segunda-feira, 12 de novembro de 2018

C A S T A N H A P R Ó M A G U S T O


Foto © Ró Mar


C A S T A N H A   P R Ó   M A G U S T O



C ada dia é uma semente prá vida,

A árvore dá o fruto da estação,

S ão Martinho reinventa o verão,

T ecendo prá terra manta alinhada.

A gente aquece e amolece o coração,

N ovembro desfila de mãos dadas,

H á vinho e castanhas pré-assadas,

A natureza cria nova estação.


P az é esculpida em árvore de Natal,

R einventar outro ouriço é milagre.

Ó natureza, que presépio pré-natal!


M esa pouca é destino prá gente,

A ntes do temporal havia Sol!

G uarda-chuva, deita-te no telhado,

U ne vielas e afina o nosso fado,

S oletrando prás moças em frente.

T odo o mês há freguês pró fiado,

O traje é tradição em dia de Sol!

sábado, 10 de novembro de 2018

OS MEUS PEDIDOS




Os meus pedidos


Olho para as pessoas e espero esperança.
Olho para as crianças e procuro muita alegria.
Quando olho para o céu peço tolerância,
perdão, amor, paz e vida com amor e poesia.

Ao sol peço para os meus sonhos realizar.
À lua pedi para iluminar meus segredos e desejos.
À natureza peço beleza e para sempre perfumar
os meus dias com sorrisos, ternura e beijos.

Do mar quero força, paz e verdadeira harmonia
para enfrentar os meus dias com boas energias
Ao vento escuto noticias novas com fantasia.
À Chuva peço contenção e lindas melodias.

Ao meu amor peço carinhos e muito amor
que eu retribuo com mimos, atenção e ternura.
Aos amigos verdadeiros espero um louvor,
sinceridade, alegrias e sorrisos com frescura.

Ao dia peço luz, verdade e muita bondade.
À noite vou pedindo bons sonhos e proteção.
À vida vou pedindo coragem, sabedoria e vontade
de viver com fé, amor e esperança no coração.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

A VIDA É COMO UMA PLANTA…




A VIDA É COMO UMA PLANTA…


A vida é como uma planta 
Que nasce viçosa, 
Cresce e floresce,
Não para de crescer.
Até morrer, mas…
A vida não termina já, talvez amanhã.
Não tenhas pressa.
Sabe esperar.
Termina quando calhar.
A vida é d’ hoje,
A d’ ontem não conta.
A vida do futuro q’ espere.
Não desesperes,
A vida é a d’ hoje,
Vive-a como tua, 
Não a cedas a ninguém,
Nem peças p’ra viveres a d’ alguém.
A vida é a que se tem,
Pode não valer um vintém,
Mas é muito nossa.
É a vida que Deus nos deu
E que temos que viver até ao fim.
Com tudo com que se sofreu,
P’ra prestar contas lá no Céu.

A ESTRADA DA VIDA!




A estrada da vida!


Quem és tu vida que me chama
Nesta velha estrada que caminho
Onde a dor ruidosa me acompanha,
Ou assim me persegue tal destino.

É um frio que sinto mais o vento
Me põe a doer tão triste coração
É tudo ou nada apenas momento,
Esperança, alegria e apenas ilusão

Desta alma partida em vis pedaços
Em busca procura em vão caminho,
Reduzida em tudo ou nada sem ninho

Voltou triste sem calor e embaraços
Faltava-lhe o lume no seu carinho
A força do sorriso, veio devagarinho!

© Maria de Lurdes Cunha

FRAGMENTOS DE SÃO MARTINHO




Quadras sobre provérbios tradicionais

- “A cada bacorinho vem o seu São Martinho”.


Anda, anda bacorinho
Vai comer da fresca relva
Aproveita o São Martinho
Para fugir da tua selva. 

- “Em dia de São Martinho atesta e abatoca o teu vinho”.

Apura bem o teu vinho
Não o deixes minguar 
Se o provas no São Martinho
Bebe-o sem embebedar. 

- “São Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho”.

Para o pão ficar limpinho
Do moinho as águas movem
Mas chegando o São Martinho
Só bom vinho bebe o homem.

- “No dia de São Martinho, fura o teu pipinho”. 

Nem todos sabem furar
Na adega o seu pipinho
E se o vinho não se poupar
Não dará pro São Martinho.

