terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

SOU ASSIM…




SOU ASSIM…


Com asas de pavão eu não me enfeito
Mantenho meu carisma verdadeiro
Sou assim desta forma deste jeito
Toda a gente me diz que sou porreiro

Quero seguir somente este caminho
Pois tenho que marcar minha presença
Logo me foi traçado na nascença
Não quero estar no mundo e ir sozinho

Sempre que olho pró rumo do futuro
Sinto um vazio enorme que enlouquece
Mentalidades não tendo razão

Fazem-me ver um tempo muito escuro
Porque tudo que sai, só acontece
Sem ter cabeça e pouco coração…

© ARIEH NATSAC

QUANDO EU MORRER

 


© Lúcia Ribeiro

https://www.facebook.com/Lucibeipoems

TEMPO PERDIDO




Tempo perdido


Andamos nestas andanças inúteis
Numa corrida louca contra o tempo
Gastamos o riso com coisas fúteis
Julgamos ter riquezas e talento.

Assim vamos passando esta vida
Com gastos e aquisições surreais
Cada momento ausente é despedida
De alguém que não veremos nunca mais…

E um dia ainda achamos que é injusto
Quando queremos ter a todo o custo
Alguém que nós julgávamos eterno…

E depois irá passar a primavera
Há de estar o outono à nossa espera
E havemos de achar longo, o nosso inverno.

© Madalena Santos

A POESIA É




A POESIA É 


«No Dia Internacional da Língua Materna»


Todos os dias são felizes com Poesia!
A Poesia é, aquele apaixonado jeito
De recolher formosas flores dentro do peito!

Do «peito ilustre Lusitano»
Neste Dia e neste Ano
A POESIA é a Alma da nossa Língua
Que ela jamais fraqueje à míngua …
Porque ela é a nossa Casa
Reforcemos com energia a sua Asa.

Para que voe qual Condor
Num subtil e ágil canto
Vestida de encanto
e de Amor!

© Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA

CALOR HUMANO

 

CALOR HUMANO


Saí à rua havia frio e vento!
Mas lá fui eu munido de agasalho,
Nas ervas vendo as gotas de um orvalho,
A condizer com o céu meio cinzento!

Tempo que lembra a brasa e o borralho,
Dando ao corpo e à alma mais alento,
Que traz à mente o terno sentimento,
De olhar a vida em tons sábio e grisalho!

Voltei. Junto à lareira dois calores,
Um do madeiro a arder outro de amores
Bem fraternais, toda a família unida!

Quando há junto de nós calor humano,
Não há frio que cause qualquer dano,
Nem que atrapalhe o caminhar da vida!...

© J. M. Cabrita Neves | 02/2022

SOPRO DE VIDA




SOPRO DE VIDA


A meio do poema, que reflete anos passados,
Numa busca constante de paz e harmonia
Encontro-me com o presente para escrevinhar
(Sopro de vida) tudo onde reina amor, há empatia
E o universo torna-se gigante e contente
Sustentando mil e um sonhos (meus e da gente),
Porque quero abençoar vida e estar em sintonia.

Viver esta passagem numa utopia
E enfrentar monstros com o minino pesar
É coisa surreal! Mas, insisto na diferença
Da parte que me falta, provando o meditar
Escrevo em letra serena o mundo que sonhei
E com ele convivo, pois, sempre remediei
O destino, que lego para memorizar.

Viver em paz comigo e com o mundo
E fazer por tecer harmonia em todo o coração!
Só!? Então, jamais só, que meu tempo eternize,
Quando partir, ao me lerem, chamar-me-ão
"Poeta louco"!? Meu consolo com a cortesia,
Sei que não partirei de "alma vazia"
E se vivi ou alucinei foi em razão.

© Ró Mar | 02/2022

sábado, 19 de fevereiro de 2022

LARGAVAM O CAIS




LARGAVAM O CAIS


Gotas da alma pigmentaram o magoado soalho
um pouco enrugado e calejado da abundância de trabalho
enquanto as frígidas calhas novas outrora
já não sustentavam tamanha demora.

