domingo, 19 de julho de 2015

CORAÇÃO SEM DONO


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CORAÇÃO SEM DONO 


No limiar das manhãs vê-se um leve sorriso, 
Um triste olhar que desvanece ao fim do dia. 
Caiu a noite e o dia levou a esperança 
De ter onde ficar, dorme ao relento e não era preciso! 
Desnuda-se e levanta a poeira…vestem-se as pedras da calçada 
De lágrimas que comportam a lagoa verde, cor de esperança. 
E, é um outro dia…e, cada dia que passa o seu olhar 
Mais desfalece! Não se vê vivalma 
E os dias contam-se e somam-se as noites 
Às mais belas iguarias…e, não há que o consolar! 
Pobre coitado viaja só pelo universo tremulando ao abandono! 
Cansado está de tão sôfrego viver… 
Traz a velhice plissada pelo rosto e o desgosto a alongar 
Seus cabelos que urgem uma casa onde morar. 
Continua a travessia pelas ruas e apronta-se nas ruelas… 
Olha à esquerda e à direita e o que vê é mais uma jornada 
A palmilhar o desesperante cansaço de todos os dias! 
Precisa de paz, pois de amor já nada espera pelo caminho. 
Não se vive pela metade 
E, de sonhos e utopias não se sente o puro ar! 
Que melodias fantasiam e não encobrem o olhar ao céu sem par 
Sempre sabemos que é desviar e não olhar! 
E, é nem mais que um pobre coitado precisando 
De um teto onde possa ainda morar! 
Ai, o amor que foi outro tempo, e, agora resta a esperança 
De ter um pouco de paz que espera o cansaço de todos os dias… 
Quiçá, as portas do céu se abram e deixem o coitado lá ficar! 
Caiu a noite e o dia levou a esperança 
De ter onde ficar... 
Vagueia pelo paraíso e seus delírios o desencaminham 
A ser completo, e é-o, em trova ou em verso vai trauteando 
As letras de uma sina que tanto teme e pelejam 
Um teto onde morar! 
E, sonha uma casa pequenina e fermosa que teto azul tem 
E abraça a lua escrevendo o que lhe vai na alma... 
Que são frases completas de uma vida que não é 
E vive o que é pela metade 
Que tem a noite em troca para dar. 
Uma casa pequenina que fermosa é, 
Um palacete ao seu olhar 
E no hiato vê as estrelas pelo céu a brilhar! 
As lágrimas sucedem-se, um cisco no olho, e volvem-se os dias 
Todos e as noites a completar o pobre coitado! 
Não sabe viver em metades que sempre sonha… 
A vida não é seu contento, diz-se que não o amam! 
E todos os dias se somam a tantas noites, o vazio preenche o luar 
Enquanto não chega o seu bem complementar! 
O pior é ser malogrado ao amor…que em metade nada é! 
É a vida que tem 
E o que espera dela pouco é, 
Vê-se pelas letras que desenham o lacrimejado 
Azul, que lago é, onde ainda se habilita a viver! 
E, é mais um dia onde perfuma seus grisos cabelos 
Pelas velhas janelas 
Que têm a ser um qualquer dia. 
O pobre coitado é um coração sem dono! 

® RÓ MAR