quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O CARPINTEIRO


O CARPINTEIRO


Bate bate prego a fundo
Aplaina, contudo, a vida
Nas aparas de um segundo
De uma tábua não perdida

Num formão ganhou a forma
Na fenda que chave deu
Parafuso dá-lhe a reforma
Numa porta que se ergueu

Sua vida, consumindo
Juntou-lhe pó com amor
Entre tábuas foi abrindo
As mágoas da sua dor

Ganham forma as mobílias
As talhas e muito mais
Na força sem quezílias
Labores intemporais

Em cada peça há uma arte
É uma vida espelhada
Que nunca o olhar se farte
Da sua obra acabada.

© ARIEH NATSAC