quinta-feira, 24 de setembro de 2020

AS ALDEIAS E A SERRA




AS ALDEIAS E A SERRA


Como gosto da serra e das aldeias
Levantar-me bem cedo, dos sabores
Verdes pinhais dos cheiros e das flores
Da brisa matinal com que as penteias

Essas mentes libertas que premeias
Co’a humilde nobreza dos alvores
Que vestem a roupagem de outras cores
Onde fervilha o sangue em suas veias

Enches de ar pulmões e presenteias
Qualquer ser citadino sem favores
P’ra mim tua presença são amores
E sinto que estou preso em tuas teias

Nas festas não há lindas nem há feias
Já os moços parecem uns doutores
Levam fatos vestidos com rigores
P’ra conquistarem mais lindas sereias

Senhoras fazem doces e as geleias
Chegam à rua cheirosos os odores
Aguçando apetites dos senhores
Que fazem provas sem ouvirem peias…

Ao longe vejo um rio onde me enleias
Aonde gente – fresca – mata os suores
Saltando dos rochedos sem primores
Em tarde de domingo os recreias

Os prazeres do campo saboreias
Nas toalhas na relva ou cobertores
Pronto está p’ra estômago compores
Com manjares que atacas e anseias

Depois pensas melhor, e calcorreias
A terra onde os braços, ou tratores
Te mostraram o gosto e os valores
E onde a placidez tu chicoteias

Os ímpetos na serra tu refreias
Lá se acolhem rebanhos e pastores
Cães os salvam dos uivos malfeitores
Que fazem deste gado suas ceias

Casas de xisto são lindas ameias
Defendem as pessoas dos horrores
Onde o frio as chuvas dão tremores
E valem-lhe fogueiras quais candeias

Neste lindo cenário de odisseias
As aves, rapineiras, predadores
Olhando lá do alto, aterradores,
Os milhafres as águias eu filmei-as

Belezas naturais; eu desbravei-as
Sol me coloriu com os seus calores
Esqueci por completo as minhas dores
Regressando, saudades eu guardei-as.

© ARIEH NATSAC