A flor encarnada não gerava nenhuma semente
perdera o vigor que a distinguia na mocidade
mas a gente assegurava que estava somente doente
e seria de novo coberta por centelhas de felicidade.

Os ramos vergados foram ficando mais desnudados
diante dos troncos que se exibiam firmes e alinhados
mostrando ao mundo que os anos não mais contavam.

Os sorrisos rasgados depressa foram implantados
os campos de trigo e os jardins de rosas multiplicados
enquanto os barcos parados o cais largavam.

© Agostinho Silva | 02/2022

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A DESCOBERTA




A DESCOBERTA


Em cada dia a vida é descoberta,
Que nos envolve e mostra o horizonte,
Que se adivinha além depois de um monte,
Mas que para a aventura nos desperta!

Separa-nos das margens uma ponte,
Até que a realidade se converta,
Na solução pensada como certa,
Tendo a mente inspirada como fonte!

Assim como nos canta a cotovia,
Cada dia que passa é mais um dia,
Feito de altos e baixos qual montanha!

Porque o desembrulhar traz a surpresa,
Que constitui suspense e incerteza,
Curiosidade é gosto que se entranha!...

© J. M. Cabrita Neves | 02/2022

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

BALADA DE SONHO


Imagem: Les douceurs de CHLOE


BALADA DE SONHO


Este planeta terra almeja respirar
Ar puro, livremente e nós, humanidade,
Também! É imperioso reaprender a amar
A natureza e os seres vivos de verdade;

Fazer girar o mundo em torno dum amor
Plural, com sentido e responsabilidade;
Dar à vida essência de elo multicolor,
Reerguer a mátria, com sustentabilidade;

Cultivar e fertilizar laços de união,
Fomentar atitude de paz em todo o universo
E criar raízes de combate à solidão.

Ah, passear livremente é mui mais do que verso!
Respirar e sentir pulsar o coração
É balada de sonho onde há vida no berço.

© Ró Mar | 08/2020

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O FADO


COROA de SONETOS: O FADO


Autores: RAADOMINGOS e Ró Mar 




O FADO


I

A saudade patente bem vincada,
Quando nas tascas do fado vadio;
Cordas das gargantas em desafio
Cantavam em bonita desgarrada.

A guitarra antes forte dedilhada
Carpe presente um outro trino frio;
Sente a falta do portentoso brio
Da Severa cantora e camarada.

Amores antigos por si cantados,
Fenecem nas notas de tanto dó
Em escalas de muitos condados.

Seu corpo dorido desfeito e só
Aos poucos tem os dias contados;
Se não se desfizer da sina o nó!

© RAADOMINGOS
 
*

II

"Se não se desfizer da sina o nó"
Marinheiro que atracou cantadeiras 
Ao velho veleiro com brincadeiras,
Boémia e poesia não te sentirás só!

Foram décadas por terra além-mar 
Exibindo o peito, espontaneidades
 Exorcizando tristeza e saudades
Retratando o quotidiano popular.

Sal que o transformou na mais pura e nobre 
Canção, que a todos enche o coração;
Trinado p'lo contemporâneo pobre

E também p'lo rico com precisão!
Que faz com que a poesia se desdobre
P´lo acorde fazendo do fado nação.

© Ró Mar

*

III

"P'lo acorde fazendo do fado nação"
Com viola e guitarra portuguesa
Meia dúzia de pessoas à mesa,
Fica composta a área do salão.

Velas, caldo verde, chouriço e pão,
Abrandam do peito certa tristeza,
Contrastando com a enorme beleza,
Da voz que sabe tão bem o refrão.

Estribilho qu' emociona e arrepia,
Que se entranha bem fundo e s' espalma
P'la ligação que se dá e se cria.

Não se explica como é qu' ela calma,
Mas o certo é que é terapia;
Que vai deixando mais solta e leve a alma.

