domingo, 19 de junho de 2016

UMA POUPA EM VIAGEM...


Poupa (Upupa sp.), ou boubela, poupão, poupa-pão e poupinha, é o nome comum dado às três espécies de aves upupiformes pertencentes à família Upupidae e género Upupa. A distribuição geográfica das poupas é vasta e inclui todo o Velho Mundo, desde a Europa às zonas tropicais da Ilha do Porto Santo (Região Autónoma da Madeira) Em Portugal, a poupa pode ser observada em todo o território continental e no arquipélago da Madeira. Sabe-se que algumas populações são nómadas, mas o seu estatuto de ave residente ou migratória é ainda indefinido.



Uma Poupa em viagem…


Um dia, já la vai muito tempo
Uma Poupa nos acompanhou
Que beleza de momento
Quando no navio ela poisou

Foi de Lisboa a Ponta Delgada
De vez em quando ia dar uma volta
E por nós foi bem alimentada
Era uma ave que ia à solta

No tempo que ali passou
Pelos marujos foi amada
Era uma ave de que se gostou
No alto mar não havia mais nada

Entrou connosco em Lisboa
Saiu quase a chegar ao porto
De Ponta Delgada coisa boa
Fez um voo bastante torto

Não sei se estava enjoada
Ou se não gostou da alimentação
Mas por todos foi bem tratada
Enquanto a viagem durou

São lembranças do passado
Que me vem à memória
Para mim é um belo dado
Poder contar esta história

Sinal de que não estou senil
E que gosto da brincadeira
Venham daí histórias mil
Que isso não é nenhuma asneira

Tenho memória de elefante
É o que dizem amigos e familiares
Lembro sempre aquele instante
Que passei ao longo dos mares

Mares da minha juventude
Que sulquei com outra gente
As sereias e a sua virtude
Jamais de mim alguém as sente

Não porque não as tivesse procurado
Mas porque elas não apareceram
Senão tinha passado um bom bocado
Mas seus amores não aconteceram

E a Poupa acabou por desaparecer
Com a terra à nossa vista
Talvez seu amor estivesse a espairecer
E ela foi à procura da sua conquista

Voou em pleno dia
Em direcção à terra segura
Talvez levasse a alegria
Dum futuro que se augura

É normal acontecer
Em qualquer animal
A procura do prazer
Que no oposto não tem igual

Custa-me ver certas situações
Que de aberrantes me chateiam
Não vou nesse tipo de paixões
Meu coração elas não enleiam

Era uma Poupa na verdade
Poderia ter sido outra ave
Daquele tempo sinto saudade
Porque a verdade em mim cabe!

Armindo Loureiro