“HÁ 30 ANOS NA ALDEIA DE SOUTELO:
O BURRINHO DA MOLEIRA”
Ao burrinho de olhar doce encostada,
Magrinho sem já poder com a fornada,
Ia a moleira, subindo para as alturas
Já velhinha, passo triste e alquebrada.
Fui-lhe falar das canseiras desta vida
Que é tão cheia de fadigas e agruras
Mas que, lá no céu azul uma guarida
Nos esperava com paz, e só venturas.
Olhou para mim com olhos de tristeza,
Em que havia ainda restos de beleza,
E respondeu resignada e com carinho:
Vou deste mundo em que vivi sozinha,
Sem mão amiga que apertasse a minha.
Por amparo, só tenho o meu burrinho!
Alfredo Costa Pereira