sábado, 11 de abril de 2020

O MADRIGAL DAS ROLAS




O MADRIGAL DAS ROLAS  


Fluem meus passos através da orvalhada
Na indecisão da ténue e branda claridade
E ao som do arrulhar das rolas da calçada
Acabei atenuando os meus ais d´ ansiedade.
Por entre os verdes arvoredos do calmo bosque
Fez-me bem esta descontraída caminhada
Que reavivou em mim um salutar retoque
Para cuidar duma terapia apropriada.

Vestido de silêncio, logrei fruir, e bem
Este meu madrigal que, por ora, me retém…

O sol anda vadio e não revela o rosto –
Aquele rosto que todos os pássaros veneram –
Mas as cantantes rolas gozam a contragosto
O primaveril prazer que ainda não tiveram.
Ao meu lado, caminha a brisa baloiçante
Que noutro tom vai sussurrando suavemente
Uma ária de saudade longa e deslumbrante
Que sobe do meu corpo e bate à minha mente…

Ai rolas, ai rolas, deste madrigal singelo
Trazei o vosso canto para o meu castelo!

© Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM