terça-feira, 17 de maio de 2016

O COMBOIO DA NOSSA VIDA




O COMBOIO DA NOSSA VIDA


Tomámos o comboio da nossa vida, sem destino,
Passamos por várias estações com as paragens
Que a nossa vida nos obriga, só por momentos,
E prosseguimos a nossa viagem com tormentos.

Connosco seguem a viagem nossos pais, entram
Na estação seguinte, os nossos irmãos e amigos,
Até à próxima estação em que ficam nossos pais
Prosseguindo a viagem saudosos e esperançosos.

Por vezes o comboio ameaçou descarrilar, travão
Teve o maquinista de utilizar, foi um dos sustos
Que sempre nos surpreendeu, com tanta emoção,
Acabamos por resistir, sem abandonar o comboio.

A seguir o comboio deixa e recebe passageiros,
Ficam os nossos irmãos, entram nossos amores,
Ficamos apaixonados, sem ter tempo de pensar,
Acabando por nos rendermos ao amor, até casar.

Prossegue a viagem e entram a seguir os filhos,
A que se juntam os netos e os bisnetos, tempo
Que se esgota e nos deixam a viajar sozinhos,
Saudosos e sedentos de notícias e de carinhos.

A meio caminho, o comboio é assaltado e pára.
Somos obrigados a entregar os nossos haveres,
Dinheiro e propriedades, prosseguindo viagem,
Com o destino comprometido, severa viragem.

As duas últimas estações são mais tranquilas,
Não temos mais nada pra perder, o que temos
É para sobreviver, a viagem é então pacífica,
À medida que a última estação está iminente.

A última paragem é definitiva, é o fim da linha,
Perderam-se os sonhos e os bens, é esta a vida.

Ruy Serrano