Lembrando Natais de outrora…
Nunca fomos todos à mesa
Porque nem todos existíamos
Mas na mesa houve sempre beleza
Porque em maioria sempre resistíamos
Hoje, as coisas são diferentes
Porque alguns começaram a partir
E em seus novos lares todos contentes
Acabaram por de cá desistir
Mas nem todos partiram da mesma maneira
Pois alguns acabou-se o seu tempo
Não sei porquê, apetecia-me dizer uma asneira
Pelos motivos que eu lamento
Primeiro foi o nosso pai
E aí foi um descalabro total
Mesmo a quem a seus sai
Acaba por jamais ser igual
Depois o artista do Grupo
Que nos deixou antes do tempo
Quem o levou merecia um apupo
E também o meu lamento
Por fim há alguns dias
A nossa querida mãe
Tiraram o resto das alegrias
Quando a vida assim se esvai
Custa muito estar sozinhos
E eu que sou só e a mulher
Faltam as corridas dos meninos
É Natal para quem souber
Natal que brincadeira
O que eu não gozava em pequeno
Não era por esta ou por aquela asneira
Que o clima interno não era ameno
E então, até aos meus dez anos
Que era o tempo de mais dificuldade
Todos os existentes se sentiam ufanos
É desse tempo que tenho saudade
Depois fomos crescendo
E partindo daqui, para fora
A Guerra que agora não entendo
Levou os rapazes… Foram embora
Alguns por lá ficaram
Jamais aqui vieram
Mas os nossos sempre voltaram
Só foram embora porque quiseram
Ou então para cumprir
Com aquilo que é a lei da vida
Outro lar, outro sentir
Nova vida de forma sentida
E agora o que dizer
Se a vida é mesmo assim
Há que no pouco sentir prazer
E do pouco estar afim…
Armindo Loureiro