sábado, 12 de novembro de 2016

S. MARTINHO, S. MARTINHO




S. MARTINHO, S. MARTINHO


S. Martinho, S. Martinho,
S. Martinho assim é que é,
Com castanhas e com vinho,
Com jeropiga ou água-pé.

Não há terra, nem aldeia
Que não tenha o seu santinho
Viva quem teve esta ideia
S. Martinho, S. Martinho.

Não há terra sem romaria
Nem lugarejo sem banzé,
Que haja farra e alegria
S. Martinho assim é que é.

Com espírito vagabundo
Celebremos o S. Martinho
Esquecendo os males do mundo
Com castanhas e com vinho.

Nesta festa bem bacana
Toda a gente alinha co Zé
Tirando da alma um hossana 
Com jeropiga ou água-pé.

Venha de lá toda a gente
Façamos grande fogueira
Celebremos, com´ antigamente
S. Martinho p´ la noite inteira. 

Ponham-se castanhas na brasa
Durante esta noite louca
Pegue-se da pichorra p´ la asa
Voando de boca em boca.

S. Martinho, S. Martinho,
Aviva a nossa emoção
Com castanhas e com vinho
É tua a Festa e Tradição! 

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA

terça-feira, 8 de novembro de 2016

OUTONO…


Imagem - Gold Art 


OUTONO…


Outono é alquimia que perdura pelo ar,
Tem ventos de mil e uma letras a voar,
Mui folhas pequeninas e fermosas...
A pairar pelo livro das naturezas.

O luar veste-se de um verde seco que condiz
Com o modo de ser terra molhada,
A frondosa simplicidade arbústea diz
O ritmo do ciclo de vida em voz orvalhada.

Outono é passo de uma dança que se apreende
Arrecadando as folhas uma a uma pela cruz
De largo coração naquele abraço verde.

Dom que vai ao céu pelas almas que vêem luz
Em pequenas partículas de todas as estações
E assim brilham as letras que lêem corações.

© RÓ MAR


O CASTANHEIRO MILAGROSO




O CASTANHEIRO MILAGROSO 


“A estória de uma lenda”


Junto ao tortuoso e áspero caminho...
Erguia-se um castanheiro centenar,
Ali passou um dia o bom Martinho
Tencionando da chuva s´ abrigar.

Martinho era um esbelto cavaleiro
Pertencente às romanas legiões
E tendo cavalgado o dia inteiro
Cansado quis parar as emoções. 

Eis quando ouve uma voz do interior
Daquele velho tronco carcomido
E, ficando transado de temor,
Puxou de sua espada destemido.

Viu assumir do largo buracão
Um rosto de um velhote meio louco
Que, tirando pra fora a trémula mão,
Falou ao cavaleiro num tom rouco: 

- Ó poderoso, nobre e bom soldado,
Que aqui me vedes nesta moradia
Não façais mal a este desgraçado
Que passa a triste vida em agonia!

- Ai, ó homem de Deus que estou a ver
Em tal deserto longe de algum lar,
Como é possível aqui sobreviver
Sem nenhum alimento pra tomar? 

- Ó meu nobre senhor, olhai à volta
E vede estes ouriços a sorrir,
Há destes frutos e há muita bolota 
Que em cada dia está sempre a cair…

- Eu sei que boas são estas castanhas
E a bolota com bom aspecto está
Mas deverás passar mínguas tamanhas
Com esta chuva e o frio da manhã? 

- Sabei, nobre senhor, daqui não saio
Pois mais vale só que mal acompanhado
E, além disso, também cá mora um gaio
Que comigo tem tudo partilhado…

- Tens frio… Toma lá deste meu manto
Metade para ti que eu não preciso…
E a chuva estancou como por encanto
E um claro sol abriu-se de improviso.

E aquele pobre velho até chorou,
Num terno fim de tarde inesquecível,
E o bom Martinho a viagem continuou
No fim daquela acção irrepreensível. 

Algum tempo depois o velho morreu
Mas o castanheiro até hoje lá ficou…
O povo daquele velho não esqueceu:
Ali fez campa, e ermida edificou.

E o castanheiro dura e nunca morre,
Continuando a dar fruto, mais e mais,
E em cada ano o povo ali ocorre
Com festas e magustos tradicionais.

Toda a gente se alegra com carinho,
Toda a gente se farta com castanhas,
E toda a gente reza a S. Martinho
Pra que acabem as doenças e as manhas.

«Ó nosso S. Martinho, protege o povo,
Salva-nos das procelas e dos abismos
Protege adegas, e acresce o vinho novo
E despe-nos dos tristes egoísmos!» 

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA 

NÓS E O PLANETA




NÓS E O PLANETA


Se um dia o sol se esconder
e se a lua deixar de brilhar
o mundo vai escurecer,
e toda a existência exterminar,

Como tão mal tratamos o planeta
temos em nós a chave da ignição
tanta aparência suspeita,
tanto monstro tanta aberração,

Há quem queira viver noutro planeta
pois deste não soube cuidar
encontra num qualquer cometa
transporte para não mais voltar,

Hoje tanta gente quer viver na lua
outros até vivem ao luar,
vivem nos espaços que tem a rua
enquanto houver lua e sol a brilhar!

Joana R. Rodrigues 


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

PORTUGAL PEQUENINO E GRANDE




PORTUGAL PEQUENINO E GRANDE


Ó meu Portugal, ó minha grande canção,
Ó meu torrão natal e meu olhar materno
Em ti se abriga com´ um palpitar sereno
Um louco amor vestido de eterna emoção.

Tu és a Pátria de um povo alegre e fraterno
Inundado de sol e de verde exaltação
No teu centro uma Estrela e ao norte o Marão
E um litoral de mar solidário e moderno.

És grande nos teus rios, vales e montanhas,
És grande na natureza, nos frutos e nos ares,
És grande nas cidades, nas aldeias e nos lares
E tens nas tuas gentes tradições tamanhas.

Mas quando te olho num sorriso cristalino
Sinto que vem a mim, do fundo das entranhas,
A gana de um abraço, meu Portugal Pequenino.

E quero-te dizer aqui, de uma só vez,
Na saudade dos heróis e à sombra do teu hino
Que está bem vivo o orgulho de ser Português! 

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

COMO TE SINTO, TEMPO...


Imagem - SAi$ON


Como te sinto, tempo…


Sinto o tempo
Neste tempo que há em mim
Não sei se é o momento
Do tempo ser assim

Mas o tempo que aqui faz
É um tempo algo diferente
E eu que às vezes sou audaz
Digo ao tempo que estou contente

Contente com o seu estado
Contente com o raiar do Sol 
Ao Sol que bom bocado 
Eu passo para não ficar mole 

Gosto muito deste tempo 
Que o tempo se dá a nós 
Vibro às vezes num só momento 
Por este tempo fico sem voz 

É um tempo outonal 
Ou deveria ser assim 
Neste tempo especial 
Vê-se o Verão que há em mim 

Dizem que é o Verão de São Martinho 
Mas eu até vou mais além 
É tempo de se provar o vinho 
Tal e qual como convém 

Venham daí as castanhas 
Venham daí as canecas 
Acabem-se com algumas manhas 
Nesses gajos que são carecas 

Ó tempo como tu estás 
Digo eu e dirão mais 
Este Sol que tu me dás 
É uma beleza por demais

Armindo Loureiro 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

AOS TEUS BRAÇOS



AOS TEUS BRAÇOS


em teus braços acalmo
nos teus rios banho-me
e por mais que te estranhe
sei que és o meu estranho
quando de ti preciso e vejo

seres tu meu único desejo
o que isoladamente beijo
nos teus braços me mantenho
e por todo o amor não estranho
que é sempre aos teus braços que venho

© Ana'Carvalhosa

TERRA MATER DE MIM




TERRA MATER DE MIM 


Ó Terra Mater de mim
Canção da Terra, meu país,
Aroma suave de jasmim
Flores e frutos de raiz.

Fundei leivas e cresci
Deixei saudade viçosa
Nunca de mim te perdi
Nesta memória fogosa.

De ti minha alma voou
Em vida de contradança
Na brisa que transportou
Uma loucura de esperança.

Levei de ti as sementes
Loucos sonhos por haver
Procurei solos diferentes
Onde os pudesse colher.

Terra Mater, terra povo,
Máscara de vida perdida
Mundo velho, mundo novo
Toalha branca estendida.

Longe meu fado chegou,
Meus poemas, trovas de luz,
Maré de espuma enrolou
A água do rosto que pus.

Ó Terra Mater de mim
Ó terra da vida dura
Quero contigo dizer “sim”
Sublimando a desventura!

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA