O BARCO PARTIU E EU FIQUEI…
O barco partiu e eu fiquei no cais,
Triste por não ter ido no barco,
Levando as minhas saudades,
Que me deixaram em metades.
Metades de todo o meu único ser,
Que já não sei se sou eu ou outro,
Tamanho é o meu maldito sofrer,
Que me causa um pranto absurdo.
Absurdo é tudo que me prejudica,
Neste meu curto viver, sem ética,
Dos males que germinam a esmo,
E fazem de mim simples boneco.
Boneco em que jamais me revejo,
Nem a ninguém tão pouco desejo,
Tal é o sofrimento atroz, sem cura,
Que se perde tudo e nada perdura.
Perdura no pouco tempo que resta,
O melhor se perdeu, já não presta,
O que fica é menos do que queria,
Melhor e mais é tudo que merecia.
Ruy Serrano