DESAFIO POÉTICO: "JUNHO | QUADRAS POPULARES"
FORÇA DA TRADIÇÃO
Santo António, és o primeiro
Dos três santos populares
És o santo casamenteiro
Que alegra os nossos lares
Tens tal fama no teu dia
Que toda a bela cachopa
Só pensa com alegria
Em queimar uma alcachofra
Santo António, Santo António
Dá me um arco e um balão
Santo António, Santo António
Vem prender meu coração
Santo António, Santo António
Vem saltar uma fogueira
Santo António, Santo António
Vem brincar a noite inteira
Rapazes e raparigas
Dancem e cantem sem parar
As vossas belas cantigas
Para toda a gente alegrar
Cada marcha que aqui passa
É um bairro e um pregão
Que enfeita e dá graça
E mais força à tradição
Santo António, Santo António
Dá-me um arco e um balão
Santo António, Santo António
Vem prender meu coração
Santo António, Santo António
Vem saltar uma fogueira
Santo António, Santo António
Vem brincar a noite inteira
Esta Lisboa velhinha
Que de ti se enamorou
Fizeste dela a rainha
Que o povo acarinhou
Vosso par ficou eterno
E durante o mês de Junho
Renasce um amor mais terno
Nessas noites como um sonho
© ARIEH NATSAC
AOS SANTOS POPULARES
Chegado o mês de Junho
Há alegria nos olhares
E quadras que rascunho
Aos Santos populares.
Nas ruas há animação
E não faltam manjericos
P'ra entoar no coração
A música dos bailaricos!
António de Lisboa,
Meu Santo milagroso,
Casai a rapariga boa
Com um moço bondoso!
São João, lá do Porto,
Trazei-nos vinho prá boda
E verão p'ra conforto
Do luar de roda em roda!
E, cansados de dançar
Que nos valha São Pedro
Para a fogueira saltar
Até à sombra do cedro!
A chave, entre o arvoredo,
Duma casa caiada
De branco, de manhã cedo,
Para ser nossa morada.
Nas casinhas há harmonia
E não faltam manjericos
P'ra dar à janela poesia
De cheirinho a namoricos!
No fim do mês de Junho
Há alegria nos olhares
E quadras que rascunho
Aos Santos populares.
© Ró Mar
“Festas Populares 2022”
Mês de junho, mês do povo,
Mês dos Santos Populares,
Pelas ruas nada de novo
Muito menos nos altares.
Cascatas de Santo António
Enfeitadas com balões
Manjericos património
E uma cesta prós tostões.
Santo António e São João
Com brincadeiras finas
Vão jogando de mão em mão
Coloridas serpentinas.
Não acha graça São Pedro
Aos alhos-porros famosos
Mas guarda-os em segredo
Dos olhares cobiçosos.
Festas Populares são assim
Singelas e sem intrigas
Que o diga o Benjamim
Sempre atrás das raparigas…
Com sardinhas ou bifanas
Todos querem petiscar
Há tintol prás carraspanas
E caldo-verde a fumegar.
Mês de junho, mês do povo,
Mês pequeno, mas com graça,
Todos gozam, sem estorvo
Pelas ruas, em cada praça.
Mês do povo, mês de junho,
Mês de todas as primícias,
Boas-Festas, testemunho
Coisas belas, oh delícias!
© Frassino Machado
LISBOA PRIMEIRA
Na noite de Santo António
Nas escadas, nas vielas;
Pressente-se matrimónio,
Nos olhos, nas piscadelas.
Belo é ver remexer
Se alusão ao namorico;
Há cartãozinho a benzer
No cimo dum manjerico.
No pão, assadinha sardinha
Pede depois de bailar;
Que sirvam boa pinguinha,
Num copo pra acompanhar.
Lisboa é a primeira
Dos Santos na tradição.
Pra que pronta a sementeira,
Segue os Stos Pedro e João.
© RAADOMINGOS
Santos populares
Santo António, São João
Protegei-lhe por favor
A bem do meu coração
Os passos do meu amor
Pelos bairros a saltar
Toda a noite e mais meu bem
Fartei-me de o beijar
Ele beijou-me também
Que boa rusga fizemos
De mãos dadas a correr
O festival que nós demos
Todos o quiseram ver
A nossa alma salta e canta
Nas rusgas do São João
Cada cantinho encanta
Canta o nosso coração
© Custódio Montes
MARCHAS…
Lá vai Lisboa a marchar
Com fatos de multicores
Andam no ar mil odores
Cheira a santo popular
Desfila-se na avenida
Soam cânticos p’los ares
Todos ligeiros os pares
Felizes da sua vida
Cada bairro faz figura
P’ra manter a tradição
Com amor no coração
Desta gente humilde e pura
Rapazes e raparigas
Mostram todo o seu valor
Na beleza no esplendor
Na garra de umas cantigas
Vem p’ra rua toda a gente
Também gostam os turistas
Acompanham os bairristas
De uma maneira diferente
Desde Alfama à Madragoa
Do Bairro Alto a Benfica
Mas em casa ninguém fica
Para ver passar Lisboa
No dia treze de junho
Santo António dá-lhe a mão
Como manda a tradição
Passando-lhe o testemunho
Marchas já há este ano
Covid tudo mudou
O povo não desfilou
Naquele passeio urbano
Nossa prisão foi marcando
Lisboa perdeu a cor
Deixando um rasto de dor
Pandemia desfilando
Santo António nos libertou
Temos de volta a cidade!
Deu-nos nossa liberdade
Solidão em nós acabou.
