sexta-feira, 26 de abril de 2019

SEMENTE




SEMENTE


semente
na terra fértil
socalcos do arado
seara ondulante 
ceifeiras de saia rodada
trigo dourado
o pão na mesa
por Deus abençoado 

semente
botão a desabrochar
jardins floridos
pétalas perfumadas
abelha a polinizar
borboletas azuis 
danças ao sol
primavera 
por Deus anunciada

semente do amor
mulher, esperança
no estio da vida
feto fecundo 
filho no ventre
alento no peito
choro de gente
vida
por Deus concebida

sapiência
sementes de ontem
que secaram
pouco a pouco
no silêncio da terra
pés feridos 
nos caminhos
incertos da vida
corpos exaustos
desejos mortos
ponteiros parados
nas horas loucas
lágrimas vertidas
gritos de dor
tocam os sinos
e a semente 
é lançada à terra
para todo o sempre
paz eterna
Deus cuidará 
eternamente

© Lurdes Rebelo

DESEJOS DE ABRIL


Ilustração obra de: Jesus Helguera


DESEJOS DE ABRIL


Neste dia lindo de abril.
Exalto o teu doce olhar,
Sinto o meu corpo febril
E um desejo de te amar.

Nesta manhã primaveril,
Lembra-me a liberdade.
E, esse teu feitiço subtil,
Revelando a eternidade.

Aonde tudo se perpetua,
Muito além do nosso ser
E o brilho perene da lua.

Deslumbra ao escurecer
E, a minha alma e a tua,
Deslumbradas de prazer.

© Joaquim Jorge de Oliveira
 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

ABRILADA



25 DE ABRIL




25 de Abril


O 25 de Abril é sempre novo
vamos brindar à liberdade,
foi uma vitória para o povo
que gritou com felicidade.

É bom o 25 de Abril recordar
pela liberdade continuar a lutar
para condições de vida melhorar
num país que chora a cantar.

O 25 de Abril respira esperança
ainda há muito para mudar.
O povo português espera bonança,
melhoria de vida e bem-estar.

Vamos viver o 25 de Abril com alegria
é uma data que devemos valorizar
também a liberdade é uma poesia
e Portugal continua sempre a lutar.

UM LIVRO, UMA LUZ




UM LIVRO, UMA LUZ  


«No Dia Mundial do Livro
e na aurora de um novo Lançamento»


Um Livro é a primeira pedra de um edifício,
Construído de raiz com fortes alicerces,
E da Cultura o seu mais rico benefício
Do qual emanam mil prodígios e benesses. 

Um Livro é da Arte o seu melhor ofício
E o seu autor é sempre o mais feliz dos mestres
Que, com carinho e amor, e às vezes sacrifício,
Projecta para o mundo a Luz em suaves preces. 

Um Livro é um farol de branca claridade
Em cujas páginas há sementes derramadas
Donde sairão frutos em franca liberdade – 
Alfobre de vida por sendas iluminadas. 

Nele se espelham as palavras e os conceitos
Que se articulam recriando bons preceitos
Num sentimento produtivo a toda a prova…

Livro e autor num diálogo permanente,
Passam como num rio seco por entre gente
Ditando à alma um sonho áureo que renova! 

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

PALAVRAS DO MEU LIVRO!




Palavras do meu livro!
(Dia Mundial do Livro 2019)


No livro escrevo com dor
E tantas vezes sofrida
Também te escrevo, amor
Porque és toda a minha vida

Nele escrevo e nele apago
As palavras com emoção
São quase sempre o afago
Do que sente meu coração

Meu livro que gosto tanto
Em cada palavra a alma
É sempre para ti que canto
E a tua palavra me acalma

Meu livro és meu viver
De como sinto o amor
És também o meu prazer
Da cultura e do valor

Meu livro de pele morena
Trazes-me tanta alegria
Com minha alma serena
De sonhos e linda poesia!

© Maria de Lurdes Cunha

domingo, 21 de abril de 2019

SEGREDOS DE ANJOS


Ilustração obra do pintor francês: Guillaume Seignac. (1870- 1924)


SEGREDOS DE ANJOS


Pousam agora anjos na tua alma,
Delicadamente dentro do teu ser,
Que serenamente agora acalma,
Ansiosa por momentos de prazer.