- “No dia de São Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho”. 

Às vezes comem-se nozes
E outras coisas estranhas,
No São Martinho dizem as vozes
Não há nada com´ as castanhas.

- “No dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho”. 

Sentemo-nos aqui ao lume
Castanhas e vinho à maneira
Com São Martinho já´ é costume
Estarmos juntos à lareira. 

- “No dia de São Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho”. 

Por alturas de São Martinho
Na minha aldeia há matança 
E há castanhas e bom vinho
Com petiscos de confiança. 

- “No dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho”.

Matar o porco não chega
No Verão de São Martinho,
É preciso trazer da adega
Uma boa infusa de vinho.

- “No dia de São Martinho, vai-se à adega e prova-se o vinho”.

Toda a gente vai à adega 
No dia de São Martinho
Fêveras, castanhas à pega,
Regadas por belo vinho.

- “Pelo São Martinho abatoca bem o teu pipinho".

Se não sabes a abatocar 
O pipinho lá de casa
É São Martinho a avisar
Que já tens um grão na asa.

- “Pelo São Martinho castanhas assadas, pão e vinho”.

Sejam cozidas ou assadas
Venham elas e mais venham
São Martinho serve-as dadas
Àqueles que as não tenham.

- “Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o cebolinho”.

Nem só o vinho é São Martinho,
Ele próprio o determina,
Há que semear o cebolinho
P´ la orvalhada da matina. 

- “Pelo São Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano”.

Faz tua prova de vinho
Com uma branca caneca
Se não for no São Martinho
És totó levado da breca. 

- “O Sete-Estrelo pelo São Martinho, vai de bordo a bordinho; à meia-noite está a pino”.

Venha de lá o Sete-Estrelo
Com o São Martinho a bordo
Já o careca tem cabelo
E o abade está mais gordo.

- “Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho”.

São Martinho é conta certa
Chega sempre o seu Verão
Vou-me já à descoberta
De uma outra diversão. 

- "Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo São Martinho".

Não quero pasmar o vizinho 
Com mais uma trabalheira
Mas pedirei ao São Martinho
Que não mingue a esterqueira.

- “Verão de São Martinho são três dias e mais um bocadinho”.

Vindimar a tempo o vinho
É saber, sem complicar,
Pois que pelo São Martinho
Até o Verão tende a acabar.

- “Vindima em Outubro que o São Martinho mais te dará”.

Vindimar tarde demais 
É prejudicial para o vinho
Comem os bagos os pardais
Pra desespero de São Martinho. 

- “Não há bacorinho sem o seu São Martinho”.

S´ é fartura ter bacorinho,
E haver castanhas à farta
Pra alegria de São Martinho
Que entre nós ele a reparta. 

- “Quem parte e reparte e não escolhe a melhor parte… ou é tolo ou não tem arte”

Ele há cortes e recortes
Em toda a economia séria,
São Martinho entre os fortes
Foi remédio pra miséria…

Aprenda-se com São Martinho
Este gesto-maravilha:
A quem pede dar carinho
E, já agora, uma partilha. 

Quem no mundo tem poder
Olhe para o São Martinho
Do que não precisa de ter
Dê a todos um poucochinho. 

Se os poderosos o não fazem,
Como o não faz quem é tolo,
Por entre misérias trazem
Para Humanidade dolo.

O São Martinho escolheu
Para si a melhor parte:
Se ele ao mendigo aqueceu,
Vejam lá se não teve arte! 

© Frassino Machado

FRAGMENTOS POÉTICOS 
[Quadras sobre provérbios tradicionais]


Bibliografia [provérbios]: Machado, José Pedro – O Grande Livro dos Provérbios, Ed. Notícias, 1996

A SAUDADE




A Saudade


A saudade dói e
vai criando um vazio 
no nosso coração.
Há sempre alguém 
que nos faz falta
E que gostávamos 
de ter ali à mão.
Saudade de quem partiu,
Saudade de quem já não faz
parte da nossa vida.
Saudade é um frio, 
uma ferida
que o tempo vai sarando 
pouco a pouco.
Ficam os tempos bons, 
os dias risonhos,
e o amor desse alguém...
Mesmo ausente 
fica sempre no nosso
coração e pensamento.
A saudade fica sempre 
na nossa alma
e temos que a aceitar 
e guardá-la...
Mas tens em cada dia
um novo recomeço 
que te vai enchendo 
de amor, paz, 
novas esperanças
no teu coração e na tua vida!

© Bernardina Pinto

A ÁRVORE




A ÁRVORE


Naquele vale solitário, a árvore
tão só e despida, assim são os meus versos
decifráveis nus hirtos como mármore
como o silêncio no azul do universo…

Sempre que na noite cai névoa impura
toda ela ergue os seus ramos ao céu
sumptuosa e imortal na terra secura 
dorme com manto de água, ao léu.

Gotas pendentes em teias de aranha 
são estrelas a brilhar ao luar
breve e clara vai romper a manhã...

E na saudade da sua folhagem
A primavera faz-se anunciar
Chega a brisa cálida em leve aragem... 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

SANTAS & SANTOS LDA.




SANTAS & SANTOS LDA.
“Dia de Todos os Santos”


Ele há Santas e Santos, Santos por todo o lado,
Por esta tresloucada Terra de ninguém
Que disputam entre si a posse de algum Bem
Ou de algum Mal, quem sabe, mesmo ficcionado. 

Santa Terra, com o Bem e o Mal de braço dado,
Mais vale que as Santas e os Santos se misturem
(E que a toda a hora uns e outros se aturem)
P´ra que acabe de vez tudo o que é mascarado… 

Santas & Santos Lda. nesta Santa Terra,
Que bom seria se todos tivessem juízo:
Construir-se-ia cá o desejado Paraíso
E acabariam as fomes, as pestes e a guerra.

Que alma de Deus o poderá reivindicar
Se o tempo das profecias não está para vir
Nem sequer há profetas que o possam garantir,
E a fonte dos valores já deu o que tinha a dar?

Dia de Todos os Santos – oh, se fosse todos os dias,
Não haveria lugar para as loucas Tiranias!

© Frassino Machado
ODISSEIA DA ALMA

QUE LINDA ABÓBORA DE TENRA IDADE!


Imagem: SAi$ONS


QUE LINDA ABÓBORA 

DE TENRA IDADE!


Que linda abóbora a desafiar o outono!
Pesadota e bem rechonchuda, 
Brinda o final de outubro a mais um ano,
De cor laranja/ cenoura, sinal de vida.

Nossos olhos ficam alegres de tanta doçura,
O paladar fica apurado pra mais uma travessura.
Que o tempo de fruta madura nos enriqueça
O coração e sirva ao universo formosa travessa!

Nossos sonhos ficam mais próximos de todos
Quando temos algo bonito em que pensar
E mais reais quando temos o que festejar.
Que linda abóbora a versejar bons modos!

Nossos dias ficam maiores quando somos
Confrontados com tamanha realeza
E a vida rebola de mansinho pela beleza
Da estação, desfolhada a crassos gomos.

Nossas noites ficam mais iluminadas
Quando há ruas e casas imaginadas
E a cidade veste a soberba roupagem
Que leva mais um trinta e um de carruagem.

Halloween, Halloween! Grita a rapaziada.
Ouve-se o borborinho exclamando a cidade,
Num som tropical, de porta escancarada.
Que linda abóbora de tenra idade!

© Ró Mar

SONHANDO COM BRUXAS




SONHANDO COM BRUXAS 


Batem doze badaladas!...
No escuro soam pancadas;
Sombras,,, fantasmas.... vogando...
Gatos pretos assustados;
Miam... correm p´los telhados!...
Morcegos p´lo céu voando;
Uma bruxa de capa preta,
Faz dum crânio, ´ma pandeireta...
E voa numa vassoura usada!...
Uma coruja que mete medo;
Surge do denso arvoredo,
Qual triste alma penada!...
Há lobisomens medonhos...
Que torturam nossos sonhos!...
Vampiros com sangue a pingar...
Mortos no túmulo gritando;
Belzebu... almas chamando...
Lobos em alcateia a uivar!...
As bruxas chegam então;
E deitam num caldeirão
Que o fogo do Inferno aquece;
Ervas... pós... chás... infusões...
Sangue... ossos.... corações...
Rezam... e o Diabo aparece!...
..........................................
E junto duma fogueira;
Que arde na clareira...
Dançam com Satanás!... ...

Que nos toldam os sentidos...
UM SONHO...
NÃO CREIO EM BRUXAS... MAS HÁ!...