quarta-feira, 23 de setembro de 2020

MEU DOCE OUTONO


Imagem: ÉVA$iON


MEU DOCE OUTONO


Outono ruivo de névoas brancas
Estação de minh' alma, de beleza ímpar,
Se um dia lágrimas descerem ao meu rosto
Não irei sequer te perguntar,
Não vou pensar no porquê
Apenas nas folhas do Outono vou pensar.
Elas caem no fim do Verão
Para na Primavera se renovar.
Uma árvore, uma flor
Ficam despidas,
A beleza que tinham
Transforma-se em feiura,
Nada fica igual, nada existe para sempre,
Só as aparências e o vazio existem
Simultaneamente e consideravelmente.
Meu doce Outono que colores de ruivo
Todas a Natureza...
No quintal da minha vida,
Sempre aquela música colorida
A velha canção sempre ouvida,
Sempre, sempre a mesma.
Sobre a minha vidraça desce
Tristeza...! Encanto...! Desejo?
Já nem tento entendê-lo,
Trago no peito um gozo incerto,
Uma dor, uma carícia em controverso.
Na Primavera foi doce a espera,
O verão aqueceu meu coração,
No Outono não houve vinda nem retorno,
Que será do meu inverno?
Sem calor, sem amor... que inferno!
Para a mágoa apaziguar
Saio à rua para passear
Na beira do caminho falo sozinha
Com a oliveira que de mim se abeira,
Colho alguns cachos de uva pequenos,
Que pendem de uma videira
E relembro que o Outono está quase a chegar,
Caem as primeiras folhas
Paro para as apanhar,
Já secas, ruivas e amareladas
Fazem um ruído abafado
No chão quando as tento pisar.
Ao redopiar largam no ar
Um cheiro de sono,
Ah doce Outono...!

© Naná G.