domingo, 12 de junho de 2016

SANTO ANTONINHO




SANTO ANTONINHO 


“Florinhas da juventude”


Sto. António, Sto. Antoninho, 
Eu não te sabia finório
Pão com sardinhas e vinho
Levavas do refeitório.

No convento eras Fernando
Vinhas pra rua com vinho
Co´os amigos, feito malandro,
Sto. António, Sto. Antoninho.

Dinheiro não o havia,
Metias-te num peditório
E de quantia em quantia
Eu não te sabia finório.

Depois ficavas alegrote:
Com um simples tostãozinho
Embrulhavas num pacote
Pão com sardinhas e vinho.

Guardião por ti passando
Com uma cara de velório
Adivinhou, magicando:
Que levavas do refeitório.

E tu não te descoseste
Abriste o teu burel rico:
“São pãezinhos - logo disseste
E uma aguita pro manjerico”.

-“Naquele saqueta velha,
Cheira-me a sardinhas e pão
Se m´enganas com a botelha
Já me não escapas da mão”.

-“Não há crise, ó frei Abade,
O vinho não há-de faltar
E eu não fugi à verdade
Que a água é p´ra se lavar.

- Já agora, vinde daí também,
Que isto é tudo malta fixe,
Damo-nos todos muito bem
E o Ofício que se lixe…”

-“Vá, por hoje fica assim,
Também quero uma sardinha,
Que é que m´importa a mim
Se tu andas nesta vidinha!”

E assim, com estas florinhas,
Seja lenda ou invenção, 
Os teus pães e as sardinhas
Estão vivos na tradição.

E tu, com a tua calma,
Como filho do povinho,
Assumiste de corpo e alma
O nome de frei Antoninho.

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA