quarta-feira, 8 de agosto de 2018

CASAS SEM ALMA


Imagem: Frassino Machado


CASAS SEM ALMA 


Casas abandonadas, que o destino deixou
Em desérticas aldeias à beira do fim,
Solidão de quem passa por um vazio ruim,
São as “casas sem alma” que o tempo levou. 

Não há flores no abandonado jardim
Nem água na ribeira que já há muito secou,
Deixando ao abandono o sonho que findou
Que já se não avista em absurdo frenesim… 

Casas e aldeias que fizeram a sua história,
Por lá passaram traços d´ aventura humana,
Quem sabe se por bem, ou apenas se insana
Entre as encruzilhadas vácuas da memória. 

Casas sem alma e vidas sem destino activo,
Aldeias esvaziadas, sem ninguém, sem dono,
Deixadas já ao deus-de-ará e ao abandono
De uma saudade resgatada em sangue vivo. 

Aldeias, casas sem alma e vidas fantasmas
Vagueando por aqui e por ali, cedo ou tarde
Transformando-se num ténue fogo qu´ arde
Em histórias de contar, de quimeras e sombras… 

Frassino Machado
JANELAS DA ALMA