quinta-feira, 5 de março de 2020

UM CASO DE AMOR


Imagem: Joli COEUR


UM CASO DE AMOR


Nos teus lábios de veludo soletrarei letra a letra o teu nome (...)

Nunca chegamos a dizer na íntegra por palavras aquilo que sentimos, na verdade sentimos mais do que o que podemos exprimir, não obstante exprimimos por gestos ou atitudes mais do que o que imaginávamos.

Quando amamos... amamos e ponto final. Num terno abraço soletramos letras inimagináveis e poucas são as palavras que proferimos. Preferimos olhar frente a frente e lermos-nos, decifrando-nos e decorando a cor dos olhos, o que num outro dia dará cor às lágrimas, sentimentos tais como: a saudade de ter o tal olhar presente, que simbolicamente reaviva o quanto fomos amantes.

Num caso de amor existe uma panóplia de sílabas a decifrar, que nunca chegarão a ser totalmente desvendadas porque só pode mesmo existir amor-paixão enquanto houver segredos a descobrir. Eis o grande segredo do amor, que muitos de nós deitamos por terra por ter pressa de amar esquecendo o que o amor pode reservar.

Nas nossas línguas há palavras mais felizes do que outras e também há as que pendem para os dois lados, o caso da palavra amor (um caso de amor). Que verbo tão regular e em simultâneo tão complexo, que dá voltas e mais voltas no tempo e permanece imutável! Que sentimento tão intenso, indefinido e infinito que amarra corações e desprende sensações sem nunca revelar o segredo de fazer parar o tempo, nuns supostos ponteiros que determinam a plenitude e equilíbrio de corpo e alma num espaço que tem tanto de lunático que nos leva a ver estrelas onde elas não existem!

No nosso caso, o tempo do amor não tem tempo para as palavras, mas, há um tempo concreto e definido virado para nós, que nos acena de frente... e em frente vamos nós escrevendo uma porção de palavras (umas com nexo outras sem), só para dizer ao mundo que nos amamos (palavras que nunca te disse).

Enquanto for o nosso tempo de amar, é nos teus olhos que meus segredos se tornam amantes e nos teus lábios de veludo soletrarei letra a letra o teu nome (...).

© Ró Mar