AS MINHAS PEDRAS
São pedras…
pedras no meu caminho
que eu adoro contemplar
quando fico só comigo
e me sinto mais sozinho.
Parecem todas iguais…
iguais às outras demais
mas só para quem vai apressado
as pisa desgovernado
e sem nenhum ressentimento
porque isso não é delito
mesmo que as possa magoar.
Para mim…
para mim são tão distintas
e nenhuma é igual
porque as amo, afinal.
Nelas sinto o que vejo
deixo o seu coração falar com o meu
para fluir a fantasia
e chegar onde quiser.
Há gente que as pinta
que as pinta numa tela
como se elas fossem gente
dessa gente como nós.
O retrato foi tirado
para imortalizar
a excelência de uma pedra
que não parece igual às outras
apesar de ser igual.
O poema já foi escrito
no final de uma tardinha
ele fala dos afetos
dos afetos destas pedras
destas pedras que são minhas
e que a brisa as poliu
para eu as ver melhor.
© Agostinho Silva