Neste tempo que Deus te oferece.
Como magistral e divino presente,
E, em silêncio vê, o que acontece!
Quando o tempo fugir de repente.

Tudo aqui termina, dilui, volatiliza,
Restando a magia dum momento, 
Que o teu amor glorifica, eterniza.

Nesse mistério, sublime do tempo.
Que qualquer ser humano valoriza,
Até chegar o seu divino julgamento.

© Joaquim Jorge de Oliveira

O FOLAR DA PÁSCOA




LENDAS POÉTICAS DA PÁSCOA

02 - O FOLAR DA PÁSCOA


Numa amorosa e linda aldeia
Do coração de Portugal
Sempre se contou esta lenda
Tão terna como natural.

Mariana, alva flor do prado,
Das jovens locais a mais bela,
Tinha por hábito apaixonado
Passar os seus dias à janela.

Nas primeiras horas matinais 
Costumava ver um camponês 
Sempre alegre como os pardais.
- Quem sabe? Será ele? Talvez...

Pelas horas quentes da tarde
Muito elegante, a cavalgar…
- Oh, quem sabe aquele, quem sabe?
E o tempo a passar, a passar…

Um, pela aparência, era pobre
Aparentando ser generoso,
O outro, sem favor, era nobre
Mas… parecia presunçoso. 

À sua Santa foi rezar
Que lhe aclarasse o problema
E lhe fizesse deslindar
Todo este difícil dilema.

- Ó minha santa Catarina,
Catarina de Alexandria,
Resolve lá a minha sina
E esta pobre alma alumia.

O aldeão tinha nome de Amaro
E o rico tinha nome de André;
Ao primeiro, vê-lo era raro,
O outro, ninguém sabe quem é…

Aqueles dois, vendo Mariana,
Logo por ela, se apaixonaram;
E, semana atrás de semana,
Chamar a atenção se esforçaram. 

Amaro acenava-lhe com flores
E André, com bonitos sorrisos…
Como ficariam seus amores,
Por estes gestos tão indecisos? 

Travaram-se os dois de razão
E, pra explicar os seus reclamos,
Exigiram-lhe cabal decisão
Até ao Domingo de Ramos.

Mariana rezou à Santa, de novo,
Que clara luz lhe assinalasse
Pois que era filha do povo
E não tinha quem a ajudasse. 

Porque não era fácil de ver:
- Parecia feliz aquele Amaro…
Mas o André? Era rico de morrer!...
Minha Santa, a qual me declaro?

Chegou, porém, o dia fatal,
Domingo de Ramos à porta,
- Ó minha rica Santa… qual?
Tenho minha alma quase morta!

P´ la rua passa uma vizinha
Chamando por ela bem forte:
(Pensou logo: - Oh, coitadinha!)
- Mariana! Estão em luta de morte!

Mariana, todo povo arrastou
E foram-se ao local a correr,
Porque toda ela se amedrontou
Temendo que poderiam morrer. 

Separaram, um e outro, da luta
E foram cada um pra seu lado…
E os dois juraram, por disputa,
Fazer da terra o melhor Bolo. 

Aquele Bolo, por tradição,
Feito de ovos, farinha e flor,
Era apurado com fina mão
E, em toda a aldeia, um primor. 

No Dia de Páscoa, Mariana
Foi à bela igreja da terra
Pôr flores no altar da Santa
Para acabar co´ aquela guerra.

Cada um dos moços chegou
– O Amaro em primeiro lugar – 
E Mariana ao vê-los chorou
Por ver tanto amor a brilhar. 

Ela olhou para um e para outro,
Os bolos eram mesmo iguais:
- Minha Santa, que faço agora?
São bonitos! Fico com os dois!

E ali os três se abraçaram
E prometeram viver em paz.
Comeram juntos e cantaram
Pelos milagres que o Bolo faz.

Mariana olhou pra Catarina
Esta deu-lhe um sorriso claro.
Co´ a sua alma diamantina
Decidiu de vez por Amaro.

Sonharam, logo ali, viver
Confiantes e felizes no lar
E o belo Bolo passou a ter
O nome eterno de FO-LAR! 

Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS

sexta-feira, 19 de abril de 2019

LENDA DO PÃO-DE-LÓ




LENDAS POÉTICAS DA PÁSCOA  


“O4 – LENDA DO PÃO-DE-LÓ”


- Coitadinho daquele Maneta,
Derreado que mete dó!
Exclamou dona Leonoreta,
A ilustre senhora do pão-de-ló.

Depois de vencido em Vizela
O Loison, temendo o Moreira,
Andou fugido de terra em terra
Um pouco sem eira nem beira.

Acompanhado de dois magalas
Foi dormir encostado à ermida,
E ao São Bento deu duas falas
Para que lhe salvasse a vida.

O bom Santo o aconselhou,
Naquela santa sexta-feira,
A perdoar a quem não perdoou
Em primeiro lugar ao Moreira.

- Vai-te prestes daqui embora,
Vai, põe-te a caminho lampeiro
E daqui a cerca duma hora
Estarás à porta do Mosteiro!

E assim lá escapou o Maneta
Não voltando a fazer mais guerra.
Com os seus pôs-se na alheta
Para sossego dos da terra. 

E chegou Loison a Pombeiro
Os frades abriram-lhe o portão
Mas exigiram-lhe, ali, primeiro
Que pedissem ao povo perdão.

- Hoje é Sexta-Feira-Santa
E vais carregar um madeiro
E, antes que alguém pinte a manta,
Darás uma volta a Pombeiro.

O Loison partiu cheio de dor
Com lágrimas e a falar só
E à porta da tia Leonor
Rogou uma fatia de pão-de-ló.

Leonor do Maneta teve pena
Perdoou-lhe o mal com bom modo
E pro consolar da quarentena
Deu-lhe a fatia e o bolo todo.

- Mas… é com uma condição,
E esta é a minha esperança,
Vais fazer a divulgação
Por todas as terras de França!

- Dirás, cada dia, por todo o lado
Que, em qualquer que seja a lide,
O melhor é comer um bocado
De pão-de-ló de Margaride! 

E assim foi, e assim se fez,
De uma forma tão natural,
P´ la fama que lhe deu o francês
Em cada Páscoa há festival.

Foi-se o Maneta, que era demónio,
E ficou pra sempre, tradicional,
O maior doce-património
Que tem marca de Portugal.

Nos dias de hoje ainda se diz
Do pão-de-ló, e não é treta,
Quem o come, desabafa feliz:
- E vai todo para o Maneta!

Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS

FELIZ PÁSCOA - 2019 !!!...




"FELIZ PÁSCOA - 2019 !!!..."


Festivos repicam sinos 
Os Anjos entoam hinos...
Estrelas têm mais luz!...
Os homens louvam a Deus 
Erguendo as mãos aos Céus,
Bendito seja Cristo... Jesus!...

Feliz Páscoa abençoada;
Uma esperança renovada,
Jesus Cristo... ressuscitou!...
O milagre... Deus Pai fez,
E Cristo voltou outra vez,
Junto dos homens que amou!...

Jesus concedeu seu perdão 
E aos homens deu a benção,
Quis mais uma vez acreditar...
Que reina a Paz e o Amor;
Que ELE Jesus... Nosso Senhor,
Regressou para nos salvar!...

Santa e Feliz Páscoa... Irmãos;
Sejam ateus... ou não cristãos,
De cores ou etnias diferentes!...
Todos em coro numa só voz;
Que Deus proteja todos nós.
Com a Paz e Amor presentes!...

FELIZ PÁSCOA



© Lúcia Ribeiro

AS AMÊNDOAS




LENDAS POÉTICAS DA PÁSCOA

03 – AS AMÊNDOAS


Quem não ouviu falar de amêndoas
Muitas vezes em sua vida?
São das mais populares prendas
Em tradição enriquecida.

O que é doce nunca amargou
Diz o povo com matreirice
O próprio diabo delas gostou 
Tão grande é a sua gulodice…

Dá-se amêndoas a quem faz anos,
Dá-se amêndoas em qualquer festa,
Põem-se amêndoas nos arranjos
E nenhuma criança as contesta.

Dá-se amêndoas aos convidados,
Aos noivos amêndoas se dão,
E pra atingir tais desideratos
Tem-se amêndoas sempre à mão.

E se há votos de felicidade,
Saúde, riqueza e muito mais,
Pra desejar a longevidade
Dá-se amêndoas a todos os casais.

Conta uma lenda ancestral
Que uma jovem de nome Fhylis
Se apaixonou de forma tal
Que queria casar e ser feliz.

Ela sonhou co´ o rei de Atenas
Mas este, em Tróia, guerreava:
E com tantas mágoas e penas 
O tempo que tinha escasseava.

Aquela guerra durou, durou,
E Dirceu deixara a promessa
De voltar, mas nunca voltou
Ficando a boa Fhylis possessa.

Os deuses todos lamentaram
A sua angústia e choradeira
E de imediato, a transformaram
Numa vistosa amendoeira.

A árvore até no inverno floria,
Cada ramo seu era uma trança
Que o cabelo de Fhylis parecia
Como se fora uma esperança… 

Num certo dia, finalmente,
Dirceu voltou arrependido
E perguntou a toda a gente
O que à Fhylis teria acontecido.

Apontaram-lhe uma amendoeira
Que não tinha flores nem fruto.
Abraçou-se a ela de tal maneira
Com o seu coração de luto.

Tantas lágrimas derramou,
E tanta força lhe imprimiu
Que toda a copa ressuscitou
E de amêndoas se cobriu.

Aquela gente se espantou
Por este milagre tão grande
E diziam uns para os outros:
- Venham elas, Deus as mande!

Se as amêndoas são um milagre
Que pode curar toda a dor
Acabe-se tudo o que é vinagre
Por esta esp´ rança e este amor…

Frassino Machado

In AS MINHAS ANDANÇAS

PÁSCOA É TEMPO DE RENASCER!




Páscoa é tempo de renascer!


Páscoa é tempo de luz e união
É uma quadra linda para se viver
Com a família e amigos no coração
E alegrias e muitas bênçãos ter.

Jesus devemos sempre lembrar
Neste tempo de reflexão e alegria
Morreu e foi para o céu ficar
Foi por amor a nós que sorria. 

Páscoa é tempo de receber
Mimos para alegrar o coração
Atenções para todos devemos ter
E partilhar alegrias com feição.

Ovos de páscoa convém oferecer
Folares e carinhos temos de dar
Familiares e amigos não esquecer
O melhor do teu coração partilhar!

PEREGRINA SOU



domingo, 14 de abril de 2019

NAS ASAS DE MORFEU !!!...




"NAS ASAS DE MORFEU !!!..."


Nas asas de MORFEU... adormeci!...
Dormi a eternidade num segundo,
Foi o sono do cansaço que sofri;
P´la minha passagem pelo mundo!...

Breve passagem cheia de escolhos,
Que procurei dificilmente ultrapassar...
Ruíram todos os sonhos ante meus olhos;
Montanhas jamais possíveis de escalar!...

MORFEU... este meu sonho acompanhava,
Retalhos do passado e do presente...
Do futuro o meu sonho ele guiava;
Projectando uma visão na minha mente!...

Percorri o espaço infinito... intemporal...
Vivi essa aventura ilusória e de magia;
Num sonho tão fantástico como real,
Inspirado pelas Musas ou p´la Poesia!...

Pedaços ou retalhos duma vida,
Se perdeu ou diluiu pelo espaço...
A força de vencer foi extinguida;
Pela desilusão da vida... p´lo cansaço!...

© António Cláudio

DOMINGO DE RAMOS




I – DOMINGO DE RAMOS
“A passarela da Ilusão”


Pela fresca alameda perfumada
Entre lânguidos prados geminados
Encaminhei meus passos apressados
Na linha da Basílica avistada.

Estava próxima a hora combinada
E em todo o lado ramos espalhados
Por braços estendidos ofertados
Mas vendidos depois à descarada.

Se o Nazareno Mestre aqui passasse
Qual seria a maior das reacções 
Se tal escandaleira observasse?

Voariam pedregulhos aos montões
Não ´ stranhando qu´ alguém ali finasse
Acabando p´ ra sempre os vendilhões!

*

II – O FILHO DE DAVI
“A crença Messiânica”


Gente de todo o lado em grande polvorosa
Com verdes palmas e ramagens agitadas
Esperava o Rabi numa ânsia generosa
Sentada aqui e além nas bermas das estradas.

Sob o calor do sol em cima de um jumento
Ao longo da Judeia sempre cavalgando
O filho de José sentiu-se num momento
Estando entre os homens como que reinando.

- Ó Filho de Davi, gritava entre hossanas,
Aquela esfomeada e imensa multidão!
- Aqui estou, minha gente, eis-me aqui por Bem!

O Mestre conhecia o quanto desumanas
Eram as falsas marcas de tão vil paixão…
E, em vez de riso, foi chorar Jerusalém!

© Frassino Machado
in VIA CRUCIS

sábado, 13 de abril de 2019

ESPERANÇA DE ABRIL


Ilustração obra de Lee Bogle


ESPERANÇA DE ABRIL


Os teus olhos vivos cor de ciúme.
Beijam ávidos a nova primavera,
Que destila no soneto o perfume,
Fragrâncias, divinas de outra era.

Agora! És a mulher, sábia e bela.
Lembrança desse jardim proibido,
És, pintura delicada de aguarela,
Resgatada no éden já esquecido.

És volúpia, transparente, e subtil.
Escondida no teu invólucro mortal,
És beleza radiante do mês de abril.

A cor rubra dos cravos de Portugal,
Reduto de esperança que vi, em ti.
Cada ser, mais humano, mais igual.

sábado, 6 de abril de 2019

INCONSTANTE PRIMAVERA



MAR IMPONENTE...




MAR IMPONENTE...


Ao contemplar o mar imponente
apercebo-me que somos apenas partículas
deste mundo em transformação
em constante mutação...
Ao olhar o horizonte, que está para além do mar
assumo a minha condição de ser humano.
Fecho os olhos e imagino que gostava de ir 
para lá do horizonte, ver outras coisas, 
conhecer novos lugares e pessoas
e outros modos de viver!
O mar transmite-me muita paz, tranquilidade,
ouço uma música especial 
e fico retida com a sua beleza e poesia...
Quando estou contigo junto ao mar, 
que sussurra de mansinho, 
parece que ouvimos os seus queixumes
e segredos que só ele tem...
Sentimos uma paz interior enorme,
é um lugar que ambos gostamos estar,
de mãos dadas, sem falar...
apenas a contemplar a magnitude da paisagem,
que nos transmite sensações e palavras
que servem apenas para sentir e reter no coração!
Mas, o mar também é rebelde, imenso e impaciente.
Tal como nós, o mar tem também duas maneiras de ser!
O mar fascina-me tanto que retenho a sua imagem...
Fecho os olhos, por uns momentos
e capto a sua beleza e imponência
para a levar comigo, para me dar forças no meu dia a dia, 
e é ele que constitui o equilíbrio na minha vida...

ALVORADA


Imagem: Nature, Love and Art


ALVORADA


Amo no campo o manso do verde,
As copas das árvores no arvoredo.
A vida que ele emana; a luz, sua mana;
Tudo que o urde e por mim clama.

Muito me alegra o que tenha terra. 
A erva, montes e silvados; amoras,
Abelhas do mel, doces e finos ribeiros,
E inteiros minutos em que as horas,
Memórias, de mim desenterram.

Farnel que descerra as cortinas
E as colinas que meus olhos leem,
É a mais bela escrita; vista p' lo Pardal.

"Estendal que criem; sendo seu no horizonte..."

No solo partilham a água da fonte,
O pôr do Sol lá no poente.
O nascente, deixam que me pertença,
Não sendo pretensiosos...
- A alvorada pode ser de todos.

E ociosos de liberdade,
Deixam também que me invada,
Com digna indiferença, 
Os sons, onde a madrugada,
É minha por natureza.

© RAADOMINGOS

TEMAS DUM FADO ANTIGO !!!...

 


TEMAS DUM FADO ANTIGO !!!...


Um fado para ser fado,
Tem de falar de desgraça!...
Do que foi bom no passado;
E nos fadistas de raça!..

Falar no bom carrascão,
Nos faias e nos rufias...
Na rua do Capelão;
No Amor e valentias!...

Falar nas mulheres da vida,
Na miséria e na dor...
E até na mulher perdida,
Que se matou por Amor!...

Falar nas grandes noitadas,
Nos fadistas e guitarras...
Nos pifões e sardinhadas,
Nas boémias e nas farras!!!...

