O RIO DAS TENTAÇÕES
“Início da Quaresma”
Tentações, tentações, um rio de Tentações…
Tentações, tentações, quem é que as não tem?
A água turva deste Rio, donde é que ela vem
Sempre puxada pela corrente das paixões?
Elas jorram tão só dos vazios corações
E, sobrevoando com as asas de ninguém,
Sulcam pelos oásis, daqui e dalém,
Em busca das promessas e das ilusões.
Uma embusteira voz ecoa pelo deserto
Levando pela trela as almas solitárias
Com suas vidas desvairadas e contrárias
Entrando em labirintos de destino incerto:
- Neste oásis pedregoso – primeira tentação –
Diz a estas pedras que se transformem em pão!
- Vai-te, nem só de pão o homem vive. Não!
- No alto desta montanha – tentação segunda –
Dar-te-ei tudo se me fizeres adoração profunda!
- Vai-te, para bem longe, ó víbora imunda!
- Do alto desta Torre – tentação terceira –
Atira-te! Os teus Anjos agarrar-te-ão à primeira!
- Vai-te! Só a mim adorarás! Sai da minha beira!
As Tentações … Será que elas esmorecem?
Não. Como num Rio, elas sempre permanecem!
© Frassino Machado
ODISSEIA DA ALMA