quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

SAPATOS ALHEIOS



SAPATOS ALHEIOS


Tentei calçar os teus sapatos, convidando os teus pés para viajarem comigo pelos sonhos que tinha desenhado à medida exacta do meu coração.
Andei por ali, rondando o chão que pisavas. Ofereci-me para curar as feridas que tinhas nos pés. Quis arrancar todos espinhos que a vida te tinha plantado nos pés, julgando-me a enfermeira certa para as tuas dores já envelhecidas e com rugas feitas pelo tempo.
Quis roubar-te do teu mundo para te plantar no meu jardim. Talvez, quem sabe, perfumar-me com o cheiro das tuas rosas e deixar que a cor das minhas ilusões se espalhasse pelo teu corpo sedento de um caloroso amor.
Quis ser o teu amor, sem que tenha entendido que quem caminha neste chão que piso são só os meus pés e que os sonhos que idealizo são frutos das minhas ilusões.
Tentar calçar sapatos alheios é procurar dores em jardins proibidos. É viajar por estradas sem rumo e tentar encontrar a saída para um beco que não nos irá levar a lado nenhum.
Quis-te fazer meu, e acabei com feridas que ninguém poderá curar. Adormeci nos braços desse sonho e despertei no meio de um pesadelo.
Os sonhos tinham sido costurados à medida do meu corpo e tu eras um fato sem medida, que não queria ficar perdido no meio do meu armário.
Plantei dores nessa estrada estreita e vi murcharem todas as flores que aí fui semeando.
Aprendi que não se ama quem escolhemos, mas sim quem nos tocam com tudo o que queremos.
Aprendi que não se calçam sapatos alheios e que o melhor da vida é caminhar descalço no nosso próprio caminho.

© Angela Caboz

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

MELHOR MÁSCARA!




MELHOR MÁSCARA!


      A s máscaras da vida apreciada:
      B eleza, singeleza e também hipocrisia!
      C ada uma delas tem o próprio significado
      D estilando essência concreta às claras.
      E m época d' Entrudo há outras máscaras
      F estejando a vida, outra poesia!
      G arridas, alegóricas ao quotidiano,
      H avendo uma catrefada de modelos e cores
      I nventando vidas consoante a época!
      J aneiro a janeiro de ano p'ra ano
      L ogrando vida com felicidade hipotética,
      M eio caminho prá passagem no palco dos atores!
      N o Carnaval temos uma panóplia d' enfeites
      O rnamentando a vida, p'los três dias,
      P arafraseando sátiras e colorindo ruas,
      Q uestionando certos modos de vida,
      R eacendendo vidas no lamiré de folias
      S audáveis e criativas, abonando gentes,
      T ocando vidas prá frente, dançando...
      U nindo por escasso período de tempo gentes
      V árias numa roda-viva, cetim cruzando
      X adrez, riscas e pintarolas! Meio mundo
      Z argateando p'la melhor máscara!

© Ró Mar  

NÃO HOUVE POR-DO-SOL


Arte de Herbert William Weekes


“NÃO HOUVE POR-DO-SOL”


Hoje não houve sol-poente!
Enquanto tu comigo ali estiveste
Minha querida, silenciosamente,
O céu foi sempre azul celeste!

Por isso berraram bois no curral
E relincharam éguas e cavalos;
E os galos também deram sinal,
Como se fossem roubá-los!

Porque o sol eras apenas tu!
Olhos tão puros como luz da aurora
Prenderam-me para sempre o coração.

A vida foi coisa boa que se nos abriu;
Gozemos pois ainda mais os dias agora,
Para não deixar os animais em aflição!

© Alfredo Costa Pereira

"AS QUATRO ESTAÇÕES"


Fotografia de Ró Mar


"AS QUATRO ESTAÇÕES"


A vida é a natureza
Das quatro estações,
Com janelas bem abertas
E uma única porta,
Que se fecha de repente,
À saída do planeta!

No ciclo normal da vida
A primavera é eleita,
Quiçá o viscoso frescor
Lhe dê o nobre estatuto!
Quem não gostaria
De ser seu olor perpétuo?

Contudo, as rosas são belas
E também têm espinhos!
Como tudo nesta vida,
A primavera também
Tem razões p'ra ser triste,
Quando a desnorteiam!

A juventude que somos
É o primeiro estádio
Num universo secundário
Que por sua vez é o
Primeiro de nossas vidas,
A natureza de cousas!

Na temática luminosa
"Natureza" consta que
Salta a olho nu aquelas
Puras poesias, porque
Ela é musa formosa
Em qualquer das estações.

No meu coração é
A beleza natural
Que ano após ano
Idolatro, em qualquer
Época e circunstância,
Inclusive no inverno.

Todas as quatro estações
Têm um dom de beleza,
Mas, a minha predileta
É a flor alva de maio,
A natural primavera
Até a porta fechar!

Contudo, sou um outono
Delineado em tom
Vivo, porque o viver
Não é idade, ainda que
No inverno de edredom,
Amarei um outro verão!

Caminho de passagem
Olhando ao segundo
O que de melhor há nelas
["As quatro estações"],
Porque minha natureza
É natureza de cousas.

© Ró Mar 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O MESTER DA MORTE



ARENAS & ARENAS




ARENAS & ARENAS  


“A propósito de Carnavais”


Ele há arenas & arenas,
Ele há arenas, e há demais,
E, apesar das quarentenas,
Nunca acabam os Carnavais!

Quando abrem as madrugadas,
Por entre vultos de nevoeiro,
O que mais se vê são touradas
Por cá e p´ lo mundo inteiro.

Ele há arenas bem juvenis
Diferentes das tradicionais
Dizem-se escolas, por um triz
Olvidando os próprios pais.

Ele há arenas de rua em rua,
Com mil “nuances” e folias,
Estão entre o sol e a lua
Revestidas de fantasias.

Ele há arenas pelas aldeias,
Muitas mais pelas cidades,
Não têm valores nem ideias
E os erros são as verdades.

Ele há arenas policiais
Que não respeitam virtudes
Gladiam-se nos tribunais
Com abjectas atitudes.

Ele há arenas-hipermercados
Que vendem gato por lebre
Escaparates engalanados
Fintando a lei que não serve.

Ele há arenas sacralizadas
Benzidas com água benta
São refeições alternadas
Entre os oito e os oitenta.

Ele há arenas e há partidos
Com gestos d´ encantamento
Sentam-se mui bem servidos
Nas bancas do Parlamento.

Ele há arenas feiras-vaidade
Que fazem ver que são tudo
Mas, no fundo, e por metade,
Não passam de mero entrudo.

Carnavais? Sim, esses são
As verdadeiras arenas
Não passam de diversão
Nas mais caricatas cenas.

A vida é a suprema arena,
Quer de dia, quer de noite,
Quem anda nela se depena
Cada passo, cada açoite.

Arenas, para que vos quero
Instituições mascaradas?
Se me quereis poeta sincero
Ficai co´ as portas fechadas!

© Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA

sábado, 22 de fevereiro de 2020

CARNAVAL E A FOLIA




CARNAVAL E A FOLIA


Carnaval és folião
Brincas com o velho e o novo
Brincas com a Maria e o João
Brincas também com o povo,

Porque és mesmo folião,
Para mim o Carnaval não existe
Só na caneta e no papel
Mas o Carnaval resiste,

Enquanto houver a folia a granel
Carnaval e a folia
São alegrias para quem as tem
Cantam dançam, com a magia,
Rindo espalham suas mágoas também!

BENDITO CARNAVAL...




Bendito Carnaval…


A carne do prazer
É uma carne diferente
É preciso muito saber
Para a fazer bem contente

Brinca-se agora no Carnaval
Com a carne a degustar
Mas ela não é igual
Há, pois, que a respeitar

Mas, contudo, há que brincar
Para esquecer o pecado
Não há nada como saber amar
O recado aqui está dado

O profano pode ser insano
Mas não deixa de estar presente
No Carnaval um mano-a-mano
Faz com que eu fique contente

Não me importa essa moral
Que alguém me quer inculcar
Eu vou ser sempre especial
Quando algo eu possa amar!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

NA AZÁFAMA DO CARNAVAL




NA AZÁFAMA DO CARNAVAL


O Carnaval é um alegrete de vida, cheio de cor e emoção, onde há flores naturais e artificiais, adornos, serpentinas, papelotes e muitos mais efeitos coloridos. Há vidas reencarnadas em trajes populares e outras fantasias cheias de cor, trabalhando a palavra do mestre carnavalesco. Há também partidas agradáveis, outras menos (bisnagadas, bombas de mau cheiro, farinha e ovos duma outra culinária).
Entrudo é época de "comer de tudo" (feijoadas, bolas de chouriço e outras carnes), de muita tradição e folia servida num tabuleiro de xadrez a preto e branco ornamentado de Rei, Arlequim, Columbina, Pierrot, bobos da corte, peões..., desfilando no centro de vilas e cidades o verde, vermelho e amarelo da bandeira de Portugal, predominando o verde e amarelo do samba (Brasil).
Carnaval é uma festa universal onde reina a sátira e a harmonia das cores numa atitude fantasmagórica. O azul do céu é mote perfeito para uma criação apurada e também palco duma exuberante e colorida chuva de estrelas artificiais, lembrando o arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta).
Na azáfama do Carnaval devemos de ter atenção aos excessos, em particular, os de velocidade: conduzir com responsabilidade; atravessar as ruas com prudência. Ter sempre em atenção os sinais emitidos pelos semáforos: vermelho (paragem obrigatória); amarelo (abrandar); e, verde (circular livremente).
E, é circulando livremente que vivemos alegremente! Somente durante três dias, porque é Carnaval: sinónimo de liberdade de expressão. Dando asas à imaginação numa alegre e teatral paleta podemos assim compor uma nova época (de tentações e prazeres), onde os foliões são sobretudo os populares, não perdendo uma para "arreganhar a taxa", pintando máscaras e caretos.

© Ró Mar 

CARNAVAL É CARNAVAL




CARNAVAL É CARNAVAL
 

Hoje quero sorrir,
viver um pouco talvez,
não quero minha alma triste
como se nada mais existisse
e falando de tristeza outra vez!

Vou pôr a minha alma
ao estilo carnavalesco
porque na vida nada é perfeito,
o mundo já é
em cada dia um Carnaval,
porque não irei eu também 
de máscara a jeito
e como nada é perfeito,
visto meu fato de dama fatal!

Afinal, Carnaval
é mostrar alegria escondida,
por vezes até pervertida,
com sua máscara
que não será assim tão banal,
mas, o brilho e alegria escondida
reaparece no Carnaval,
que belo e deslumbrante
é desfilar numa rua ou avenida!!

Como eu admiro aquela beleza
de coloridos e brilhantes,
tanto rei, tanta rainha vivendo
como se fosse pura realeza,
tudo vai mudando,
hoje nada é como dantes
porque ao rir, cantar e dançar
lembram o mundo e tanta pobreza,
mas,  a vida continua,
o povo canta e chora a tristeza.

© Joana R. Rodrigues

CARNAVAL




CARNAVAL


Carnaval, tempo de folia,
dias de pular e brincar,
fazer palhaçadas com alegria
com mil máscaras desfilar.

Carnaval, tempo de fantasia,
serpentinas e muita cor.
Há momentos de magia,
transformações sem pudor.

No carnaval há alegria no ar,
pessoas alegres a passear,
outras mascaradas a desfilar,
há vontade de sorrir e brincar.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

T E M P O D E C A R N A V A L




T E M P O D E C A R N A V A L


      Tempo de sair à rua fantasiado p'ra celebrar
      Entrudo, "vale tudo" brincando alegremente!
      Mascarados de muito género, foliões e gente
      Passeando os carros alegóricos, vidas
      Ornamentando ruas, avenidas...

      Dias de Sol compõem sátiras num sorriso
      Erguendo caretos e matrafonas ao paraíso!

      Corcel desfilando a tradição popular,
      Andarilhos, palhaços p'la ribalta
      Referenciando as melgas do sistema atual,
      Numa encenação caricata do trivial!
      A despedida do inverno em alta,
      Verão em três dias p'ra dançar até rebentar
      Ao som do samba, outras e lambada,
      Libertando as almas d' uma outra carnavalada!

CARNAVAL, MUDASTE?




CARNAVAL, MUDASTE?


Para estes dias carnavalescos
Eu vou fazer um poema,
Não me seduz muito o tema
Carnaval não é meu lema
Mas vou escrever sem pretextos.

O Carnaval quer brilhar
E roubou o nome ao entrudo
Recordo-me quando ia dançar,
E quem a máscara reconhecesse
Passaria a ser um sortudo!

No Carnaval se brincava com alegria,
Era velhos e novos, com magia,
Hoje o Carnaval é negociado,

Não há aquela imagem da dita invenção
Tudo era feito, com amor e afeição,
Agora para ter diversão é tudo comprado.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

MONTE ALVERNE RENASCEU




MONTE ALVERNE RENASCEU 


“Memória Editorial ” 


Pintado da cor do céu
Qual fruto abençoado
Monte Alverne renasceu,
Que o bom Deus seja louvado.

Novo Monte Alverne, por bem
Nova luz, novo troféu,
Um outro prazer lh´advém
Pintado da cor do céu.

São poemas, é poesia
Com novo rumo trilhado,
Nele há ondas de maresia
Qual fruto abençoado.

A um mundo meio perdido
Nova mensagem desceu,
Nas asas dum livro fluido
Monte Alverne renasceu.

Com palavras, formuladas
Por um cantar renovado,
No corpo das madrugadas
Que o bom Deus seja louvado.

Subir ao Alverne da vida
É canseira redobrada
Mas dá alegria acrescida
E uma alma restaurada.

Deste Novo Monte Alverne,
Largo horizonte se vê
Toda a alma canta solene
Com harmonia e com fé…

Por ele, Francisco subiu
E nele, Francisco sofreu,
Com ele, o Irmão-sol sorriu
Num Canto da cor do Céu!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

POR AMOR




POR AMOR


Por amor reviramos o mundo,
por amor se mata também,
por amor, se correr perigo
por amar demais não morre ninguém.

O amor é um doce sentimento
que todo o coração devia conhecer,
o mundo vivia sem tormento,
desde o acordar ao adormecer.

O amor doce e sublime,
muito amar não é crime
amar e dar amor é dar vida.

Muitos não o sabem reconhecer,
que com amor tudo se pode ter,
reparta esse amor e nenhuma causa é perdida.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

"A MINHA TERRA É DISTANTE"


Lisboa | Fotografia de Ró Mar


"A minha terra é distante!"


A minha terra é distante
Do Porto e minha pena d' ouro
Ergue-a num rabelo viajante
Levando-a a passear p' lo Douro.

A minha terra é distante
D' Aljustrel e sem canseira
Sabe bem fazer torrão d' Alicante
E outras iguarias da vila mineira.

A minha terra é distante
Do Algarve e tão amante
Da gastronomia Algarvia,
Faz D. Rodrigos na caligrafia!

A minha terra é distante
Do Norte e Sul de Portugal,
Perto de todo o semblante
Porque é grande Capital!

A minha terra é distante
Do campo e é tão verde
Porque é a Capital Verde
Europeia de poesia gigante.

Porque a vida é gritante
Sem poesia! Quando não viajo
Deambulando o meu trajo
A minha terra é distante!

Trajo até à Golegã de burrico
Pra celebrar o puro viajante
Lusitano, porque do Ibérico
A minha terra é distante.

A minha terra é distante
D' estrangeirismos, ações
Só na língua de Camões,
Salve aos regionalismos!

A minha terra é distante
Do campo e são sete as colinas
Espelhadas p' lo Tejo flamejante,
Qu' apregoam as varinas.

Quanto à saudade e pranto
Vou até à casa hilariante
D' Amália escutar o quanto
A minha terra é distante.

D' alma e coração numa magia
Maviosa p' la histórica província
Portuguesa! Ah, a minha miopia,
A minha terra é distante!

© Ró Mar  

ESPELHO DA VIDA




Espelho da vida


Em frente do espelho da memória
Vê-se refletida toda uma vida
Mira-se, remira-se e admira-se.
Afinal quem sou eu espelho meu?
Tu, és tu, sem igual.
Com o rosto marcado pelo tempo intemporal
Com rugas dos anos, esbeltas, de canseiras
Com um silêncio no olhar, para meditar
De lábios adocicados, de beijos fraternos
Mãos enrugadas marcadas pelos invernos
Carinhosas, como as letras adormecidas
Sem brilho, pelas carícias enternecidas
Com o coração de batidas lentas, ternurentas
Outrora sempre acelerado, endiabrado
Espelho da memória, onde estavas tu?
Onde andava eu?
Que não dei pela inevitável transformação.
Eu estive sempre aqui
A olhar para ti
A refletir a tua mutação
Qual rio, qual montanha qual estrela-do-mar
Na natureza contemplativa
abraçaste o espelho da vida.

LIVRE-ARBÍTRIO POÉTICO




LIVRE-ARBÍTRIO POÉTICO 


“Partilha e criatividade do poema”


Que idade é que você acha que tem?
Vinte, trinta, quarenta ou até mais,
Ou está vivendo apenas por acaso?
Sim, porque para lá dos cinquenta,
Tudo aquilo que se vive é por acaso…
Neste mundo poluído e conturbado,
Neste mundo tão sem-eira-nem-beira,
Passar além dos cinquenta já é bingo!

Que idade é que você acha que tem?
Você já pode saber aquilo que é certo,
Distinguindo claramente o qu´ é errado
Ou inda está na idade do assim e assim?
Será qu´ inda olha para mais alguém
Antes d´ assumir uma qualquer escolha?
Já agora, por acaso, não usa espelho?
E se desse por lá uma espreitadela?

Que idade é que você acha que tem?
Você está na idade de ter vergonha,
Reconhecendo as suas limitações,
Ou a vergonha se consumiu em si?
Acha que poderá já enfrentar a vida
Olhos nos olhos, tal e qual como ela é,
Ou inda está na idade do entrar na onda,
Na idade do Maria-vai-com-as-outras?

Afinal, você é um rato ou um ser humano
Você prefere o queijo ou sentir a vida?
Ou você cai na ratoeira, ou n´ armadilha
Da ignóbil e estéril massificação –
Dando o braço a torcer na hora da queda –
Ou voa no vento livre do seu arbítrio,
Na dignidade de não ter nada a temer
Por saber que errare humanun est…

Que idade é que você acha que tem?
Você já sabe que não existe presente?
Que o “sopro” desta linha já é passado
E o futuro é o “apenas” que ainda não é?
Você sabe que o “agora” não é real,
Bem vistas as coisas, tal como elas são,
O presente é a eternidade consumada
Na aura do quanto melhor, melhor.

Hoje sei, aqui e agora, quem eu sou,
Hoje sei, taxativamente, minha idade,
Sei o terreno que piso e seus meandros…
Mas já fui um autómato como você.
Felizmente, porém, eu me encontrei,
Me encontrei ao vivo, e de corpo inteiro,
Alma voadora, d´ asas brancas de sonho
Na fresca e livre aragem do meu arbítrio!

Partamos, então, no elo do fazer poético,
Daquele fazer que todo o poeta sente:
Palavra, verso, poema ou odisseia,
Brisa coerente de potencial propício:
A que sopra na mente e no coração
Ou a que paira na onda das convenções?
Todo o poeta encontra nas palavras
A fiel medida de tudo o que procura…

Todo o poeta encontra em cada verso
Exactamente aquilo que sonhou;
Todo o poeta cinzela o seu poema
Na bigorna das suas emoções;
Todo o poeta leveda a sua odisseia
No fermento dos seus sentidos-mar,
Impávido e sereno nas procelas
Que seus fantasmas possam agitar.