© RAADOMINGOS

 *

IV


"Que vai deixando mais solta e leve a alma"
E o coração apaixonado ao vozeirão
Espelhando os Senhores da criação
Com o imponente brio de vénia e palma.

Nas ruas e vielas, botecos e outros
A gíria fez bairros carismáticos,
Que por nobres infaustos e críticos
Fez do fado ocioso o oficio doutros.

Na festa carnavalesca a essência
D' alma à letra e o vinho português,
Que sempre foi bom por excelência!

Levou-o das ruas ao teatro, ao burguês,
Que à boca cheia lhe deu consistência
P´la valia das precisões do freguês.

© Ró Mar

*

V

"P'la valia das precisões do freguês"
Tratam os agora pelas palminhas;
Ver se das frestas das velhas tabuinhas
Cresce outro tipo d' entalhes e quês.

Dos anos passados e dos porquês...
Coitada da animada Mariquinhas
Se em troca das habituais prendinhas
Os mariolas trouxessem bouquês.

O consagrado agora é mais brilhante
Há novo estofo outro tipo de mobília
Um património bem mais interessante.

Notáveis serões de aprazível vigília;
De um convívio salutar, apaixonante
Onde se juntam como sendo família.

© RAADOMINGOS
 
*

VI

"Onde se juntam como sendo família"
 Partilhando o social e cultural
Na amena cavaqueira, musical
De cordas afinadas na voz da Ercília;

A "Santa do Fado", atriz de revista, 
Que a voz elevou a internacional 
Através de discos, rádio local
 E digressões por fora, grande artista!

Por terras de França, América e Brasil
Acompanhada de ilustres guitarristas,
Armandinho e Raul Nery, mostrou o brio.

Das casas de fado ao teatro fez conquistas;
Da sétima arte à rádio o fado vadio
 Volveu o palco do mundo, deu nas vistas!

© Ró Mar  

*

 VII

"Volveu o palco do mundo, deu nas vistas"
E pautou história. O fado "clássico"
Fez do triste viver do povo icónico
E em simbiose com o romantismo "cristas".

A exibição em salões da aristocracia
Fez com que ele se tornasse a expressão
Musical portuguesa de tradição
Retratando a saudade, o ciúme e a nostalgia.

Muitos foram os que lhe deram voz
De notar Hermínia Silva, que fez oficio
E nome ao fado "musicado" de todos nós;

Lucília do Carmo, F. Maurício
Entre outros... é de enobrecer a voz
De Alfredo Marceneiro, o patrício.

© Ró Mar 

*

VIII

"De Alfredo Marceneiro, o patrício,"
Que deu voz à canção e seu glamour,
Vestido a preceito, letra de 'amour'
P'la arte assinada em nome fictício.

Sobe ao palco do Coliseu dos Recreios
Com a Opereta "História do Fado",
 Beatriz Costa e Vasco Santana ao lado
Do mestre dos auspiciosos gorjeios.

O nosso "Fabuloso Marceneiro" 
Foi a voz da Valentim de Carvalho
E toda a sua vida foi marceneiro;

De boina e lenço de seda, dava valho,
"Ti’ Alfredo" tinha estilo de obreiro,
De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'.

© Ró Mar 

*

IX

"De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'"
E de xaile negro vibrava a eximia
Voz de Amália Rodrigues, idolatria
Duma cultura, abertura de atalho...
 
Considerada a "Rainha do Fado" 
E amada por todos, levou a canção
Do seu povo com alma além do coração
 Elevando-a como "poesia do fado".

Graças à 'Diva' o 'tradicional' consolida,
Ícone da cultura nacional,
 Êxito internacional, canção querida.

Com Amália a Catedral de Portugal,
O apogeu do fado moderno na lida
Do grã Camões e outros, monumental!

© Ró Mar 

*

X

"Do grã Camões e outros, monumental!"
Tanto é o que traduzo em arrepio
P'la sua voz "Povo que lavas no rio",
Relembrar é de jus e fundamental!

