terça-feira, 7 de agosto de 2018

ESPIRAL CONTÍNUA


Imagem: Google


ESPIRAL CONTÍNUA 

“Diálogo com Jorge de Sena” 


Um só poema não basta para atingir a terra
Pois todos os caminhos exigem poemas.
São eles os fiéis lenitivos
E as puras águas necessárias
Que toquem o coração e enxuguem as lágrimas.

Poemas que se entrecruzam,
De um só rosto e de uma só fé,
Em labirintos virginais activos!
Que a Vida é uma espiral labiríntica
Por onde cirandam todos os humanos
Baptizados de medo, ainda que de alma nova!
E do alto da sua Torre de Babel
Cada um deles vai perspectivando
Um esboçado horizonte…

Em primeiríssimo plano aqui era uma nascente!

Que os humanos activem a sua mente,
Que os humanos travem o bom combate,
Que os humanos se esfarrapem
Desnudando os empecilhos que os toldam. 

E os poemas se vão revelando mutuamente.

Aqui nunca correu a água clara.

Importa pois que os poemas deslizem
Por entre as sufocadas margens
E que possam aliviar pela sua limpidez
O aperto com que elas se confrontam…
E o alo perfumado da lira do poeta
Faça abrir de vez os olhos da alma
Dessa espiral contínua!

Frassino Machado
JANELAS DA ALMA

[Sobre o texto "ESPIRAL" de Jorge de Sena, Coroa da Terra]