terça-feira, 12 de abril de 2022

TEATRO DE REVISTA




DESAFIO POÉTICO: POESIA | tema: Teatro de Revista


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Teatro de Revista

EM CENA


Em frança se vestiu
Pra se contar certa história!
Cortejou Mari' Vitória
Reza ela, diz quem viu!

Portugal descobriu
A quem é que pertencera?
Só agora alguém dissera
Em França se vestiu!

Consta ser grande a memória
Por quem nos palcos atuou.
Não há como quem o pisou
Pra se contar certa história!

Desta não há escapatória
Grande é a maledicência,
Alvitra-se pra audiência:
Cortejou Mari' Vitória!

Na sala nem um pio...
De joelhos pro juiz:
Acredita no que fiz?
Reza ela, diz quem viu!

© Rosa A. Domingos

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Teatro de Revista

I ATO


Por Lisboa e região
Deslocando-se além-mar
Difícil não recordar
As rábulas e a canção!

Não tem tarde nem serão,
Qu' ambulante companhia
Não partisse em romaria
Por Lisboa e região!

Quando a época findar
Inventam outro processo;
Procuram novo sucesso
Deslocando-se além-mar.

Que emoção ao chegar,
Novo publico a aplaudir!
Impossível não sentir
Difícil não recordar!

Ato um de interpretação
A graça marca o intervalo;
Com sátiras à Bordalo
As rábulas e a canção!

© Rosa A. Domingos
 
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Teatro de Revista

II ATO e FINAL


Parque Mayer que saudades;
Foste grande nas alturas,
Mas já não vejo farturas,
...Poucas as variedades!

Revista fez amizades
Cartazes finos o expunha;
Casa cheia até à cunha
Parque Mayer que saudades!

Mesmo foco de censuras
Não fugias à mensagem;
Ah Homens de enorme coragem
....Foste grande nas alturas!

Seguem-te nas escrituras...
Onde estão Ivones, Irenes?
Há ícones, ouço sirenes
Mas já não vejo farturas!

Não tirando qualidades
Do que foste e do que és;
Agora são em palmarés
Poucas as variedades!

© Rosa A. Domingos

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TEATRO DE REVISTA


Nos tempos que correm não
Há plumas nem lantejoulas
P'ra ver brilhar a atuação
Dos artistas de eleição,
Mas, há sempre mui papoulas!
Tramas, criticas não faltam
Na paródia da revista,
Eles nelas s' aperaltam
E toda a plateia exaltam!
Ah, que o teatro sempre exista!

© Ró Mar 

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SAUDADES DO PARQUE MAYER…


Passei lá um dia destes
E fiquei tão desolado
Parque Mayer tu morreste
Então lembrei o passado

Aí que saudades eu tenho
Do velho parque Mayer
Relembro coisas de antanho
As quais não vou esquecer

Provocava-se a censura
Deixando nas entrelinhas
Dentadas na ditadura
Com graçolas bem fresquinhas

No ABC, Capitólio
Maria Vitoria, Variedades
Ficou riso como espólio
Dos artistas de verdade

O Salvador o compère
Com seu ar desengonçado
Às pancadas de Molière
Deixava o povo siderado

E o Camilo de Oliveira
Com seus tiques famosos
Fazendo de galã ou freira
Com modos maliciosos

Os mestres Vasco e o Silva
No cinema, geniais
Laura Alves, Ivone Silva,
Mariema, e muitas mais

A Beatriz Costa saloia
Que veio lá da Malveira
Danadinha p’ra ramboia
Uma artista de primeira

Humberto Madeira e o Barroso (*)
A Amália que linda voz
Herminia outro colosso
Orgulho de todos nós

Maria Matos, Tereza Gomes
Palmira Bastos versada
Estrelas de cartaz seus nomes
De uma geração dourada

Muitos outros lá passaram
Costinha e o Ribeirinho
Com mestria camuflavam
As dores do Zé povinho

E Lisboa logo corria
Com grande satisfação
P’ra esquecer a carestia
Que andava de mão em mão

Antes de começar a sessão
Ó freguês vai um tirinho
Um modo de diversão
Ou então ia um copinho

E no Chico das Miombas
Havia o arroz de Lampreia
Eram dozes de arromba
Sempre a travessa bem cheia

Como tudo era diferente
Neste país revoltado
Povo ficava contente
Indo à guerra do Solnado

Na revista à Portuguesa
Onde o povo se animava
Apesar de tanta pobreza
A sessão logo esgotava

Foram tantas as revistas
Que ainda hoje são lembradas
Os atores e as coristas
Que no tempo estão guardadas

Hoje tudo se alterou
As modas as tradições
Do Parque Mayer ficou
Não mais que recordações.

© ARIEH NATSAC

 (*) Barroso Lopes - Restaurante A Gina (atualmente).

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TEATRO DE REVISTA
Autores: Rosa A. Domingos, Ró Mar e ARIEH NATSAC


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Sonetos do Universo | Abril de 2022