O MEU CAMINHO
Prossigo percorrendo o meu caminho
Eivado de barreiras e de escolhos
Às vezes no trajecto vou sozinho
E sinto essa tristeza nos meus olhos
Aqui um doce cheiro a rosmaninho
Ali um cardo pica... faz-me ferida
Além já brilha a urze, o azevinho,
É linda uma roseira tão florida...
Aqui cai do riacho água em cascata
Ali molha-me a chuva copiosa
Logo o luar me cobre, cor de prata,
E a lua me sorri tão luminosa...
Aqui o sol me queima, a vista arde,
Ali já sinto frio, sem afecto
Depois eu sinto calma em fim de tarde
E tenho comoção sob o meu tecto
Aqui encontro água numa fonte
E bebo, minha força retomando
Ali fico sentado sobre o monte
À volta o horizonte contemplando
Aqui dormi um pouco e já acordo
Dum sonho que não sei qual o sentido
Ali olho pra trás... então recordo
Foi bom este trajecto ter vencido
Caminho sinuoso, complicado...
Não sei o que me resta mas percorro
Só sei que já me custa... estou cansado
Mas penso… se parar depressa morro!
E tanta pedra vejo!... E me comovo...
Contudo nunca entro em desvario:
Aquelas que inda posso, eu as removo
Das outras, as maiores, me desvio.
© Joaquim Sustelo