Imagem - Braga - Portugal
VOLTEI
Voltei
ao adro da igreja matriz,
rodeada ainda de flores silvestres,
vinhedos e outras paisagens campestres,
ouvi o toque do sino que ainda me diz;
de que lado é que o vento sopra,
se é hora, ou se alguém nasceu;
Se para a missa ainda tempo falta
ou se é anuncio de que alguém morreu.
Também; se há baptizado
ou se é que casamento seja.
Se o rebate é por fogo no eirado
ou simples prática de igreja!
Voltei
ao carreiro cangosta,
de muros altos meio a cair,
onde o dizer que se gosta,
é intimo, fez corar e sorrir!
Mesmo a água que ao lado corre,
formando lameiro aqui e ali,
faz contas ao tempo que dure,
a promessa que ouviu de ti!
Em zumbido subtil de abelha,
que voa de flor em flor,
sussurrado bem junto de orelha,
aceite e retribuído com amor!
Voltei
ao monte maninho,
onde ainda há o pinhal ondulante,
ao sabor do vento meirinho
e daquele gaio petulante
que teimava em o melro perseguir,
não nas copas mas no descampado,
como se quisesse sentir
o sabor da terra do campo lavrado.
Onde saltita a levandisca
de perna alta e "pose" elegante
sempre atenta, não arrisca,
ser alimento de algum viandante.
Voltei
á casa solarenga,
de piso térreo e sem soalho,
em tempo que já rebenta,
o ramo e a folha no carvalho.
Ainda é cedo para a landra ,
talvez mais para o verão,
hoje ainda me lembra
que a sua farinha fazia pão.
Amargo como trovisco.
Era o pão de "mata fome".
Quase como o chuvisco
que não molha mas consome!
Visitei
o registo da história
nunca esquecida por muito lembrada
de que se alimenta a memória
quando se quer reforçada.
Com o carinho fraterno
de tudo, e do todo, familiar,
Que mesmo parecendo eterno
Tem um tempo para durar!
No adro, na torre, na Igreja.
Nos caminhos que cangostas eram
Nos campos. Nas casas. Onde o seja
a ternura... que traz o recordar!...
Visitei
o antro da saudade
recriando os cenários
fundamento da verdade
em resto de bocados vários
entre todos os lembrados
muito maus ou muito bons
mesmo os que sendo pecados
consiga eu dar-lhe os tons!
António Fernandes