AS CINCO ESTAÇÕES!
Há uma manhã em cada primavera
E uma tarde em cada verão!
Uma noite d' outono, quem me dera!
E de inverno que bom um serão!
A luz do dia confunde-se com a da noite,
O chá deixou de ser às cinco da tarde
Porque o dia abruptamente é noite
E o verão é ao serão a saudade!
As cinco estações!
Por mais voltas e reviravoltas
Que haja as estações são no tempo,
Contudo perdem o sentido do tempo,
Que não há meio de abrir portas!
Abrem as janelas desconcertadas
Em meio-dia de existência
Até que a vela acabe as madrugadas,
Pois, o amanhecer está longe da ciência!
As cinco estações!
Correm-se as cortinas do ano
Em meio-século de existência,
Sem querer passar mais um outono
Ao desnorte só resta a paciência!
E quando chegar o inverno
Que seja o tempo de ficar à lareira,
À conversa com a gente caseira
Até que lá do cimo toque o sino!
As cinco estações!
Às doze badaladas canta o galo,
O dia de Natal a chegar, quem me dera!
E logo de manhã cedo o regalo
É de viver mais uma primavera!
A luz do dia a perpetuar pela noite,
O chá servido às cinco da tarde,
Miraculoso, o dia deixar de ser noite
E o verão qualquer dia ser felicidade!
As cinco estações!
Abrem as portas ao pipilar da passarada
E é mais um dia pela existência
Até que a lua adormeça a madrugada
E o amanhecer longe de ser alquimia!
Abrem-se as cortinas do novo ano
Em um século de existência
Sem querer acordar para o engano,
Pois, só resta o sonho e essência!
As cinco estações!
Ao meio-dia outro galo canta,
Um dia alegre de Sol, quem me dera!
E à noitinha o luar que desperta,
É de viver mais uma primavera!
E uma tarde em cada verão!
Uma noite d' outono e d' inverno
Que bom viver um serão por ano!
E este tempo mais uma estação!
As cinco estações!