quinta-feira, 16 de março de 2017

PÁSSAROS DE FOGO





PÁSSAROS DE FOGO 


“À Guida Machado”


Saí à luz clara do dia
Ouvindo o cantar dos pássaros
Cantou melro e cotovia
Na vontade de uns abraços.

Ouvi o cantar das rolas
Senti o soprar da brisa
Alegres as passarolas
No seu voo que deslisa.

P´ las ruas da emoção 
Assobiou o clarinero
Pautei a minha solidão
Co´ este novo companheiro.

Nos aromas da manhã
Com cheirinhos de alecrim
Saboreei uma maçã
Co´ a partitura de mim.

Ontem um sol de verão
E hoje nuvens esguias
Faz-me esquecer a estação
Enredando-me as fantasias.

Sob horizonte sombrio
Fiz a minha caminhada
Não estava calor nem frio,
Assim foi melhor que nada. 

Ouvi os piscos e os pardais,
Os canários e os rouxinóis,
Pintarroxos e outros que tais
Com sustenidos e bemóis.

Ouvi Mahler e Stravinski,
Entre sons intermitentes,
E até reli o Ferlinghetti
Com letras incandescentes.

Ao parque por fim cheguei,
Margaridas e violetas,
Por todo o lado encontrei
Partituras incompletas. 

Não passa rio e não há lago,
Pouca água para a estória
E eu, co meu tempo vago,
Tento avivar a memória.

Pássaros de fogo e da vida
São aves e são firmeza
São a esperança revivida
Na balança da Natureza.

Ouvi “pássaros de fogo”, 
Ó que fogo extraordinário,
E lembrei-me neste jogo
De um feliz aniversário:

Com asas que Deus lhe deu,
Um anjo com brancas asas,
Lá do alto um dia desceu
Margarida, por entre brasas.

Em sons que vêem de dentro,
De ritmo e música austera,
Espera ela a todo o momento
Que renasça a Primavera!

Frassino Machado

In OS FILHOS DA ESPERANÇA

quinta-feira, 9 de março de 2017

A VIDA É COMO AS MARÉS...



Fátima Santos Silva

EM FLOR




EM FLOR


Circulo nesta alameda muito bela
e, por entre os bancos da praça,
existe em toda a parte, a graça
que aos olhos atentos se revela.

Não sei se minha... ou se é dela,
a pureza de vista, sem uma jaça,
tanta doçura, longe da desgraça,
no encanto dessa árvore amarela.

Como se tudo fosse um colorido véu,
bem cortado contra o azulão do céu,
está um ipê (em flor) que contemplo.

E escassa é minha palavra, impotente,
para agradecer tal magnífico presente,
que enfeitaria até o mais rico templo!

Silvia Regina Costa Lima