segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

ESPELHO DA VIDA




Espelho da vida


Em frente do espelho da memória
Vê-se refletida toda uma vida
Mira-se, remira-se e admira-se.
Afinal quem sou eu espelho meu?
Tu, és tu, sem igual.
Com o rosto marcado pelo tempo intemporal
Com rugas dos anos, esbeltas, de canseiras
Com um silêncio no olhar, para meditar
De lábios adocicados, de beijos fraternos
Mãos enrugadas marcadas pelos invernos
Carinhosas, como as letras adormecidas
Sem brilho, pelas carícias enternecidas
Com o coração de batidas lentas, ternurentas
Outrora sempre acelerado, endiabrado
Espelho da memória, onde estavas tu?
Onde andava eu?
Que não dei pela inevitável transformação.
Eu estive sempre aqui
A olhar para ti
A refletir a tua mutação
Qual rio, qual montanha qual estrela-do-mar
Na natureza contemplativa
abraçaste o espelho da vida.