
Ilustração: obra de Rene Cloke
RITUAL DAS LIBÉLULAS
Libélulas de olhos grandes e brilhantes,
Sobrevoam os rios antigos cor de prata.
Saudosas dos beijos de índios amantes,
E reféns dessa, realidade que nos mata.
Libélulas frágeis, divinas, transparentes.
Devolvam-me, esse vosso romantismo.
Beijem-me o corpo nas águas correntes,
Num ritual de xamã, de puro misticismo.
Venham e suguem os meus poros finos,
Limpem-me a alma e meu corpo agora!
Com esses vossos voos, suaves divinos.
Antes que o crepúsculo mate a Aurora.
© Joaquim Jorge de Oliveira