ABRIL, DO TEU LEMA ADOLESCER FAZ MOTE
Abril que perfumaste de anil tão palavras a liberdade
E cativastes à terra cristais verde esperança, tonalidade
Que solidificou os múltiplos olhos encharcados de lágrimas
Que provieram de chuvas tão poluídas, teias cardadas à pressão.
Abril, que na semente à mudança pelo cravo de mão em mão,
Teu regaço viu a mão da força que tem uma nação, que teima crescer;
Cantavas de garganta tão afinada Grândola Vila Morena
E o povo que tão aplaudia, mocidade de se ver.
Abril, que quarentão de tantas almas…
Estreito coração que sangra à justiça e à liberdade
Na nitidez de quem sabe que não é mais criança
E sapiente, pois a idade ainda permite, grita à liberdade.
Adolescer é o teu lema e serás amanhecer…
Nas mãos de tantas outras crianças; alvas de esperança
Nascerão, não num cravo qualquer, um cravo de cativeiro,
Cultivado em viveiro pelas mãos sábias de jardineiro.
Abril, que teus anos doirados transcrevem pelas ruas a euforia,
O que vês!? Um sisudo corrimão, muita gritaria…
Passadeira vermelha e tão tresloucada multidão,
Que nem sabe olhar ao tempo outrora!
Abril sai a rua, diz aos netos que vida é agora
Da vida que ainda há em ti semeia o dia em boa hora;
Segue enquanto ainda é tempo, não há outra volta,
Nem mui cedo, nem tarde, em mui boa hora.
Abril corre pelas ruas e ensina o tão cantar liberdade
Sem temer que te cobrem pela identidade;
O teu nome é alvorada que pela teia tece verdade
E as ruas são crus panos que ensejam à mocidade.
Abril, que não tropeces pelo caminho, vai pela rua serena,
Livra-te das chuvas miudinhas, molham;
Livra-te a sonsos olhares, têm oco coração,
Outra versão; Segue… o povo está ao teu lado.
Abril, do teu lema adolescer faz mote…
Compõe uma nova letra, que cantarás de camarote;
Segue o sonho… o povo está do teu lado,
Nem mui cedo, nem tarde, em mui boa hora.
© RÓ MAR