CHOVE
Chove,
Céu acometido de um pranto incontido
Em bátegas que lavam a alma dos telhados
Precipitando os solos de fecundas incertezas
Chove,
Os pássaros recolhem o canto nos abrigos
Guardam trinadas metáforas nos ninhos
Suspirada esperança num rasgo de claridade
Chove,
O grito do vento reclama forte
No calendário de uma primavera adiada
Vontades suspensas no dia, na hora não anunciada
Chuva,
Ouço-a ecoar no pensamento
Debruçado sobre a melancolia do tempo
Coração batendo em descompassado momento.
© Antero Jeronimo