Sua alma é um pendão de liberdade:
Quando pensa, quando sente e recria
Co´ as palavras, co´ os versos e poemas,
Co´ as suas circunstâncias de aventura,
Co´ os seus erros e dúvidas e acertos,
Co´ as lições óbvias ao correr das águas
Reveladas no seu mais amplo horizonte
Que foi, que é e que será ELE mesmo!

Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM

JOGOS



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

VIDA


Bellissime Immagini 


Vida


A vida é uma tiragem,
De folhas escritas e rasgadas,
De destinos cruzados
De amores feitos…
De amores desfeitos.

A vida!
É feita de músicas cantadas,
De histórias contadas,
De poesias de amor,
Do mundo cruel a dor,
Daquilo que escrevo.
Daquilo que faço,
Sem esquecer,
Nenhum pedaço.

A vida é uma curta passagem,
Ao qual a morte faz a sua moldagem,
Neste caminho vida, muita coisa tive,
E quero ter, nesta minha vida.
Quero ter, até morrer.

Na nossa fragilidade,
Desta vida que passa a correr,
Como vento que sopra
Como água que corre desesperada
É uma vida cheia de tudo,
Mas muitas vezes uma vida!
Uma vida cheia de nada.

Gentil é a vida, quando…
Nos dá arte de viver...
Uma criança a crescer...
Um sonho de seguir,
Um idoso a sorrir
Um coração a palpitar
Uma história pra contar.
Nem que seja
Uma morte anunciar

Tudo isto é vida!

A vida!
É aquilo que Deus quiser,
Quem somos nós,
Para contradizer.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

DIZEM QUE FEVEREIRO É MÊS BONITO!


Imagem: Zzig.comunidade


F E V E R E I R O


       F evereiro é mês namoradeiro!
       E namorado pelo arraial
       V ai de certo dançar o Carnaval
       E nesta roda viva é o primeiro!
   
      R eza a história que o Valentim
      E ncomendou o cupido d' amor,       
      I nvés de canhão flecha de flor
      R és ao altar, bendito alecrim!

      O h, um dois em um no que dá, sobra um!

"Dizem que fevereiro é mês bonito!"


Dizem que fevereiro tem menos dias,
Mas, na verdade ele é o maior do ano!
Vinte oito ou vinte e nove dias
De inverno que são primavera de outono!

A Chuva casa com o Sol e o Vento
É o padrinho! O padre é o Santo
E a madrinha é a Artérias, um primor!
Dizem horrores das cartas d' amor,

Mas, São Valentim as escreveu
E tamanho milagre aconteceu!
Eis a valentia dum grande amor!

Dizem que fevereiro é mês bonito
E eu acredito que é poesia ao dispor!
Eis o ensaio pra um soneto!

© Ró Mar

A VIDA É UMA VIAGEM




A VIDA É UMA VIAGEM


A vida deve ser vivida
como uma viagem comprida,
em que conheces muita gente.
Tu estás triste ou contente,
queres ou não continuar.
Caso não queiras, é só saltar
e num novo trilho caminhar…
Verás rostos e almas que gostas
e outros que lhes viras as costas,
uns que dás sorrisos e abraços,
que são presentes com laços.
Outros que consideras palhaços
também teimam em participar
nessa paisagem para admirar,
no balanço das ondas do mar…
Voltas e voltas nessa viagem,
num corrupio de uma miragem.
Vais sempre em frente,
umas vezes calmo e dormente,
outras com euforia e contente,
o que interessa é continuar,
sem desistir e sempre acreditar
o que sente teu coração
que bate com determinação
que sente imensa tentação,
na busca de um lindo sonho
onde haja carinhos e amor
e o tempo seja o senhor …

A VIDA É MUITO BELA


Fotografia de Elisa Santos


“A VIDA É MUITO BELA”


Repara, meu amor!
Atrás de cada pedra
A graça de uma flor.
O que é verde medra,

O trigo, azeite a uva;
E quando cai chuva
E borrifa este prado,
Alisa o teu penteado;

A vida é muito bela,
Como rosas em flor
De forte cor amarela!

E à luz leve do azeite,
De noite abracei-te,
E beijei-te, meu amor!

© Alfredo Costa Pereira