SEM FRONTEIRAS
Junto aos rios de Babilónia
Junto aos rios do mundo inteiro
Deus me disse, sem cerimónia,
Um homem nunca é estrangeiro!
Eu olhei para o céu azul
Que enche de luz a terra inteira
E desde o Norte até ao Sul
Eu nele não achei fronteira.
Eu olhei para o vasto mar
Até à praia derradeira
E nele não pude encontrar
Algum traço como fronteira.
Olhei o buliçoso vento
A percorrer a terra inteira
Sem encontrar impedimento
Nem obstáculo nem fronteira.
Vi também a florir as rosas
Não querendo saber de fronteiras
Vi-as igualmente formosas
Sem se sentirem estrangeiras.
Vi as aves livres a voar
Sobre todos os continentes
Vi-as partir, vi-as voltar,
Às fronteiras indiferentes.
As fronteiras não são divinas
E por isso Deus as não quer
Deus só quer gentes peregrinas
Por tudo o que é lado a viver.
Os homens são todos Irmãos
Por isso não são estrangeiros
E, muito mais que cidadãos,
São filhos de Deus verdadeiros.
Religiões, raças e línguas,
Não fazem ninguém estrangeiro
Os homens, co´ as próprias mínguas,
São cidadãos do mundo inteiro.
Junto aos rios de Babilónia
Junto aos rios do mundo inteiro
Deus me disse, sem cerimónia,
Um homem nunca é estrangeiro!
© Frei Adelino Pereira
In DIÁRIO POÉTICO