quarta-feira, 29 de julho de 2020

O MEU CAMINHO


O MEU CAMINHO


Prossigo percorrendo o meu caminho
Eivado de barreiras e de escolhos
Às vezes no trajecto vou sozinho
E sinto essa tristeza nos meus olhos

Aqui um doce cheiro a rosmaninho
Ali um cardo pica... faz-me ferida
Além já brilha a urze, o azevinho,
É linda uma roseira tão florida...

Aqui cai do riacho água em cascata
Ali molha-me a chuva copiosa
Logo o luar me cobre, cor de prata,
E a lua me sorri tão luminosa...

Aqui o sol me queima, a vista arde,
Ali já sinto frio, sem afecto
Depois eu sinto calma em fim de tarde
E tenho comoção sob o meu tecto

Aqui encontro água numa fonte
E bebo, minha força retomando
Ali fico sentado sobre o monte
À volta o horizonte contemplando

Aqui dormi um pouco e já acordo
Dum sonho que não sei qual o sentido
Ali olho pra trás... então recordo
Foi bom este trajecto ter vencido

Caminho sinuoso, complicado...
Não sei o que me resta mas percorro
Só sei que já me custa... estou cansado
Mas penso… se parar depressa morro!

E tanta pedra vejo!... E me comovo...
Contudo nunca entro em desvario:
Aquelas que inda posso, eu as removo
Das outras, as maiores, me desvio.

© Joaquim Sustelo

A MINHA GALÁXIA…


A MINHA GALÁXIA…


Fiz do sol a minha casa
Que numa nuvem flutua
Tenho uma praia na lua
E nado num golpe d’asa

Passeio num astro qu’ abrasa
No meu Éden onde actua
Sem saber qual é a sua
Frequência que me arrasa

É uma estrela que é tua
E num planeta que amua
Também o sabe cobrir

Lá em Londres ou Kinshasa
Explorada pela Nasa
Galáxias do seu provir.

terça-feira, 21 de julho de 2020

A MEIO DUMA TARDE...


Fotografia de Ró Mar


A MEIO DUMA TARDE...

ATÉ AO LUAR!


A meio duma tarde... o calor transborda 
E nada melhor do que refrescar memória
Num cubo de gelo de poesia e dar corda
Ao relógio... Tempo de outra oratória!

Abrir todas as janelas para a tarde içar
Em silabas frutadas, ventilar o Estio
Em almas... Renovável singeleza a par
De taças inaugurando novo brio!

Poética com métrica que serve o verão
Ao mundo que dela ouse desfrutar
O solstício com mais imaginação!

Venha gente de todas as eras rematar
Este final de tarde, em que pouso a mão
Numa tal natureza que promete amar!

© Ró Mar | 2020

quinta-feira, 9 de julho de 2020

O SANTO DA HORA CERTA


O SANTO DA HORA CERTA 


Ó São Torcato, da nossa devoção,
P´ lo teu martírio, estás junto de Deus
Salvas as nossas cabeças da aflição,
Elevas a nossa alma até aos céus.

Ele há santas e santos em descoberta,
Todos eles com a sua nobre função,
Tu és aquele Santo da hora certa,
Ó São Torcato, da nossa devoção.

A vida humana é muito complicada,
Tudo é vaidade, tudo são fogaréus,
Tu, Torcato, co´ a tua vida sagrada
P´ lo teu martírio, estás junto de Deus.

Combateste p´ los teus nobres ideais
Para limpares do erro toda a nação,
Pela verdade, e em sagrados sinais,
Salvas as nossas cabeças da aflição.

Combateste o Islão, em prol da Cruz,
O mais nobre de todos os troféus,
Trazes pra nós, nesta hora, a clara luz,
Elevas a nossa alma até aos céus.

Foste, Torcato, palavra e fermento,
Foste modelo, testemunho e renovo,
O teu exemplo tornou-se alimento
Entre todos os santos, o Santo do Povo.

Por aqui, nesta Lusa e pobre Nação,
Atormentada pelo vírus do mal,
Há quem muito precise da tua mão
Para limpar o nome de Portugal!

Tu és aquele Santo da hora certa,
Tu és aquele Santo da água viva,
Contigo as lusas mentes vão à descoberta
Do remédio pro mal que anda à deriva…

© Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

quarta-feira, 1 de julho de 2020

AS CINCO ESTAÇÕES!

 


AS CINCO ESTAÇÕES!


Há uma manhã em cada primavera
E uma tarde em cada verão!
Uma noite d' outono, quem me dera!
E de inverno que bom um serão!

A luz do dia confunde-se com a da noite,
O chá deixou de ser às cinco da tarde
Porque o dia abruptamente é noite
E o verão é ao serão a saudade!

As cinco estações!

Por mais voltas e reviravoltas
Que haja as estações são no tempo,
Contudo perdem o sentido do tempo,
Que não há meio de abrir portas!

Abrem as janelas desconcertadas
Em meio-dia de existência
Até que a vela acabe as madrugadas,
Pois, o amanhecer está longe da ciência!

As cinco estações!

Correm-se as cortinas do ano
Em meio-século de existência,
Sem querer passar mais um outono
Ao desnorte só resta a paciência!

E quando chegar o inverno
Que seja o tempo de ficar à lareira,
À conversa com a gente caseira
Até que lá do cimo toque o sino!

As cinco estações!

Às doze badaladas canta o galo,
O dia de Natal a chegar, quem me dera!
E logo de manhã cedo o regalo
É de viver mais uma primavera!

A luz do dia a perpetuar pela noite,
O chá servido às cinco da tarde,
Miraculoso, o dia deixar de ser noite
E o verão qualquer dia ser felicidade!

As cinco estações!

Abrem as portas ao pipilar da passarada
E é mais um dia pela existência
Até que a lua adormeça a madrugada
E o amanhecer longe de ser alquimia!

Abrem-se as cortinas do novo ano
Em um século de existência
Sem querer acordar para o engano,
Pois, só resta o sonho e essência!

As cinco estações!

Ao meio-dia outro galo canta,
Um dia alegre de Sol, quem me dera!
E à noitinha o luar que desperta,
É de viver mais uma primavera!

E uma tarde em cada verão!
Uma noite d' outono e d' inverno
Que bom viver um serão por ano!
E este tempo mais uma estação!

As cinco estações!