sexta-feira, 6 de novembro de 2020

PESCADORES DO MEU PAÍS




PESCADORES 

DO MEU PAÍS


As ondas batem forte no cais
É o temporal que se levanta
No ar fica o grito do arrais
Partindo para nova campanha

Gaivotas chilreiam bem no ar
Como sinal de luta, de despedida
Parecem também elas implorar
Por quem tem tão dura lida

E as ondas batem forte
Levando tudo que encontram
Com sua fúria de morte
Os que se não amedrontam

Baloiços que são traineiras
Onde a vida é incerteza
De almas aventureiras
Que procuram uma certeza

Trabalho. Que é o seu pão
P’ra matarem fome aos seus
Que com grande devoção
Pedem por eles a Deus,

Chora o Ti Zé a Ti Maria
Pelo pai ou pelo filho
Para que este maldito dia
Não seja o último trilho

Mas o mar não acalma é cruel
E lá longe bem distante
Nas águas verdes cor de fel
Tudo acaba num instante

É o filho que perdeu o pai
A mulher que perdeu o marido
É um mundo que se esvai
Num grito sem ser ouvido

E as ondas batem forte
Torcendo ferro e cimento
Deixando homens sem norte
Não se entregando um momento

A noite é escura e nada vê
O pescador que o mar desafia
Mas em tudo isso ele revê
O seu pão de cada dia

E a noite se prolonga
Os minutos não se passam
Cada onda é mais longa
Mais corações despedaçam

O piloto saiu a barra
Que teria acontecido?
Ter-se-ia partido a amarra
Ou alguém já está em perigo?

Ouvem-se então as lamúrias
Das mulheres e dos mais velhos
Rezando. Lançando injúrias
Ou dando mesmo conselhos

Seus olhos estão vermelhos
Vermelhos de tanto chorarem
Mas são fiéis como espelhos
Nas lágrimas de tanto penarem

Com angústia e ansiedade
Eis que rompe um novo dia
E neste cais de saudade
Chegam lágrimas de alegria

Barcos já estão de volta
Os homens estão cansados
Mas neles não há revolta
Por estes perigos passados

O mar ficou mais sereno
Já deixou de ser feroz
Tornou-se até mais pequeno
Por não impor sua voz

Amanhã é outro dia
Nova luta vão travar
De prazer ou de agonia…
Quem poderá adivinhar?

Pescadores do meu país
Tendes raça de Camões
Tendes força de raiz
Tendes grandes corações.

© ARIEH NATSAC

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

NATUREZA BELA E MÁGICA




NATUREZA BELA E MÁGICA

(Poesia sem verbos)


Natureza bela e mágica!
O sol, a lua, as estrelas,
Vida fenomenológica,
Coisas mesmo de novelas!

Natureza bela e mágica!
A película de efeitos
Especiais, mitológica
E tão real seus feitos!

Alegorias poéticas,
Sabedoria pedagógica,
As entrelinhas estéticas,
Natureza bela e mágica!

A singeleza ideológica
perfume mais que ético,
Natureza bela e mágica
À luz doutro dialéctico!

© Ró Mar

A REVOLUÇÃO 3 DÊS


A REVOLUÇÃO 3 DÊS 


Foi você que falou em Revolução,
Foi você que falou em Fraternidade,
Foi você que falou em Igualdade,
Que falou em Liberdade, foi ou não?

Como é que estamos em Descolonização,
Quando ela própria é uma ambiguidade,
Pois que a Europa nos tirou a liberdade
Estando colonizada toda a Nação?

Como é que estamos de Democracia
Com todos os direitos, ditos assegurados
Mas que apenas sabemos mascarados,
Por não terem em si justa garantia?

Como é que estamos de Desenvolvimento,
Progresso de-vento-em-popa para as elites
E uma tristeza de alma sem limites…
Pra não falar do povo à míngua e ao vento?

