quarta-feira, 16 de setembro de 2020

RITUAL DAS LIBÉLULAS


Ilustração: obra de Rene Cloke


RITUAL DAS LIBÉLULAS


Libélulas de olhos grandes e brilhantes,
Sobrevoam os rios antigos cor de prata.
Saudosas dos beijos de índios amantes,
E reféns dessa, realidade que nos mata.

Libélulas frágeis, divinas, transparentes.
Devolvam-me, esse vosso romantismo.
Beijem-me o corpo nas águas correntes,
Num ritual de xamã, de puro misticismo.

Venham e suguem os meus poros finos,
Limpem-me a alma e meu corpo agora!
Com esses vossos voos, suaves divinos.
Antes que o crepúsculo mate a Aurora.

© Joaquim Jorge de Oliveira