quarta-feira, 31 de maio de 2017

A VOZ DAS NUVENS !!!...




" A VOZ DAS NUVENS !!!..."


Nuvens brancas de algodão.
Voando como um balão;
P´ lo azul do firmamento!...
Levam ilusões e sonhos,
De cores alegres... risonhos...
Guardados no pensamento!...

Quando negras elas são;
Provocam raio e trovão,
Tempestade paira no ar!...
Nossa alma está dorida,
Ou existe alguma ferida;
Que faz a nuvem chorar!...

Por vezes o vento frio;
Da rota faz um desvio,
A nuvem expele granizo!...
Depois tudo se acalma;
Mais leve nos fica a alma;
Ao sonho volta... o sorriso!...

Roda o mundo como a vida;
Tal como a nuvem perdida,
Voando ao sabor do vento!...
No silêncio gritos ecoam;
P´lo espaço se perdem... voam,
Nas nuvens do esquecimento!...

António Joaquim Alves Cláudio

sexta-feira, 12 de maio de 2017

CHUVAS DE MAIO




CHUVAS DE MAIO 


Chuvas de Maio, chuvas de Maio
São chatas mas benfazejas
E servem de excelente ensaio
Para embelezar as cerejas.

Quem sente assim a chover
Olha as chuvas de soslaio
É chatice, lá terá que ser,
Chuvas de Maio, chuvas de Maio. 

Ele há chuvas todo o ano
E nunca delas há sobejas,
E às vezes, como em desengano,
São chatas, mas benfazejas. 

- “Ó que chatices extremas”,
Canta o melro, lamenta o gaio,
Mas resolvem problemas
E são serventia de ensaio.

Há pessoas a estranharem
Mas, fora a parte as invejas
É bom, as chuvas cantarem 
Para embelezar as cerejas. 

Só é pena p´ ros peregrinos
Esses, sim, se lamentarão
Sentem mais longe os destinos
Correndo perigo a devoção. 

É custoso qualquer caminho
Mesmo que esteja bom tempo
Mas, com chuvas e em desalinho,
Ser peregrino é um tormento. 

Chuvas em Maio? “Nossa Senhora,
Deixa-nos a todos chegar,
Que seja bendita essa hora
Em que nos vais abençoar!” 

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

OS SANTOS INOCENTES




OS SANTOS INOCENTES 


“As trovas dos Valinhos”


Duas crianças, inocentes,
Dos caminhos deste mundo
Já estão na alma dos crentes
Em culto de fé jucundo.

Nasceram desconhecidas
De famílias estigmatizadas
E deram as suas vidas
Num rosário de pegadas.

Cada dia, ao sol nascer,
À frente do seu rebanho
Por sendas, a subir e descer,
Ganhavam seu pão estranho.

P´ las veredas dos Valinhos
Com frio, com chuva e ao vento,
Com dores e sem carinhos,
Sem direitos e sem lamento.

Sempre vestidas de fome,
De côdeas secas, sem lume,
Sem privilégio dum nome
Dormindo às vezes no estrume.

Passavam à porta da escola
Com as ovelhas a balir
E um vazio na sacola 
Sem vontade de sorrir. 

Desde manhã até à noite
Apanhavam bolotas a rodos
Com medo de algum açoite
Que apanhariam de todos.

Ninguém estranhe as visões
Que juraram ter vivido…
Vida negra e alucinações
Teriam ou não ocorrido. 

Num ano de fim-de-guerra
Sem tempo pra fantasias
Por todo o lado, na terra,
Mendicância e epidemias… 

Morreram cedo, é natural,
Agarradas ao seu rosário,
Ficou delas um roseiral
Com espinhos de fadário.

Mar de histórias comoventes
Das crianças dos Valinhos
E agora, «os santos inocentes»
Num altar de pergaminhos. 

É justo um lugar cimeiro,
É merecido todo o louvor,
E seria justo e pioneiro
Haver milagres sem dor.

Há Valinhos por todo lado,
Há crianças estigmatizadas,
Que mereciam um outro fado
Do que serem exploradas.

Aos bons santos e Maiorais
Propõe-se a “canonização”
Dessas crianças sem pais,
Com verbas de angariação. 

Mãe de Fátima e santo Padre
Poder-se-ão bem entender;
Que admirável seria o milagre
Se isso viesse a acontecer.

Minhas Trovas dos Valinhos
Eu venho aqui ofertar
Aos resistentes Peregrinos
Que a Fátima irão chegar! 

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

terça-feira, 2 de maio de 2017

O TRABALHADOR


Art by © Alexandre Alonso 


o trabalhador


é aquele que trabalha...
seja na realidade ou seja na ilusão, 
mesmo que só respire e pareça
não fazer mais nada não, 
há o trabalhador que caleja a mão 
e o que esgota o seu corpo 
em cansaços que parecem em vão 
como também há aquele que... 
sem nunca o corpo usar é 
trabalhador dos sonhos e da ilusão, 
este constrói mundos paralelos 
usando intensamente a emoção, 
há o trabalhador que só pensa, 
estrutura e define a sua própria razão 
como única e verdadeira 
a que todos devem seguir 
e entregar sua mão.
... sejamos que trabalhadores formos 
que sejamos humildes e de coração, 
porque só unidos ergueremos uma nação: 
a do universo!, 
tendo terra como planeta 
e a humanidade como a sua
mais humana construção

© ana'Carvalhosa