quinta-feira, 25 de junho de 2015

A CLASSE VEM DE DENTRO

  
Imagem - ARLENE GRASTON


A CLASSE VEM DE DENTRO


Muitos são os que se preocupam com a classe. Tem até quem faça distinção entre aqueles que a têm e os que nunca a terão, segundo dizem. Para muitos, classe, é sinónimo de uma série de trejeitos próprios, caraterísticos de distinção, que se fazem notar no falar e no vestir, no nome comprido, nos títulos, no brasão dos antepassados, no sangue azul – que nunca o tiveram, no estilo da casa e do seu tamanho, no bairro em que está, na decoração da sala, n...a marca do carro, nos lugares que frequenta, nos amigos iguais, no jeito de ser – quase sempre completamente oco. Fazem-se notar, sim, mas muito mais por aquilo que não são. Este jeito de ser, no exterior, reflete também seu interior. Falta de caráter, falsidade, inveja, complexos de superioridade não alcançada, mentira, falta de verdadeira riqueza, vácuo e, sobretudo, falsa aparência. Quase sempre, este tipo de classe, remete-se a uma pretensa descendência de nobres do passado – nobres que o foram de verdade ou que a compraram ou que a roubaram de outros quando os exploraram. Esta nobreza de classe, que as faz distinguir umas das outras, vai-se extinguindo porque seu dinheiro vai diminuindo e cada vez mais se vale daquilo que não tem, do qual sobram apenas algumas esquisitices. Classe é coisa que se adquire ou não durante a vida. É feita do que somos e temos como nosso, que mostramos ao fazer. É coisa que vem de dentro e que às vezes se nota um pouco por fora, mas muito pouco e nem sempre. Só se faz notar quando os outros a vêm. Felizmente que tanto o progresso no pensar quanto as crises que o mundo atravessa, despertam para a realidade daquilo que se é e do que se vale. Classe é coisa rara.