ARENAS & ARENAS
“A propósito de Carnavais”
Ele há arenas & arenas,
Ele há arenas, e há demais,
E, apesar das quarentenas,
Nunca acabam os Carnavais!
Quando abrem as madrugadas,
Por entre vultos de nevoeiro,
O que mais se vê são touradas
Por cá e p´ lo mundo inteiro.
Ele há arenas bem juvenis
Diferentes das tradicionais
Dizem-se escolas, por um triz
Olvidando os próprios pais.
Ele há arenas de rua em rua,
Com mil “nuances” e folias,
Estão entre o sol e a lua
Revestidas de fantasias.
Ele há arenas pelas aldeias,
Muitas mais pelas cidades,
Não têm valores nem ideias
E os erros são as verdades.
Ele há arenas policiais
Que não respeitam virtudes
Gladiam-se nos tribunais
Com abjectas atitudes.
Ele há arenas-hipermercados
Que vendem gato por lebre
Escaparates engalanados
Fintando a lei que não serve.
Ele há arenas sacralizadas
Benzidas com água benta
São refeições alternadas
Entre os oito e os oitenta.
Ele há arenas e há partidos
Com gestos d´ encantamento
Sentam-se mui bem servidos
Nas bancas do Parlamento.
Ele há arenas feiras-vaidade
Que fazem ver que são tudo
Mas, no fundo, e por metade,
Não passam de mero entrudo.
Carnavais? Sim, esses são
As verdadeiras arenas
Não passam de diversão
Nas mais caricatas cenas.
A vida é a suprema arena,
Quer de dia, quer de noite,
Quem anda nela se depena
Cada passo, cada açoite.
Arenas, para que vos quero
Instituições mascaradas?
Se me quereis poeta sincero
Ficai co´ as portas fechadas!
© Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA