domingo, 15 de maio de 2016

0,4 DE RAZÃO




0,4 DE RAZÃO


Às vezes já não me entendo,
Nem sei mesmo o que pensar!
Se quero ir, se ficar,
Se ouvir música, se lendo,
Se, sem vontade, escrevendo
Coisas à toa sem nexo,
Que me deixam mais perplexo,
Mais baralhado e confuso,
A entrar em parafuso,
Entre o côncavo e o convexo…

Neste meu dúbio viver,
Tendo de fazer opções,
Vejo-me em contradições,
Sem saber o que escolher,
Porque, no fundo, a meu ver,
Por melhor escolha que faça,
Logo a mente me embaraça,
Querendo razões e porquês
E eu fico às duas por três,
Zonzo até que me refaça!

Eu bem queria conseguir,
No meio desta confusão,
Usar de ponderação
E ser firme a decidir,
Sem ter de me redimir
Duma decisão errada,
Que depois de ser tomada,
Já não há nada a fazer,
Apenas reconhecer:
Que era melhor estar calada!

Neste debate comigo,
Que não consigo vencer
E já nem tento sequer,
Dominar este inimigo
Que eu habito e que mitigo,
A sua acção inocente,
Que, pela surra, silente,
Como qualquer coração,
Discute com emoção
A razão vinda da mente!...

José Manuel Cabrita Neves