Revolução, assim Não, muito obrigado:
Arreda Satanás, fora a corrupção!
- Queremos a Liberdade e a Razão,
E nunca os “cravos murchos” deste fado!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

HISTÓRIA E MONUMENTOS


HISTÓRIA E MONUMENTOS


É lindo o Minho em Bom Jesus e no Sameiro
Também Guimarães com orgulhoso castelo
Que o nosso rei, audaz, Dom Afonso primeiro
Com a conquista deu ao mundo a conhecê-lo

Em Trás-os-Montes mostram-nos antas de granito
Douro Litoral tem lindo Douro – estrangeiro –
Beleza eterna perde-se lá no infinito
Vidrado fica, e mais convicto o forasteiro

Na Beira Litoral – Conímbriga, Batalha –
Aljubarrota nossas tropas deram brado
Beira Alta, Viseu, catedral – bela talha –
Guarda fria co’a Sé – Trancoso acastelado
 
Beira Baixa apresenta-nos Castelo Branco
Também sobressai linda e a mais Portuguesa
Aldeia de Monsanto rochosa um encanto
Erguendo-se altaneira; tamanha beleza

Na Estremadura muito haverá para ver
Imponentes castelos e lindos mosteiros
Fizeram nossa história, mais engrandecer
Fazem parte hoje de belíssimos roteiros

Mosteiro dos Jerónimos, convento em Mafra
São obras tão imponentes e colossais
Do nosso orgulho hoje sentimos essa “safra”
Construídos em tempos imemoriais

Ribatejo das lezírias tão extensas
E do arruinado castelo em Santarém
Nas Portas do Sol extasiado tu pensas;
Como é maravilhosa nossa pátria mãe

Lá podes relembrar quem foi tão importante
Figura heroica da história de Portugal
Após descobrir o Brasil – o almirante –
Sepultado aqui, Pedro Alvares Cabral

No Alto Alentejo também vês história
Templo de Diana – Palácio do Ducal
E vem-nos avivar sossegada memória;
D. Jaime orgulho de nobre casa, real

Continuo, porém, narrando excelso encanto
Que podemos ver nas ruínas de Pisões
Também no Baixo Alentejo o trigo é seu manto
Contracenando com castelos e brasões

Em caravelas conseguimos dar o salto
Em Sagres – atrevimento – o mar desventrou
Infante foi o grande obreiro e o arauto
De quem p’lo mundo fora, se abalançou

Partimos sem destino, demos co’a Madeira
E com bastante funcho, em sobranceiro monte
Sobressai do resto o pico do Areeiro
Perante nosso olhar – fica mesmo defronte –

Os Açores também, azuis, logo se avistam
As lagoas realçam das sete cidades
Tantas belezas belas por lá se registam…
São registos históricos quais majestades

Descobrimos Angola também Moçambique
Tivemos que vencer gigante adamastor
P’ra que passados tantos anos glorifique
Nós chegamos à India, Macau e a Timor.

© ARIEH NATSAC

sábado, 3 de outubro de 2020

A MORTE DA SOLIDÃO




A MORTE DA SOLIDÃO


“O drama do poeta”


Já o escreveu Diderot,
Acerca da Comunicação,
“Com ela ninguém está só
E dela nasce a criação”.

Neste mundo mascarado
Com tanta comunicação
Anda tudo embriagado
Envolvido em solidão.

Palavras voam sem fios
Pelas mil encruzilhadas
São como as águas dos rios
Correndo desencontradas.

Ninguém conhece ninguém
Neste coreto virtual
Cada mensagem que vem
Sai frágil como o cristal.

Vê-se p´ la crista da onda
Rolando cheia de espuma,
Que, mesmo esticando a sonda,
Ninguém acha ideia alguma.

Neste mar encapelado,
Em dia e noite com drama,
Voga o poeta angustiado
Numa jangada sem chama.

É certo que não está só,
O seu palco é sua escrita,
Tritura com branda mó
Esta tragédia infinita.

Sonha por dentro e por fora
Alcançar a criação
E procura a cada hora
A morte da Solidão.

É esta a sua jornada,
É esta a sua viagem,
Mesmo sem valer de nada,
Dá sempre voz à mensagem.

Não se trata de um dilema
Mas de uma alma tenaz
Que se mascara de poema
Ficando consigo em paz.

As palavras são companhia
Nas arribas existenciais
Tem horror à fantasia
Que não pode aguentar mais.

Em cada dia que passa,
Mesmo em solitário trilho,
Cada poema é uma graça
E um abençoado filho.

Se não tiver inspiração
Sente-se nu e despido
Mas tem nas veias a emoção
Que lhe dá vida e sentido.

O poeta, em si, é um drama,
É um drama e uma verdade
Se não o sente não reclama
Dele próprio a identidade.

A solidão tem de morrer,
Ela é o seu mal menor,
Dá-lhe força e faz renascer
A Poesia, seu bem maior!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

A CAMINHAR PARA O INVERNO


 Imagem: ZZZoé


A CAMINHAR PARA O INVERNO


Ainda há pouco passei pelo inverno
E não sinto saudade dele!

Ainda há pouco pensei na primavera
E nada a recordar dela!

Ainda há pouco foi verão
E não vi nenhuma caravela!

Agora, que é outono,
Sinto saudades do de outrora
E está mais do que na hora
De sonhar e viver o que não vivi no ano!

Agora, que é outono, não sei se posso pensar...!
Neste final de ano, a caminhar para o inverno,
Não sei se é tempo dele!?

Talvez possa ainda vê-lo partir,
A tempestade há-de passar,
Pois, ao mar quero voltar!

E a caminhar para o inverno
Esperançado de viver outra estação,
Que poderá ser primavera ou verão
Nos dias ensolarados do ano!

Ou outono, tal outrora,
Que me tinha feliz na hora!

A caminhar para o inverno,
Numa longa espera!

© Ró Mar | 2020

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

MÚSICA, IRMÃ DA POESIA




MÚSICA, IRMÃ DA POESIA 


“No Dia Mundial da Música”


Eu canto para ti, ó bela Música,
Tu que és a excelsa irmã da Poesia
E tens todos os dotes da harmonia
Que neste mundo reencarna a estética.

Eu canto para ti, ó diva eclética,
Tu que és a culta irmã da Fantasia
E tens em ti o mistério da magia
Que atrai à Humanidade toda a Ética…

Minha Música, coração da Arte
Nos belos trilhos da sonoridade,
Tu que pela tua justa identidade
Alegras a Natureza em toda a parte,

Tu, Música, a excelsa irmã da Poesia,
Que dás aos poetas a suave inspiração
Sim, Música, és a Rainha neste Dia.

Tu, Música, não és aurora nem ocaso
Mas és a imagem do Eternal Parnaso!
E em cada poema uma onda d´ emoção…

© Frassino Machado

In AS MINHAS ANDANÇAS

SONHOS




Sonhos


Somos todos Seres imperfeitos,
diferentes e únicos
mas todos temos muitos sonhos...
Não devemos guardar esses sonhos.
Devemos lutar por eles…

Vem amor… até mim!
Vem contar-me os teus sonhos!
Vamos os dois unir
as nossas forças cósmicas
para conseguirmos
caminhar felizes
na busca dos nossos sonhos!

Acredita na força dos teus pensamentos
e na concretização dos teus sonhos...
Temos esse privilégio de sonhar
e o nosso pensamento possui asas...
Vamos viver a vida sem medos,
sem amarras algumas,
livres
acredita no impossível,
acredita em milagres,
acredita que os teus sonhos
se vão realizar…

© Bernardina Pinto

sábado, 26 de setembro de 2020

NOVO OUTONO




NOVO OUTONO


Nesta manhã outonal e fresca
As folhas bailam no ar
Desprendidas pelo vento
Que acaba de passar.
Parecem fadas a cantar.
Numa explosão de cores ruivas
Tão vivas, de envejar e ensejar,
Inspiração para passear
De mãos entrelaçadas,
De baixo da luz terna do luar.
Rosas desfolhadas
Formam um sumptuoso e lírico tapete
Enquanto os pássaros arpejam
Ao som de invisíveis realejos.
Toda a paisagem é um pitoresco decor
De cores canções, e emoções,
Que batem forte nos corações.
Convida os mortais
Ao toque, às carícias, e aos beijos.
O tempo morno da estação
Esparge essências outonais
Tão sensuais e aromais
Que deslumbra os mortais.
Multifragrâncias hipnotizantes,
Dulçores florais,
Que a natureza nos transmite com paz
E instiga o sono,
Num abandono fugaz
Ao qual me rendo em dobro.
Numa sinfonia sem igual
Voltejam no horizonte,
Folhas, pássaros e aromas,
Fazendo desta paisagem
A mais mutável e deslumbrante estação
Mosaico cíclico, enche-me de emoção,
Este berço consentido de novas vidas,
Anuncia que chegou sem retardo,
O outono da mutação.

© Naná G.

VIVE E FAZ VIVER...




Vive e faz viver…


Nunca deixes de ser criança
Colhe na vida o que te convém
Uma vida sem esperança
É uma vida sem ninguém

Por isso vive acompanhada
Com todas as amizades
Para a vida ser amada
Colhe nela certas verdades

A vida é um salto de pardal
Todos nisso podem crer
Há momentos sem igual
Onde se colhe nosso prazer

Mas não os poderemos descurar
Para a vida ser bem melhor
Se tu dos outros souberes gostar
Para sempre vais colher amor

A vida pode muito bem ser adoçada
Com esses néctares especiais
Vivê-la de forma adorada
Torna os homens mais leais

Penitencio-me sobre o que vivi
Pelos pecados já cometidos
Mas vos digo que a vida senti
Em momentos do mais queridos

E é por esses belos momentos
Que eu agradeço a ti Senhor
Deste-me belos sentimentos
E no fundo também amor!

© Armindo Loureiro

BRAGANÇA




BRAGANÇA...


Julióbriga seu primeiro nome
Também Brigância deu-lhe Augusto
Imperador Romano de renome
O sobrinho de Cesar achou justo

Destruída p’las guerras, Cristãos, Mouros
Que se digladiaram durante anos
Mais tarde Benquerença teve louros
P’ra D. Sancho I novos planos

Bragança teve honras, feira franca
D. Afonso V fê-la cidade, branca,
Dada a sua altitude e ser fria

Tem um forte castelo a protegê-la
Se for a Trás os Montes podem vê-la
E a Igreja de Santa Maria.

© ARIEH NATSAC

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O TEMPO ESTÁ A MUDAR!


Imagem: Zzig.comunidade


O TEMPO ESTÁ A MUDAR!


O tempo está a mudar!
A estação de outono
Com o vento a acenar
Constrói-nos o trono!

O tempo está a mudar
E que seja pra melhor!
Havemos de vindimar
Pra o reino do amor!

Se setembro traz vento
O outubro tem chuva a dar
E novembro contento,
O tempo está a mudar!

Havemos de ter alegria
Quando o dezembro chegar,
Pois, com toda a poesia
O tempo está a mudar!

© Ró Mar | 2020

AO CAIR DA FOLHA




Ao cair da folha – Outono


Sente-se o aroma do Outono no ar
e de manhã e á noite a refrescar.
Jardins coloridos e folhas a voar
é uma delícia andar agora a passear!

No Outono, novas flores e plantas a nascer
é a beleza da natureza que nos encanta...
É um novo recomeço, esperança para viver,
ás vezes chove e logo cada árvore dança...

As árvores sentem frio com as suas folhas a cair,
em bando, pássaros voam e outros vemo-los partir.
É altura de ver novas cores, outras pinturas surgir
e as pessoas procuram agasalhos para vestir...

O Outono é uma estação linda, colorida, com poesia
onde se sente mudança, outras cores e renovação.
Passear neste tempo é como sentir emoções com alegria,
viver rodeados de beleza e ter muito amor no coração!

© Bernardina Pinto

VIVER ESTA MARAVILHA




VIVER ESTA MARAVILHA


Amo o silêncio das tardes cinzas de outono
O desenho das aves gravados no céu
Imigrando para outras paragens,
A cor de mel que deslumbra o meu olhar.
As manhãs de Setembro,
Invadem-me os olhos,
Adocica-me a boca,
Entra-me pelos poros,
Atravessa-me a roupa
Do corpo e da alma,
Nesta razão de ver
As cores outonais pintadas
De romãs, de uvas, de castanhas
Das chuvas ambientais,
Descida de temperatura,
Cheiro de fruta madura,
Manhãs amenas, memórias,
Num acorde só
Trazido pelo vento e a água
Numa vibração
Sem sombra de mágoa
De rosas brancas e de folhas velhas
Tão jovens foram, como a minha alegria
De viver esta maravilha.

© Naná G.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

AS ALDEIAS E A SERRA




AS ALDEIAS E A SERRA


Como gosto da serra e das aldeias
Levantar-me bem cedo, dos sabores
Verdes pinhais dos cheiros e das flores
Da brisa matinal com que as penteias

Essas mentes libertas que premeias
Co’a humilde nobreza dos alvores
Que vestem a roupagem de outras cores
Onde fervilha o sangue em suas veias

Enches de ar pulmões e presenteias
Qualquer ser citadino sem favores
P’ra mim tua presença são amores
E sinto que estou preso em tuas teias

Nas festas não há lindas nem há feias
Já os moços parecem uns doutores
Levam fatos vestidos com rigores
P’ra conquistarem mais lindas sereias

Senhoras fazem doces e as geleias
Chegam à rua cheirosos os odores
Aguçando apetites dos senhores
Que fazem provas sem ouvirem peias…

Ao longe vejo um rio onde me enleias
Aonde gente – fresca – mata os suores
Saltando dos rochedos sem primores
Em tarde de domingo os recreias

Os prazeres do campo saboreias
Nas toalhas na relva ou cobertores
Pronto está p’ra estômago compores
Com manjares que atacas e anseias

Depois pensas melhor, e calcorreias
A terra onde os braços, ou tratores
Te mostraram o gosto e os valores
E onde a placidez tu chicoteias

Os ímpetos na serra tu refreias
Lá se acolhem rebanhos e pastores
Cães os salvam dos uivos malfeitores
Que fazem deste gado suas ceias

Casas de xisto são lindas ameias
Defendem as pessoas dos horrores
Onde o frio as chuvas dão tremores
E valem-lhe fogueiras quais candeias

Neste lindo cenário de odisseias
As aves, rapineiras, predadores
Olhando lá do alto, aterradores,
Os milhafres as águias eu filmei-as

Belezas naturais; eu desbravei-as
Sol me coloriu com os seus calores
Esqueci por completo as minhas dores
Regressando, saudades eu guardei-as.

© ARIEH NATSAC

XAILE OUTONAL




XAILE OUTONAL


As folhas a descaírem das árvores
É sinal dum outono a chegar,
Época de colher frutos e cores
Olhando o céu que nos quer acenar!

O estio tem os dias contados
Na lenda do luar dum agosto
De laranja-da-baía pelos prados
E nós a vindimar maçãs do rosto!

Num cinza-nevoeiro, que não chove
Nem choverá se nós não cantarmos
De guitarra na mão fado que trove!

E no xaile outonal bailarmos
Ao sabor do vento o que renove
A estação, como é bom sonharmos!

© Ró Mar | 2020

MÊS LINDO DE SETEMBRO!




Mês lindo de Setembro!


Setembro é um mês de mudanças e renovação,
acabam as férias para muitos e vem outras emoções.
Vem o tempo mais fresco pois acaba o Verão,
começa a escola e começam outras preocupações.

São novos colegas, professores, outras alegrias,
matar saudades, voltar a estudar e tentar saber,
dosear novas descobertas, amores e fantasias.
É tempo de responsabilidades e amizades fazer.

Setembro é um mês sentido e importante a valer,
é tempo de renovar coisas e todos os dias aprender.
Os estudos são prioridades que os alunos devem ter
mas sonhar e brincar fazem parte do seu viver…

Tempo de regressar ao trabalho, com boas energias,
caso não o tenha, arranjar outras maneiras de viver.
Muitos partem para outros locais, como andorinhas
para ajudarem suas famílias e outro trabalho poder ter.

 © Bernardina Pinto

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A NOITE...



© Lúcia Ribeiro

MEU DOCE OUTONO


Imagem: ÉVA$iON


MEU DOCE OUTONO


Outono ruivo de névoas brancas
Estação de minh' alma, de beleza ímpar,
Se um dia lágrimas descerem ao meu rosto
Não irei sequer te perguntar,
Não vou pensar no porquê
Apenas nas folhas do Outono vou pensar.
Elas caem no fim do Verão
Para na Primavera se renovar.
Uma árvore, uma flor
Ficam despidas,
A beleza que tinham
Transforma-se em feiura,
Nada fica igual, nada existe para sempre,
Só as aparências e o vazio existem
Simultaneamente e consideravelmente.
Meu doce Outono que colores de ruivo
Todas a Natureza...
No quintal da minha vida,
Sempre aquela música colorida
A velha canção sempre ouvida,
Sempre, sempre a mesma.
Sobre a minha vidraça desce
Tristeza...! Encanto...! Desejo?
Já nem tento entendê-lo,
Trago no peito um gozo incerto,
Uma dor, uma carícia em controverso.
Na Primavera foi doce a espera,
O verão aqueceu meu coração,
No Outono não houve vinda nem retorno,
Que será do meu inverno?
Sem calor, sem amor... que inferno!
Para a mágoa apaziguar
Saio à rua para passear
Na beira do caminho falo sozinha
Com a oliveira que de mim se abeira,
Colho alguns cachos de uva pequenos,
Que pendem de uma videira
E relembro que o Outono está quase a chegar,
Caem as primeiras folhas
Paro para as apanhar,
Já secas, ruivas e amareladas
Fazem um ruído abafado
No chão quando as tento pisar.
Ao redopiar largam no ar
Um cheiro de sono,
Ah doce Outono...!

© Naná G.

O OUTONO ESTÁ NO AR


Imagem: SAi$ONS


O OUTONO ESTÁ NO AR


O outono está no ar
Com os tons da estação
E em nós vem para ficar
Com poesia de coração!

O outono está no ar
Com os frutos no chão
E devemos os apanhar
Com toda a imaginação!

Das árvores ao léu
Outros verdes a brotar
E das folhas moscatel
O outono está no ar!

Dos dias coloridos
Outros ventos a respirar
E das castanhas aliados,
O outono está no ar!

© Ró Mar | 2020

PALHAÇO



PALHAÇO


Quem é aquele que nos faz rir?
Às vezes com vontade de chorar
Quem é aquele que toca e dança?
Quando a sua alma está triste
Quem é o enlevo das crianças?
Quem é aquele que se mascara?
Mesmo sem estar no Carnaval
Todos o conhecemos
Todos nos divertimos com ele
Quantas crianças
Não lhe lembrarão
Filhos desaparecidos?
Quantos dias
Não lhes lembrarão
Dias macabros?
No entanto sua alegria
É contagiante
Mas ninguém se apercebe
Dessas tristezas
Toda a gente lhe exige alegria
Palhaçadas
Ah, mas quantas vezes
Ele chora
Na solidão do seu camarim
Nesse choro
Ele expande
Ele mostra
A sua verdadeira face
Libertando sua alma
Chorando
Chorando
Chorando
Chora palhaço
E diz a toda a gente
Porque choras
Para que haja alguém
Que deixe de rir de ti
Porque na vida
Cheia de risos e abraços
Todos temos um pouco
De palhaços.

© ARIEH NATSAC

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A GRANDE MIRAGEM




A GRANDE MIRAGEM 


“No Dia Internacional da Paz 2020”


Eu vi uma pomba branca
À volta do mundo a voar
Buscando com alma santa
Algum lugar para poisar.

Deu sete voltas e meia
Ramo de paz embicando
E de tristeza ficou cheia
Com seu sonho definhando.

A guerra e o ódio profundo
Com homens a combater,
Ela viu por todo o mundo
Não podendo assim descer.

Viu a fome e viu a peste,
A injustiça e corrupção,
Ela viu doença agreste
E falta de compreensão.

Ela viu crime mascarado
E diferenças abissais,
Viu poder encapuçado
Na incúria dos Maiorais.

Ela viu tanta miséria
Como nunca se viu tanto
E ao ver a coisa tão séria
Ia morrendo de espanto.

Ela viu falsas intenções
E promessas sem cumprir,
E viu nobres Convenções
Com projetos a fingir…

Ela viu enorme pobreza
E a riqueza desbaratada,
Viu bancos de farta mesa
E os pobres sem terem nada.

Seguiu sua rota voando
Mas deixou cair a paz,
Um só dia, apenas sonhando,
Havê-la ou não tanto faz.

Grande, grande é a Viagem,
E um sonhar desiludido,
Mundo-deserto é a miragem
Em busca do tempo perdido!

© Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA

O OUTONO ESTÁ NO AR



© Ró Mar

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

INDECISÃO




INDECISÃO


Quando a vida te pede que decidas,
Que traces teu destino sem ajuda,
O que era certo de repente muda
E tuas decisões ficam perdidas...

Tua mente hesita, mira, estuda,
Tuas certezas morrem e duvidas,
Queres subir, apenas tens descidas
E não lembras de nada que te acuda...

Desejas ser de novo a criança
Cujo pranto era sempre a solução
Que te dava o sorriso e a esperança

Entras no sonho antigo e vês então
Que o destino não é mais que uma dança
Ao ritmo do bater do coração!...

© Carlos Fragata | 2020

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

RITUAL DAS LIBÉLULAS


Ilustração: obra de Rene Cloke


RITUAL DAS LIBÉLULAS


Libélulas de olhos grandes e brilhantes,
Sobrevoam os rios antigos cor de prata.
Saudosas dos beijos de índios amantes,
E reféns dessa, realidade que nos mata.

Libélulas frágeis, divinas, transparentes.
Devolvam-me, esse vosso romantismo.
Beijem-me o corpo nas águas correntes,
Num ritual de xamã, de puro misticismo.

Venham e suguem os meus poros finos,
Limpem-me a alma e meu corpo agora!
Com esses vossos voos, suaves divinos.
Antes que o crepúsculo mate a Aurora.

© Joaquim Jorge de Oliveira

terça-feira, 15 de setembro de 2020

HOMENAGEM A BOCAGE




O DIA EM QUE EU NASCI 


“Homenagem a Bocage” (*)


O dia em que nasci seja louvado,
E tudo quanto existe se exalte
Para que nada ao Universo falte
E possa eu dizer que sou honrado.

Passei, a minha vida, angustiado
Entre a dor de a viver e o seu esmalte,
Naquele sonho em que sofri desfalque
Por nunca o conseguir ter realizado.

Mas eu nasci, cresci e amadureci,
Correndo todo o orbe para aprender
A desbravar, a lutar e a escrever…

Entre o sim e o não daquilo que vivi,
Ficaram versos feitos de verdade
À clara luz do esmero e qualidade…

Bocage sou – e com orgulho serei!
Aquele ser humano qu´ engendrei
De vir a ser pioneiro da Liberdade!

© Frassino Machado

In OS FILHOS DA ESPERANÇA

(*) – Bocage, patrono da «Tertúlia Poética América Miranda»


Manuel Maria Barbosa du Bocage 

nasceu em Setúbal,

a 15 de Setembro de 1765

 

JÁ BOCAGE NÃO SOU 


Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento;
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio de razão seguisse pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria.

Outro Aretino fui ... A santidade
Manchei – Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

© Barbosa Du Bocage

In RIMAS




TERTÚLIA POÉTICA AMÉRICA MIRANDA


ELMANO SADINO (*) – Hino a Bocage


Letra e música de Frassino Machado


Elmano, Elmano Sadino
Tens força de tradição
Nossa alma canta-te o hino,
Com versos do coração.
Elmano, Elmano Sadino,
És sempre a nossa canção!

És poeta nascido sobre o Sado azul
Criaste um modelo de íntegra história
Teus versos correndo p’ lo norte e p’ lo sul
São alma no povo da tua memória.

És poeta do mundo por mar e por terra
Fizeste odisseia por cidades mil
Teus versos de paz e teus versos de guerra,
Vão deste país ao distante Brasil.

És poeta vivido em justa alegria,
Nos ricos, nos pobres, sentiste equidade
Teus gestos, teus gritos em doce harmonia
Abriram caminho para a liberdade...

És poeta guerreiro, teu lema é justiça,
São limpos os cantos que atearam paixões,
Venceste os fantasmas do ódio e da liça
Morando p’ ra sempre nos fiéis corações.

