguém 
Que parece que virá mas nunca vem,
E os romeiros são águas já passadas.

Ainda há também silvados com amoras
E vêem-se fetos e densos canaviais;
Mas já não há crianças nunca mais
A brincar no caminho das suas horas.

Estão cansados aqueles velhos muros
Que já nem há portões que os aguentam
Mas há frestas para ver se ali habitam
E, quem lá mora? Apenas os monturos.

Onde está o Palacete de Sezim,
Co´ as paredes ainda salpicadas
De um rosa-velho agora retocadas
E os seus cantos ornados de alecrim?

Onde estão as janelas e os cortinados – 
Dizem que agora há por ali turismo,
Haverá mas, quem sabe, só lirismo – 
E um odor rebafiento de finados?

Onde está a criadagem prazenteira,
Sempre pronta a servir as baronesas,
Expeditas em bolos sobre as mesas
E que ao colo as levavam pra lareira?

Onde está a capela engalanada
Com a Virgem e o Arcanjo lado a lado
E o culto com um coro bem afinado
Nas festas em que a missa era cantada?

E o povo ali corria a dizer Amém.
E até aquele que era ordinário
Suspirava, pela hora do numerário,
O tal milagre que nesse dia vem?

Ai, ó Sezim! O tempora, o mores, 
Hoje corre por ti a exploração
Que o tempo, esse, já não faz menção
De elevar-te ao Parnaso dos amores.

Olha o largo terreiro da folgança
Onde as danças corriam a par das bolas
E hoje, apenas recordações tolas
Para imberbes adultos sem esperança.

Na fonte, em vez da água corre o lodo
E as araucárias já não têm brancura
Na fresca sombra que ninguém procura
Que o viandante esmoreceu de todo.

Vou-me nesses caminhos regressando 
Deixando para trás um vil silêncio
Com um vazio cá dentro bem intenso
E a saudade que a Beira vai pintando…

Toda a Mãe-Natureza tem seu tempo
E no tempo, velhos tempos, novas gentes,
Todo o Sonho germina das sementes
Que uma colheita espera de contento!

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA


domingo, 4 de setembro de 2016

HOMENAGEM A MADRE TERESA DE CALCUTÁ





HOMENAGEM A MADRE TERESA DE CALCUTÁ


"Não é a quantidade que damos, mas o amor que pomos no gesto".

Madre Teresa de Calcutá (1910 – 1997)

Albanesa, missionária e Prémio Nobel da Paz.



MISSIONÁRIA, MÃE DOS POBRES


Mulher franzina, forte em convicções,
De sari branco, a azul debruado,
Velou com fervor e todo o cuidado
De cinco crianças a multidões.

Pobres, doentes, famintos sem pão,
Miséria humana e espiritual
De um mundo cruel, quase surreal,
A quem ela soube estender a mão.

Por manifesta vontade de Deus 
Dizia… Madre Teresa s’entregou,
Projetando nos outros, sonhos seus.

Simples viveu e simples terminou,
Muita gente grata a dizer-lhe adeus…
Quando um terno querubim a levou.

© Jorge Nuno 


OUTONO EM AGUARELA


Imagem- “Viale Autunnale”- Le Aly di Lia di Donatella Marraoni


OUTONO EM AGUARELA


Fervilha o Outono
Pelo ventre da Primavera…
Caiem as folhas,
Beijam-se os contornos 
Ainda floridos;

Inventa-se uma aguarela 
De mui cores 
Para seduzir a estação 
Que seca o coração.

Há a quimera 
Dos frutos colhidos
E a estrela de amores
Que voa no vento ameno
Deste tempo que vai e vem
Pelo destino;

O que sopra o Inverno
Nas raízes da Primavera,
Estende-se ao Verão 
Plácido
No azul além…
Um sopro do coração.

O que espreita a vida
Em forma de luz âmbar,
O sonho colorido
Que renova a existência,
Caráter do amar.

Uma poesia 
Florida
Na voltagem
Da natureza;

Uma tela, 
A beleza
Do Outono 
Em aguarela.

© RÓ MAR


OS VELHOS !!!...




" OS VELHOS !!!..."


Passos lentos... arrastados;:
Pernas frouxas e cansadas...
Caminham velhos curvados!...
Trilhos da vida vencidos;
No espaço e tempo perdidos,
Fardos duros do seu passado!...

Rugas profundas no rosto;
De sofrimento ou desgosto...
Fortes marcas imprimidas!...
Recordações dum passado,
Que vive sempre a seu lado,
Marcam experiências vividas!...

Mais uns velhos... nada mais;
Que seguem avós e pais;
P´ro fim da caminhada da vida!...
Deixam pegadas p´lo caminho,
Familia... bens... o seu ninho;
Porém a marca... é esquecida!...

Velhos... experiências arquivadas
Mais valias perdidas... ignoradas!...
Num mundo.... cruel e duro...
Se surgir por acaso um novo dia,
Onde reine paz... justiça... sabedoria...
Os velhos serão a referência do futuro!

António Joaquim Alves Cláudio

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

NATUREZA




Natureza


Nunca antes te havia olhado...
De tão intensa na tua cor,
fechas meu olhar de torpor!

Tão imensa e camuflado é teu quadro
no traço de um coreto, cheio, num adro
tão redonda forma e que quadrado!...

É assim o mundo do homem fechado,
numa bola redonda que, se chuta de lado,
mas o chora querido e muito amado!

Natureza que se despede no fim do dia
e, quase às escuras, suplica que seja dia
para que, repare do homem, a mania...

De pintar castanho barro o verde do mar
nos longos fios das algas o milho salte a cantar
são de barbas velhas a intenção de preservar

Mas as acções... Tardam em chegar
Cantemos amarelos de mãos dadas
todas as decisões proteladas.

E, no quadro que volto a olhar
vejo-te rubro, o sofrimento e, o pulsar!
Fecho os olhos, és azul no meu sonhar.

Ana Carvalhosa