MULHER
Mulher, que o teu dia não apague
Na nossa memória! Que seja
Mais do que um dia que corteja
A fêmea! Que Deus embargue
O apagão, que não se esgalgue!
O malévolo apagão,
Que te faz ser conformada
Com uma vida subjugada
Às almas sem compaixão,
Que te desmemoriam!
Mulher, que por hoje e sempre
Seja insígnia de valentia,
Amor e pura poesia!
Que não se venda, nem compre
Esse teu nome de sempre!
© Ró Mar
MULHER
Ah mulher sem medo, sem quase nada...
Traz lenço, um feixe de lenha à cabeça.
Dois braços cansados; ver se não tropeça;
Parece que vem um pouco embriagada!
Ah linda Senhora madeixa dourada,
Sapatos salto alto, lindos à bessa.
Sentada, bebe uma rodada à pressa
Tem uma vida bastante stressada.
Tantos deveres, sociedade bruta!
Uma emancipada outra de sujeição;
Na comunidade, nos lares, na labuta
Estes adjetivos ferem o coração;
Pra igualdade é preciso ir à luta.
Só com respeito s' acaba a submissão!
© RAADOMINGOS
AQUELA MULHER CHORAVA
Aquela mulher chorava
Numa rua de Lisboa
É saudade que a magoa
Quando o passado lembrava
De tanto chorar molhava
O presente que temia
Nem o sol já lhe sorria
Quando com ela se cruzava
Sua sina está marcada
Nas rugas que tem no rosto
Vem-me lembrar o sol posto
Quando ele está de abalada
Caminha de olhos no chão
Com vergonha do destino
Sem nunca perder o tino
É grande a sua emoção
Esta mulher embandeira
Nesta cruz que Deus lhe deu
Esquecendo seu apogeu
Pois p’ra vida era a primeira
Revoltada com a sorte
Que lhe foi tão madrasta
Mas não sabe dizer basta
Nem mesmo à própria morte
Sua história não a sei
Mas foi grande o seu pecado
Pois um ar tão desolado
Nesta mulher encontrei
É dela este seu fado
Que lhe ofusca a garganta
Sem saber porque o canta
Num terreiro malfadado
Nunca despreza o presente
Que o passado já lá vai
O futuro não a atrai
Porque é impertinente
Sem cantar só pede a Deus
Que bem trace o seu destino
Que o faz ser tão ladino
Junto com os pecados seus.
© ARIEH NATSAC
MULHER
Mulher és o meu poema,
Que escrevo em singelo verso
A grandeza do teu universo
Perfumando de alfazema
O teu majestoso berço.
Mulher és inspiração,
Que te desdobras em arte
De viver e sonhar marte,
Com dom, amor e paixão
És mãe, amante e baluarte!
© Ró Mar
MULHER
Ser sublime dotada de sensatez,
Sobressai em extensos madrigais.
Entre o perfume dourado dos trigais,
Inspira músicos, poetas com avidez.
Perfeitas odes de tempos imemoriais,
Compõem linhas de nobre conduta.
Não sendo preciso reger a batuta,
Dão música em requintes sensuais.
Maravilha das sete sabe o que quer,
Na encruzilhada o caminho a correr;
Sem nunca perder o traço exuberante.
É esposa, companheira, mãe, amante;
Um belo e lapidado diamante,
Em momento algum uma pedra qualquer!
© RAADOMINGOS
Dia da Mulher
Feliz dia da mulher
E honras à sua alteza,
E ao jeito como requer
De mostrar sua beleza.
Eu diria mais depressa
Feliz ano da mulher,
Afinal que história é essa
De “um dia” p’ra enobrecer?
Tem jeito p’ra governar
E ao mesmo tempo ser mãe,
Sabe como compensar
O amor que vem de alguém.
O jeitinho subtil
Para pedir um louvor
E o modo tão gentil
Faz reforçar o amor.
© Fernando Figueiredo
MULHERES
I
Mulheres de todo o mundo, que lutam
Pela paz e sofrem as atrocidades
Da desumanidade, que labutam
Pelos seus e com todas as dificuldades;
Mulheres, que sabem ser mulheres
E mães com mui valor e são ignoradas,
Muitas espezinhadas, são grãs seres
E deveriam de ser salvaguardadas!
Mulheres, que são subordinadas,
Descriminadas, seja p'lo que for,
Não podem continuar a ser enganadas!
Mulheres têm direitos, não têm cor!
E, em pleno século vinte e um coitadas
Daquelas que se calam por tanta dor!
© Ró Mar
*
II
"Daquelas que se calam por tanta dor"
Inexpressivas vozes sem relevância;
Mulheres, clamai vossa importância
Aos papéis submissos; qual amargor.
No universo d' invólucro castrador
Portas abertas de grave ignorância,
Não peçam ao intelecto tolerância
Pra c' um reino violento e opressor.
À prática de distinção e preconceitos
Qu' a sociedade adotou como crença
Mulheres, não tolerem desrespeitos!
Que não se tenha que pedir licença
Pro que foi garantido como direitos;
Aquando legislados à nascença!
© RAADOMINGOS
*
III
"Aquando legislados à nascença",
Num leito de inocência sopra vida
Independente da etnia ou qualquer crença
E do género encarregar-se-á a vida!
Crianças que serão os Homens e as Mulheres,
Futuramente, não porque nasçam
Meninos ou Meninas! Ambos têm quereres
E o direito de escolher ir por onde são!
Mas, ainda há a panóplia de preconceitos
E defeitos minando a sociedade
Que se diz ser p'la igualdade de direitos;
Dos quais se destaca a individualidade
Como punição ou consumação! Conceitos
Que tendem a desrespeitar a liberdade!
© Ró Mar
Sonetos do Universo | 08/03/2022