Melros
Espreitei por de trás d'uma balseira,
Por ter ouvido tão belo piar,
Era um ninho de melrinhos,
Com três lindos passarinhos,
De tão simples exemplar.
Pequenos, tão pequenos,
Cobertos de penugem.
Havia já indícios,
Da cor da fuligem.
Abriam seus biquinhos.
Pra mamã lhes dar,
Bagas ou insetos,
Pra quando forem crescidos,
Terem força para voar.
Agora ajuda o pai,
Que a mamã vai trabalhar.
Vai construir outra "casinha",
Pra mais ovinhos botar.
De cor, são seus ovos.
Meio azulados ás manchinhas,
Fica a mãe aquecê-los,
Dá o pai umas voltinhas.
Está quase a eclosão,
Talvez... uns quinze dias.
Dará o pai mais a mãe,
E assim se revezerão,
No comer ás suas crias.
Estes que ouvi piar,
Não tardam do ninho sair.
Darão saltitos no chão,
Pra ensaiar o voar.
Vão passando dias,
Ficarão crescidos, valentes.
Farão depois do solo,
Rampa de lançamentos.
Serão aves livres,
Livres, de penas!
Penas, cor de carvão
Trarão melodias nos bicos,
Chilreios, nos bicos amarelos.
Embelezarão paisagens dos céus,
Farão deles, constantes castelos.
Castelos, de penas planantes,
Num azul feito liberdade.
Voarão com asas brilhantes,
Mostrando no céu, que é seu.
Que preto é vaidade...
Vaidade... vaidade...
Voando... voando...