A matança do porco
(Memórias da minha infância)
Havia lá na aldeia a tradição
De em certo dia um porco se matar
E quando o bicho vinha, estava a mão
O banco, o colmo, a faca, o alguidar
E ei-lo ali deitado, patas presas,
Sangrando e aguardando o seu final;
Depois, tochas de palha bem acesas
E a malta chamuscava o animal
O bicho bem berrava, bem grunhia,
Mas toda a gente ali se divertia
Co'as cenas desse estranho ritual
Depois, alguns canecos bom vinho
A broa, as azeitonas e o toucinho,
No culminar de um rito tão brutal
© José Sepúlveda