
O CARPINTEIRO
Bate bate prego a fundo
Aplaina, contudo, a vida
Nas aparas de um segundo
De uma tábua não perdida
Num formão ganhou a forma
Na fenda que chave deu
Parafuso dá-lhe a reforma
Numa porta que se ergueu
Sua vida, consumindo
Juntou-lhe pó com amor
Entre tábuas foi abrindo
As mágoas da sua dor
Ganham forma as mobílias
As talhas e muito mais
Na força sem quezílias
Labores intemporais
Em cada peça há uma arte
É uma vida espelhada
Que nunca o olhar se farte
Da sua obra acabada.
© ARIEH NATSAC