sábado, 26 de dezembro de 2015

UM VIZINHO SORTUDO




UM VIZINHO SORTUDO 


Estar hoje com bom aspecto
Dá sempre ar de boa vida
Ou se há um novo projecto
Logo há festa apetecida.

- Vê-se que teve bom Natal
E bons sabores com afecto
Pois será mesmo natural
Estar hoje com bom aspecto.

- Acha qu´ é dessa festança?
E se for coisa parecida
Ao haver qualquer mudança
Dá sempre ar de boa vida…

- Conte lá, ó amigo Zé,
Não se mostre contrafeito,
Duvido que seja o que é
Ou se há um novo projecto…

- Qualquer negócio que haja
Acho qu´ é coisa divertida,
Daquelas de fazer inveja,
Logo há Festa apetecida.

Este amigo, Zé Qui Tolis,
Quase sempre muito sisudo
Está agora, ao ser feliz,
Com cara d´alguém sortudo…

Pois isso mesmo aconteceu:
Saiu-lhe ontem a Lotaria
Que todo ele envaideceu
Ao entrar em euforia.

- Com que então, não dizia nada,
Eu não tenho nenhuma inveja,
A quem saiu a fornada
O maior bem se lhe deseja…

- Não foi nada de especial.
Nem sequer anomalias, 
Apenas saldará afinal
Do Natal as iguarias…

E assim o amigo Zé Quitolis,
Sem ser um milionário,
Não passa do que se diz
Mas tão só imaginário.

O ter sorte ou não ter sorte,
Em convenção informal,
Para o fraco ou para o forte
É um negócio assaz banal.

Num sorteio de emoções,
Que a vida humana molesta,
Morrem sempre os corações
Haja ou não alguma Festa!

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA