A VELHA FONTE
Olhei, corria fresca a água cristalina,
Na fonte onde recordo a infância com saudade,
Onde até na pobreza havia felicidade,
Onde até na carência a fome se combina…
Todo eu era inocência ainda em tenra idade,
Olhando ao meu redor que o verde predomina,
Nas searas de arroz a luz do sol s’ inclina,
A dourar as espigas cheias de vaidade!
Recordo os passarinhos de manhã em bando,
Poisavam sobre a seara mas eis senão quando
Para os afugentar lá estava alguém a ver…
Com os braços abertos, o velho espantalho,
Sem sequer se mexer la faz o seu trabalho,
Enquanto isso na fonte eu ouço a água a correr!...
© J. M. Cabrita Neves | 2021