© Frassino Machado

In MENSAGEIRO CANTANTE

(*)  – pseudónimo de Barbosa du Bocage

domingo, 13 de setembro de 2020

DE LISBOA ATÉ AO CABO…


Imagem: Cabo da Roca | Portugal


DE LISBOA ATÉ AO CABO…


Como te admiro Lisboa
Do alto do teu castelo
Aonde o sol te atordoa
Neste cenário tão belo

Desces vaidosa e ladina
Num andar que não ilude
E a Mouraria fascina
Com a senhora da saúde

E aqui mesmo em oração
Onde o fado é mesmo vicio
Na rua do Capelão
Nasceu Fernando Maurício

Seguindo o teu ritual
Na calçada Portuguesa
Onde o Marquês de Pombal
Te alindou com mais nobreza

De amarelo ia ligeiro
Um elétrico atrelado
Onde o comum passageiro
Andava por todo o lado

Alegria não te falta
Mesmo no escuro basalto
Anda e desanda a malta
P’las noites do bairro alto

Onde Camões e Pessoa
Não deixam de ser lembrados
Sua mística ecoa
Entre graçolas e fados

E o lisboeta sussurra
Entre as vielas de Alfama
Com muitos copos e surra
Muita gente se difama

Passo largo, co’a maré
Tem no Tejo um aliado
Cacilheiro leva o Zé
De Lisboa ao outro lado

Quando a noite desfalece
Acorda-se com um café
E muita gente aparece
Nas docas do Cais do Sodré

O dia acorda risonho
Co’o cheiro da maresia
Misturada com medronho
Que serve de anestesia

O bulício vem depois
O barulho dos motores
Onde puxam dos galões
Meliantes e doutores

Mas a cidade se espraia
No meio do sol ou bruma
Tanta calça tanta saia
Que desliza como espuma

Sob a terra ou mesmo em cima
Lá começa o desafio
Cada hora é uma rima
Cada passo um arrepio

Aparece quem trabalha
O que vai sendo tão raro
Desespero se amortalha
Porque o pão está mais caro

Cada vez há mais pedintes
Que não querem fazer nada
Já não fumam os três vintes
Preferem outra pedrada

Por uma linha se desce
Vê-se beleza sem par
No verão mais apetece
Essa mesmo desfrutar

Vem Belém lembrar história
Época dos descobrimentos
É o nosso orgulho e glória
Expressa com monumentos

Em seus jardins se passeia
Há sombra que é muito grata
Bem perto se saboreia
Os belos pasteis de nata

O encanto ainda é maior
Di-lo cético turista
Pois o mar e o seu calor
E a perícia do surfista

Carcavelos e a Parede
S. Pedro mais Tamariz
Deitar ao sol – tudo pede –
Faz muita gente feliz

Do bronze segue-se a noite
Cascais é um mar de gente
Doce brisa é seu acoite
Com um luar diferente

Dois passos mais adiante
Está a boca do inferno
Onde o mar é provocante
Co’a sua fúria de inverno

Seguindo p’la estrada fora
Vê-se a imensidão do mar
Que desbravamos outrora
Para mais longe chegar

Se o vento vem do norte
Faz da estrada um areal
Temos então pouca sorte
Levantou-se um temporal

Tudo tem sua beleza
Sem se conseguir passar
O vento montou a mesa
Com areia pelo ar

Pelos Oitavos ficamos
Onde Hildebrand encalhou
Hoje ainda nos lembramos
P’ra onde o mar o levou

Entre rochas e areais
Estas belezas eu “pincho”
Por serem tão naturais
Marinha, Abano e Guincho

Cada uma é diferente
Entre o mar e os pinhais
Mas aqui seja prudente
Porque as ondas são fatais

Foi aqui neste caminho
A quem o Camões chamou
O mais ocidental cantinho
Do Portugal que cantou

Cabo da Roca mostrou:
Finda a terra o mar começa
Um povo se aventurou
Tendo mundos na cabeça

Aqui findo esta viagem.
Quanta beleza nos toca
Desfrutando esta paisagem:
Lisboa, Cabo da Roca.

© ARIEH NATSAC