A MEIO DA VIDA
Vou percorrendo a vida e cada hora
Acrescento novo pranto à dor antiga;
Nasceu minha alma em jeito de mendiga,
Enquanto os outros folgam, ela chora.
Quantas vezes tropecei, caminho em fora,
E sempre me valeu a mão amiga
Do Deus que me acompanha e me fustiga
Na cruz duma amargura redentora.
E julgam-me feliz (ai, olhos baços!)
Porque me ouviram a cantar e a rir.
Manto de seda a esconder um trapo!
Ó Senhor da renúncia dos meus passos,
A Ti, ao menos posso não mentir
Vê, o meu coração é um farrapo.
© Frei Mário Branco