QUANDO A NOITE CHEGA
A noite chega bruscamente e eu bocejo,
Não de sono, apenas cansado dum dia
De emoções e de surpresas, anormais,
Focadas pelas televisões e pelos jornais.
O dia a dia é cada vez mui mais penoso,
Torna a vida amarga e de vil martírio,
Perdem-se amigos, ganham-se inimigos,
Passa-se todo o tempo a sofrer martírios.
Martírios difíceis de superar, tarda o dia,
Em que tudo irá mudar, não há ventania,
O tempo escureceu, a lua nova emigrou,
O céu ficou negro, nem o luar se salvou.
Luar que se envergonha do que vai vendo
Na terra que ilumina, em noites de vigília,
Linhas de fogo luminosas das guerrilhas
Que os homens travam com as quezílias.
Quezílias que se tornam ferozes e mortais
Para crianças, mulheres e tudo, é demais,
A humanidade caminha para o extermínio,
Não se vislumbra desvios e outro caminho.
Viver o dia a dia tornou-se hábito e rotina,
Não se fazendo algum esforço, paradigma
Que se vive, essência da vida de combate
Que se trava no campo semeado de ódios.
Quando a noite chega, acaba mais um dia,
Sem se saber se outro dia melhor chegará,
Estarei toda a noite de vigília, sem sono,
Escrevendo minha poesia, dedicado dono.
Ruy Serrano