terça-feira, 16 de setembro de 2014

O BURRINHO DA MOLEIRA


“HÁ 30 ANOS NA ALDEIA DE SOUTELO:

O BURRINHO DA MOLEIRA”


Ao burrinho de olhar doce encostada, 
Magrinho sem já poder com a fornada,
Ia a moleira, subindo para as alturas
Já velhinha, passo triste e alquebrada.

Fui-lhe falar das canseiras desta vida
Que é tão cheia de fadigas e agruras
Mas que, lá no céu azul uma guarida
Nos esperava com paz, e só venturas.

Olhou para mim com olhos de tristeza,
Em que havia ainda restos de beleza,
E respondeu resignada e com carinho:

Vou deste mundo em que vivi sozinha,
Sem mão amiga que apertasse a minha.
Por amparo, só tenho o meu burrinho! 

Alfredo Costa Pereira