Letra nesta época transcendental,
Que só a entrega e genuíno brio
Da nossa distinta Dama ouro-fio
Lhe confere autenticidade sem igual.

Grande responsável e com amor
Que de si a admiração era devota
Temos também o Alan, compositor.

Registo d' entre tantas a "Gaivota",
A "Estranha forma de vida" e "Lianor"
Grandes composições do poliglota.

© RAADOMINGOS
 
*

XI

"Grandes composições do poliglota"
Abriram no horizonte outra janela
E de braço dado a fadista e a Estrela,
Embarcaram na aventura patriota.

Seguir a Rainha tudo se atenta e nota;
Muito se admira a compleição,
Se se comporta na perfeição,
Se o vestido é feio ou janota!

Mas, isso pouco lhe interessa qu' aconteça
Fecha os olhos e sente a canção
Com um ligeiro inclinar de cabeça!

Comove-se como se em oração
Rezasse pedindo a Deus, que depressa
Lhe acabe com tamanha solidão!

© RAADOMINGOS

*

XII
 
"Lhe acabe com tamanha solidão!" 
É palavra d' ordem no Faia, Bairro Alto; 
Retiro d' artistas, gabarito lauto; 
Carlos do Carmo como anfitrião! 

Tantos conduziu pela sua mão;
Lenita, Tarouca, Maria da Fé...
Agora, Moura, Mariza, Camané
E tantos outros desta geração!

Sons que trazem novos andamentos
E glórias, como Dulce Pontes e a assaz
"Canção do Mar" entre outros êxitos;

Especiais no moderno que se faz
Portadoras de novos sentimentos;
Dão ao futuro um excelente cartaz!

© RAADOMINGOS

*

XIII

"Dão ao futuro um excelente cartaz!"
Orgulho sabê-las transpor fronteiras;
Não sendo das afamadas primeiras,
São as que presentemente a plateia apraz!

Junto ao Olympia, Paris a passar,
Ver no néon quem são os da atuação
Não há no íntimo maior comoção
Do que ler o que está a publicitar!

Ter no palco uma bandeira içada,
Repovoar novamente a memória
Saber ser nossa verde e encarnada;

É degustação de uma doce vitória
Que jamais por todos será apagada
Dos arquivos da Lusitânia história!

© RAADOMINGOS

 *

XIV

 "Dos arquivos da Lusitânia história"
Recordamos dois séculos de cultura
Popular, a arte do fado e sua postura
Mundialmente, os momentos de glória.

Através do espólio dos grandes do fado
E de memórias doutros conflui a grandeza
Da canção lisboeta e guitarra portuguesa,
Dos bairros típicos... Uno Museu do Fado.

A velha e eterna tradição que fruamos
Nas Casas de Fado, a anciã pisada
De arte e talento, que sempre recriamos;

E na Casa de Amália sentimos vida,
Memorizamos sensações, miramos
"A saudade patente bem vincada."

© Ró Mar 
 
***

Sonetos do Universo | 02/ 2022

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

LUZ DA MINHA CANDEIA




LUZ DA MINHA CANDEIA 


“No Dia da Senhora das Candeias”


Das Candeias, ó Virgem Santa
Que alimentais a minha luz
Trazei-me aquele óleo que seduz
E qu´ a mim mesmo se agiganta.

Vosso Filho, com graça tanta
De Vós me vem em doce cruz,
Naquela graça que me transluz
E numa bênção que m´ encanta.

Carente dessa Luz, confesso
Não ser capaz de prosseguir,
Mas co´ a Vossa mão eu posso ir
Até ao fim, pois vos conheço.

Senhora das Candeias, sabeis
Bem meus limites e fraqueza…
Eu quero descobrir a fortaleza
Daquele farol que me trazeis.

Dai-me Luz na minha aventura,
Que ela me livre de todo o perigo,
Vós, que sois o meu seguro abrigo,
E o meu carinho, minha ternura!

© Frassino Machado
In “Roda-Viva Poesia”