Falar num toiro matreiro,
E dum cavalo qualquer...
E talvez dum marinheiro,
Que apunhalou a mulher!...

Nos filhos abandonados,
Num pai que foi p´ra gaiola...
Nos garotos maltratados,
Na rua pedindo esmola!...

Falar da Lisboa antiga,
Nas toiadas e esperas...
E reforçando a cantiga,
Volta a falar doutras eras!...

Deve falar do Entrudo,
E no amante enganado...
Só misturando isto tudo,
Teremos então um fado!...

© António Cláudio
 

segunda-feira, 1 de abril de 2019

SENTIRES



PERDÃO



Perdão


Devemos a todos perdoar
Porque Deus é que pode julgar
Preconceitos temos de nos libertar
Para viver felizes e poder amar.

Por muito que te custe, perdoa
A tua alma fica mais descansada
Mesmo que o teu coração doa
Vive a sorrir a tua caminhada.

O perdão é uma grande virtude
Temos de ser superiores a intrigas
O importante é sempre a tua atitude
Perante a vida, sê leal sem mentiras.

Ama a todos com consideração
E não deves os outros julgar
Porque o amor vem do coração
Não te arrependas em perdoar.

MUITAS VEZES NÃO SOMOS “AMOR”




MUITAS VEZES NÃO SOMOS “AMOR”


Partiu
Era o fim da caminhada
Poucos sabiam quem era
Poucos, e em silêncio, o seguiam
De rostos tristes
Algumas lágrimas
Talvez irmãos
Talvez filhos
Talvez netos
Talvez amigos
Teria família?
Terá tido uma vida digna?
Terá ouvido alguma vez as palavras:
"Gosto de ti"
"Fazes-me falta"
Terá sentido o calor de um abraço?
Qual terá sido o seu último sonho?
Terá sido realizado?
E o seu último desejo?
Adormecido e em paz
Segue agora para a nova morada
Pronta a acolhê-lo
Com muita Luz, Paz e Amor

Muitas vezes não somos AMOR
Somos outra coisa qualquer
Não tenhamos receio de distribuir sorrisos, afetos e abraços
No meio de tantas incertezas, o "fim" é a única certeza que temos em nossas vidas.

POESIA, ESSÊNCIA DA VIDA




POESIA, ESSÊNCIA DA VIDA


“E todo, porque si, 
salferido de poesía. 
Porque na poesía queda
todo o que queda 
despois de peneirar a vida.
É dicir: a súa esencia.”

© Toño Núñez, poeta galego

Em toda a Natureza existe uma harmonia,
Caldeada de emoções e de justo sentimento, 
Mas existem também dores, penas e fantasia
Que nos faz da humana vida sentir lamento.

Importa peneirar a vida, no dia-a-dia,
Como revela o poeta, pelo seu talento,
Demonstrando que, para a vida, a poesia
É só por si a única essência e alimento.

Só quem é poeta, no acto de peneirar
Com a sua energia e sensibilidade,
Apura – entre o que é banal – e sem vacilar
Aquilo qu´ a vida tem de valor e qualidade. 

É p´ la poesia que se acha da vida a essência,
É p´ la poesia que se encontra da vida a alma,
Aquela alma que dá luz e transcendência
E qu´ aos humanos traz o lenitivo e a calma.

Cada verso, poema, ou canção, dão à Vida
Tudo o que a faz uma Odisseia acrescida! 

© Frassino Machado
ODISSEIA DA ALMA

CISNE NEGRO !!!...




"CISNE NEGRO !!!..."


Cisne... tem negras as penas;
Que Deus lhe deu ao nascer!...
Negras são as minhas penas;
Que vou tentando esquecer!...
Vai nadando em águas mansas,
Modesto... e sem ambições 
Só de cantar tem esperanças,
Se ouvirem suas canções!...
Cisne negro... que nasceu,
Numa lagoa perdida...
Negro com penas cresceu.
Cisne negro... toda a vida!...
Passou a vida a sonhar;
Que sua voz iam ouvir,
Levou a vida a grasnar...
Hoje canta;
Pois sabe que irá partir... !...
Nasceu... mudo foi seu viver...
Diz a lenda: "... que só canta,
Quando está para morrer..." !...