© ARIEH NATSAC
HÁ NOVAS MARCHAS NAS RUAS
Já te vestiram de tudo,
O teu pranto cantaram.
És generosa pra estudo,
Tanto em ti se inspiraram.
Já te calçaram chinelas,
Sapato fino, outros mais...
Nas pernas tuas canelas,
Te adornam pros arraiais.
Na ligeireza do passo,
Deixas os olhos pousar.
É deles o teu compasso;
Sua, a tua verve amar.
Na esbelta cintura dedos,
Decifram a tessitura.
Qual a fase nos segredos,
Quando pronta a partitura.
Nesse doce encantamento,
Santo António fez das suas.
É claro o enamoramento,
Há novas marchas nas ruas.
© RAADOMINGOS
COSTUME DE LISBOA
Varinas tem no andar
Manjericos na lapela
Vai Lisboa namorar
No mais lindo barco à vela
Remam asas de gaivota
Flutua nos braços do Tejo
Levando o cheiro da lota
A brisa manda-lhe um beijo
Junto ao cais a baloiçar
Tem costume de adormecer
Vê Santo António bailar
As suas sete colinas
As suas lindas meninas
Que o estão a proteger
Durante a noite o luar
É o seu lençol de espuma
Que a sabe alindar
Como se fosse uma pluma
Ele contente e feliz
Sonha com a sua história
E quando passa bem diz
Seu orgulho de vitória
© ARIEH NATSAC
TRONOS DE SANTO ANTÓNIO
Lisboa tem tradição
Pelas ruas e vielas
O cheiro a manjericão
E das sardinhas capelas;
Há grinaldas de flores,
Lanternas, balões e mais
Feitos de papel de cores
Garridas prós arraiais.
Lisboa tem património
Pelas montras e janelas
Tronos de Santo António
Chamariz prá ginga delas;
Há caldo verde, bifanas
Chouriço assado e vinho
Que engorda as trezenas
Do seu Santo Antoninho.
Lisboa menina do Tejo,
Sete saias a marchar,
Lava as vistas no cortejo
A António e vê-se casar;
Há andores e tambores,
Seda e chita colorida
P'ra conquistar amores
E saudade à despedida.
Lisboa tem arte e oficio
Pelos bairros típicos,
O fado honra o solstício
De verão com namoricos;
Há alegria e multidões
Pelos Santos populares
E Amália nas canções
A avistar todos os altares.
© Ró Mar
UMA MARCHA PARA ALCÂNTARA
Alcântara passas brejeira
De mansinho a dar ao pé
Saltas em qualquer fogueira
Mostrando um ar sem ralé
Vais formosa como sempre
Aqui ninguém te segura
Vens dizer a toda a gente
Que não há gente mais pura
Vives junto à beira-mar
Com os pés assentes na terra
Com seus modos de encantar
Passas a vida a cantar
O que a tua beleza encerra
Nem Camões foi esquecido
Tem aqui a sua rua
Neste bairro onde é merecido
E os Lusíadas sempre ouvido
Na boca de qualquer pessoa
Teve a rainha do fado
D.ª Amália foi a dilecta
Cantou-o por todo lado
De uma forma bem discreta
Alcântara é um rosário
De penas por desfiar
É tão grande o seu Calvário
Que o foram lá deixar
Vives junto à beira-mar
Com os pés assentes na terra
Com seus modos de encantar
Passa a vida a cantar
O que a tua beleza encerra
Nem Camões foi esquecido
Tem aqui a sua rua
Neste bairro onde é merecido
E os Lusíadas sempre ouvido
Na boca de qualquer pessoa
Tens a ponte sobre ti
E toda a gente que passa
Olha do alto e sorri
Extasiada com a tua graça
Passam para lá do Tejo
Com Santo Amaro a vê-los
Lançando-lhes um terno beijo
Para sempre protegê-los.
© ARIEH NATSAC
JUNHO É LISBOA EM FESTA
Junho é Lisboa em festa,
Santo António vai á Sé
E ao município, nesta
Maravilhosa tournée;
Após o matrimónio
Desfilam pela Avenida
As noivas de Stº António
E as Marchas dão-lhe vida!
Noite de Santo António
Leva Lisboa ao céu
Compõe o aniversário
Do padroeiro a tropel!
Amália é mote forte
E os bairros badalam
E marcham a sua sorte
A ver o que conquistam!
O júri é soberano
E a mais linda da Avenida
Vai ser coroada este ano
E por todos acolhida!
Noite longa e calorosa
Que abre as portas ao verão
Com muita música e prosa
Ao luar do manjericão.
Junho é Lisboa em festa,
Santo António é a Fé
E com alegria nesta
Vai de chinela no pé!
© Ró Mar
QUERO VER VIVA LISBOA…
Quero ver viva Lisboa
De Alfama à Madragoa
Bem juntinha à beira rio
Mostrar-se fresca e ladina
No seu porte de menina
Que lá no alto surgiu
Tem as honras de rainha
De um castelo foi madrinha
E de um povo que bem lhe quer
Por ser nobre e azougada
Para a farra foi fadada
Vai numa marcha qualquer
Tem seu santo padroeiro
Que o nosso rei primeiro
Quis que fosse S. Vicente
Quando conquistou Lisboa
Embora muita gente boa
Tem Santo António em mente
É santo mais popular
Põe o povo a cantar
É também casamenteiro
Dá mais brilho à cidade
Festeja-se em liberdade
E Lisboa tem outro cheiro.
© ARIEH NATSAC
Autores: ARIEH NATSAC, Custódio Montes, Frassino Machado,
RAADOMINGOS e Ró Mar